O que faz uma marca realmente entrar na vida de uma pessoa? Em um cenário em que consumidores são expostos a milhares de estímulos todos os dias, construir diferenciação não pode mais estar atribuída apenas ao produto. Hoje, as marcas que se conectam conseguem através de uma boa narrativa, contar histórias que ressoam, que pulsam e que se conectam de forma genuína com as pessoas.
Segundo o Edelman Trust Barometer, 81% dos consumidores afirmam que precisam confiar em uma marca para decidir pela compra. E como construir confiança? Com certeza não vem de uma publicidade bem feita, e ponto. Ou de um único produto que não considera a experiência de compra. A confiança é construída com base naquilo que você vive e escuta sobre uma marca.
Sabemos que o consumidor busca pertencer, seja a um contexto, comunidade, movimento, e assim por diante. Olhando para o nosso Brasil, o poder das narrativas de marca, que enxergam toda nossa riqueza cultural e diversidade, é um terreno fértil para despertar pertencimento com verdade. Histórias vazias não perduram. Até funcionam, mas o que mantém essa conexão é a verdade da marca. Quando uma marca consegue se inserir em um contexto se conectando verdadeiramente, seja através de símbolos, expressões artísticas, tradições, manifestações culturais ou do que mais fizer sentido para o seu contexto, ela não só ganha relevância, como também amplia sua legitimidade. Mas o jogo não está ganho.
Não à toa, o estudo GAD Insights 2025 reforça esse movimento ao mostrar que apenas 3% dos brasileiros declaram ter relações significativas com alguma marca, revelando um enorme espaço para construir vínculos genuínos em um mercado saturado de mensagens superficiais. Essa conexão não tem a ver com modismos, mas com autenticidade: a forma como a marca se posiciona diante do que é significativo para as pessoas.

Para além do produto: gerar valor cultural e social
Algo que aprendi é que o consumidor busca marcas que ofereçam muito mais do que um bom produto. Ele procura experiências, representatividade e valores que estejam alinhados à sua visão de mundo. Nesse sentido, são essas narrativas consistentes que permitem que a marca atue como uma plataforma de impacto cultural e social, multiplicando vozes e ampliando repertórios.
Casos recentes no mercado global mostram que campanhas que trazem histórias reais, de comunidades, artistas ou de pessoas comuns, aumentam 23% a intenção de compra, segundo a Nielsen. Isso acontece porque o consumidor não quer ser apenas um mero espectador, mas parte de uma conversa muito maior, que faça sentido para sua vida. É nesse espaço que a narrativa se transforma em uma ponte entre o desejo e o pertencimento.
Ao refletir sobre minha jornada, entendo que toda essa potência das narrativas está justamente em unir diferentes universos em uma mesma história, criando espaços de reconhecimento e de diálogo. Quando a marca assume essa função de tecer narrativas que refletem valores verdadeiros e dá luz ao que de fato acredita e pratica no seu dia a dia, ela constrói não só reputação, mas também uma relevância duradoura. Lembrando que o contrário também é válido - construir narrativas sem o conhecido "walk the talk” é hoje um caminho inviável. Não há margem para pretender algo, precisa praticar.
Quando olhamos para a riqueza do nosso país como terreno de histórias, há um papel ainda mais potente a ser desempenhado. Contar histórias que celebrem nossa criatividade, nossa pluralidade e nossa cultura é também um caminho para fortalecer a autoestima coletiva e valorizar talentos locais. Isso gera impacto econômico, mas, sobretudo, emocional - e é esse impacto que marca gerações.
No fim, acredito que toda marca que se propõe a contar histórias precisa se perguntar: quais são as minhas narrativas, que me tornam proprietário, único e que, acima de tudo, moldam a maneira como construo meu trabalho, meu impacto e minha história? Não acredito que vale a pena pretender, gosto de acreditar em marcas que são e fazem.
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