Novos tempos exigem novas soluções, e novas soluções passam por novos aprendizados. A demanda por conhecimentos frescos, compatíveis com a atual realidade ditada pela Inteligência Artificial, vem movimentando as engrenagens do mercado educacional, que precisa se ajustar às necessidades profissionais de alunos que buscam por um lugar ao Sol na nova era tecnológica.
Neste cenário, manter a relevância de uma instituição de ensino centenária pode parecer uma missão quase impossível. Mas para Rodrigo Irineu, Diretor de Marketing e Novos Negócios do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo e protagonista do último CMO Agenda, o desafio serve como um motor para a inovação. “Estar à frente de uma empresa que está fazendo 100 anos é um desafio enorme, tanto em termos de posicionamento, de manter um legado, como de poder contribuir para os próximos 100 anos”, afirma.

Desde 2019, a Belas Artes passou por uma profunda modernização liderada pela CEO Patrícia Cardin, que abriu espaço para a profissionalização da gestão e trouxe Rodrigo para a linha de frente. Com mais de 15 anos no setor educacional, ele assumiu um papel multifuncional, unindo as frentes de Marketing, vendas, produtos, customer success (CS) e novos negócios. O foco: construir uma ponte sólida entre tradição e inovação.
A estratégia de Rodrigo começa por um princípio inegociável: o aluno no centro. A introdução da área de Customer Success na instituição exemplifica bem essa filosofia, uma novidade no universo educacional, mas corriqueira em empresas de tecnologia. “Tudo que a gente pensa em termos de melhoria é centrado no aluno. É como transformar a jornada dele e prepará-lo, de fato, para o futuro”, destaca.
A ideia é apoiar o estudante antes, durante e após sua jornada de aprendizagem, além de reforçar parcerias institucionais. Essa lógica de foco no usuário é acompanhada por uma disciplina rígida com a análise de dados, disciplina pela qual Rodrigo se declara “obcecado”. O valor informativo dos números e dos testes são a espinha dorsal do planejamento de uma instituição que deixa pouco espaço para a ansiedade operacional.
“Sempre que decidimos apostar em alguma mudança, aplicamos uma abordagem estruturada e montamos uma matriz simples: o que será feito, quando será feito, qual o resultado esperado e como vamos medir. Toda ideia de melhoria é bem-vinda, desde que venha acompanhada de propósito e um plano de execução. Costumo repetir uma frase que ouvi de colegas de Marketing: 'uma bacia com mil ideias vale dez centavos'. O valor está na execução consistente, não na quantidade de sugestões aleatórias”, adverte.

IA como motor de transformação
Rodrigo lidera um movimento ousado: colocar a inteligência artificial como parte do currículo dos alunos. Em parceria com a Adapta.org, a Belas Artes criou uma disciplina exclusiva para os cursos de comunicação que ensina a usar IA como ferramenta de criação, apoio e desenvolvimento de projetos.
“Quando o movimento da inteligência artificial ganhou força, entendemos rapidamente que precisávamos incorporá-lo ao currículo dos nossos alunos. Embora exista um receio natural de que a tecnologia possa, em alguns casos, substituir empregos, encaramos a IA como mais uma ferramenta, assim como já foram o Corel, o Photoshop e tantas outras ferramentas que revolucionaram a prática profissional”, comenta.

A proposta não é simplesmente usar a IA para fazer trabalhos ou gerar conteúdo pronto. O objetivo é que a ferramenta funcione como um ponto de apoio, um “parceiro virtual” capaz de colaborar na concepção de projetos, desenvolver ideias e expandir habilidades que, muitas vezes, nem mesmo profissionais experientes são capazes de desenvolver sozinhos.
“Ao ensinar os alunos a usarem IA, destacamos um ponto essencial: não basta pedir uma ‘campanha de Marketing’ genérica ao ChatGPT e esperar algo relevante. É preciso fornecer contexto, objetivos, dados e direcionamento claro. Só assim o resultado será realmente útil e aplicável. A IA funciona como um acelerador de ideias, mas o pensamento crítico e a criatividade continuam sendo insubstituíveis”, explica o Diretor.
Aprendizados aplicados na prática
Há seis anos à frente do Marketing da Belas Artes, Irineu acumulou aprendizados significativos ao lidar com o segmento educacional e com o perfil específico de público atendido pela instituição. A experiência acrescenta peças valiosas a uma já rica bagagem construída ao longo de 15 anos, marcados pela gestão de negócios e públicos bastante distintos.
Ao ingressar na instituição, o Diretor percebeu rapidamente que era fundamental compreender a essência da Belas Artes e as reais necessidades de seus alunos. Para ele, essa compreensão não se alcança apenas com dados de campanha ou métricas de performance. É preciso ir além: realizar pesquisas qualitativas, analisar comportamentos e, sobretudo, manter o hábito de ouvir o aluno.
“Alguns valores permanecem inalteraveis na Belas Artes. Um deles é manter o aluno no centro de tudo. No dia a dia, ele é o nosso cliente, e todas as decisões de melhoria, seja o que fazer ou como fazer, são guiadas por esse foco. Outro princípio fundamental, ligado diretamente à criatividade, é a nossa responsabilidade de prepará-lo para o futuro. Não se trata apenas de transmitir conteúdo, mas de transformar sua jornada formativa em algo que impacte verdadeiramente sua vida”, afirma Irineu.

Mesmo com a complexidade de comandar diferentes áreas, Rodrigo mantém uma gestão prática e relacional. Ele atribui sua confiança nos líderes a uma combinação de liberdade com responsabilidade. “Tenho gestores com quem falo uma vez por semana e eles tocam o bumbo. Eu confio porque sei da capacidade de entrega de cada um. O líder precisa entender o quanto cada pessoa pode entregar, sem sufocar.”
Essa proximidade, finaliza o Diretor, gera um ambiente de inovação saudável. “Prefiro trabalhar com pessoas felizes. Às vezes, meia hora da nossa reunião semanal é pra falar do final de semana, da família, dos memes no grupo do WhatsApp. Isso é uma coisa que nos permite ganhar o jogo.”
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