O avanço da inteligência artificial generativa já provoca mudanças significativas no Marketing brasileiro. A tecnologia vem sendo aplicada para personalizar jornadas de clientes, automatizar tarefas repetitivas e aprimorar a experiência em eventos corporativos.
Este escopo tecnológico foi debatido no painel “O avanço da IA generativa no Marketing”. Gustavo Segre, CMO da SAP Brasil, Izabelle Macedo, CMO do Google Cloud para a América Latina, e Caetano de Pádua, especialista em IA na Rede D’Or, trouxeram exemplos práticos de como a tecnologia está deixando de ser um conceito técnico para se tornar parte do cotidiano das equipes de Marketing.
É notável que a tecnologia está alterando fluxos de trabalho, elevando a eficiência das equipes e transformando a experiência de clientes em eventos e campanhas. A principal mudança, contudo, é o deslocamento do papel do profissional: menos execução repetitiva e mais foco em curadoria, estratégia e criatividade.
Na SAP, a aplicação da IA já permite a hiperpersonalização de jornadas no B2B. A partir da análise de milhares de interações digitais, os contatos são pontuados e recebem fluxos de comunicação adaptados ao seu interesse. Isso torna o momento humano de contato comercial mais eficiente.
“O profissional de Marketing consegue ser muito mais estratégico. Mesmo lidando com milhares de pessoas ao mesmo tempo, a interação se torna mais relevante e personalizada”, explica Segre.
No Google Cloud, a ênfase está no uso da IA como ferramenta de cocriação. Izabelle Macedo destacou que a tecnologia ajuda a reduzir tarefas repetitivas, como a elaboração de briefings e copies para redes sociais, liberando tempo para o trabalho criativo.
“A IA não é o fim, mas o meio. Ela elimina etapas operacionais e permite que os times concentrem energia no que realmente importa: pensar em ideias e personalizar conteúdos para públicos específicos”, afirma Izabelle.

Extensões da IA
O escopo da tecnologia vai muito além das convencionais paredes dos escritórios de Marketing. Eventos corporativos surgiram como campo fértil para a aplicação da IA. Convites customizados, mapas de calor que identificam tópicos mais procurados, matchmaking entre visitantes e patrocinadores e avatares interativos são exemplos já em uso.
A SAP tem utilizado a tecnologia para personalizar convites com base em dados públicos e informações de ciclo comercial, enquanto o Google aposta em experiências imersivas que aproximam público e produto.
Apesar do entusiasmo, os debatedores ressaltaram a necessidade de cautela. Um dos riscos é a homogeneização do conteúdo, quando a tecnologia é usada sem curadoria. “O público percebe quando uma mensagem é artificial e padronizada. A autenticidade precisa ser preservada para que a comunicação seja efetiva”, observa Macedo.
Outro ponto recorrente foi a ética. Empresas abraçam diretrizes rígidas para mitigar vieses, proteger dados e monitorar o impacto ambiental dos modelos. Neste processo, a transparência será decisiva para a reputação das marcas: “Não se trata apenas de eficiência. É preciso garantir que o uso da IA respeite princípios de responsabilidade e privacidade”, afirma Segre.

A metamorfose do profissional de Marketing
Tarefas consideradas triviais para humanos, como interpretar emoções e tomar decisões subjetivas, ainda representam grandes desafios para a IA. Por outro lado, cálculos avançados e análises em grande escala são facilmente executados por máquinas. Essa inversão, explicou, altera os conjuntos de habilidades que os profissionais de Marketing precisam desenvolver.
Neste ritmo, a era da IA será menos sobre respostas prontas e mais sobre a capacidade de formular boas perguntas. Do lado profissional, o pensamento crítico aparece como uma competência indispensável. “A criatividade, daqui para frente, está em fazer o briefing certo, em dar o input certo. A IA é tão boa quanto a pergunta que recebe”, crava Pádua.

Os fluxos de trabalho também passarão por transformações. Se antes campanhas seguiam uma lógica quase “fordista” — briefing, brainstorm, execução, aprovação e entrega —, a IA permite que equipes cheguem mais rápido a versões prototipadas, cortando a síndrome da página em branco. Isso encurta etapas, mas não elimina o papel humano: “A diferença é que já entramos na discussão em um nível mais alto, com mais insumos e caminhos possíveis na mesa”, reflete o especialista.
O futuro, projetam os participantes, será marcado pela hiperpersonalização em escala, pela otimização dos orçamentos de Marketing e pela formação de novas gerações de profissionais aptos a integrar tecnologia e criatividade. “A tecnologia vai nos permitir criar soluções únicas para cada cliente, mas cabe ao Marketing garantir autenticidade e relevância em cada interação”, finaliza o CMO da SAP.
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