Os primeiros passos na carreira determinam muita coisa. O ritmo de aprendizado, o gosto pelo trabalho, a facilidade com determinadas habilidades e a dificuldade com outras; no começo, todo profissional está se descobrindo ao mesmo tempo em que descobre o ofício. Ao longo dos anos, alguns fatores se estabelecem, outros voltam a ser questionados, alterados ou adaptados. Bons profissionais nunca deixam realmente de aprender, especialmente em áreas que requerem constante atualização, como marketing e tecnologia. Qual é, então, o papel das empresas nesses processos? Muitos gestores pensam que nem existe um papel a cumprir, que é preciso contratar pessoas formadas e prontas para agir. É uma maneira de atuar, claro, mas não é a única e certamente não é a que, necessariamente, traz melhores resultados.Digo isso porque faço parte de uma training company e sei o quanto a formação interna de talentos faz diferença. Para quem não sabe, training company é uma empresa que aplica capacitações, cursos e demais treinamentos para seus colaboradores, ou mesmo para profissionais externos dentro da sua área de atuação. Por mais que existam ótimas instituições educacionais com conteúdos essenciais para formações diversas, há também muita coisa que só se aprende na prática. Por isso, training companies conseguem oferecer conhecimento especializado e único, alinhado com o mercado de trabalho e em dia com as demandas do momento. Empresas com esse posicionamento beneficiam os profissionais, a própria área e a si mesmas. No primeiro caso, porque os trabalhadores passam a ter um local seguro para aprender e se sentem valorizados e motivados ao criarem novas perspectivas para suas carreiras. No segundo caso, porque isso ajuda a estabelecer talentos, o que leva o setor a se desenvolver. No terceiro caso, porque todo treinamento ou capacitação será criada a partir das necessidades da própria companhia, o que faz com que os profissionais envolvidos correspondam particularmente bem aos objetivos da empresa.Vale mencionar que há uma variedade de possíveis habilidades a serem treinadas e que elas não precisam (nem devem) ser apenas hard skills, ou seja, habilidades técnicas. Elas são necessárias, logicamente, mas as soft skills — habilidades comportamentais — também são. É preciso estratégia para determinar as melhores ofertas de aprendizado em uma training company, mas um fato é que a combinação de soft e hard skills é o ideal. Como mencionei no começo deste artigo, as pessoas não param de aprender. Portanto, uma training company nunca deixará de ser importante para seus colaboradores, mesmo os mais antigos. Dito isso, é ainda mais relevante para aqueles que estão iniciando ou fazendo transição de suas carreiras, e pode ser até mais benéfico para a empresa, também. Quando só se contrata talentos já formados, eles vêm com hábitos e vícios de outros negócios. Cada um aprende de uma forma, afinal. Ao contrário, quando se contrata iniciantes e os forma, o conhecimento já será ensinado com a metodologia e formato que funciona melhor para a sua empresa. É possível, ainda, que juniores criem uma conexão e um senso de pertencimento maior com a companhia, justamente por ser o ambiente que os está oferecendo desenvolvimento. Ser uma training company requer investimento, de tempo e dinheiro, bem como uma cultura voltada para o ensino e para o aprendizado, o que significa que paciência e espaço para erros precisam fazer parte do dia a dia. Talvez não seja realmente para toda e qualquer empresa. Mas, para aquelas que topam o desafio, os resultados são imensuráveis, tanto da porta para dentro quanto da porta para fora. *André Palis, colunista do Mundo do Marketing, é sócio-fundador da agência full service Raccoon.Monks. Em 2021, a Raccoon passou por um processo de fusão e agora faz parte da holding global S4 Capital. Em 2022 a empresa passou a se chamar Raccoon.Monks
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