<p class="titulomateria">Profissionais brasileiros ganham espaço e respeito no exterior</p> <p>Por Thiago Terra<br /><a href="mailto:thiago@mundodomarketing.com.br">thiago@mundodomarketing.com.br</a></p> <p>Trabalhar no exterior não é privilégio somente para os atletas brasileiros que se destacam em suas categorias. Atualmente, cresce o número de profissionais de Marketing com carreira internacional e está se tornando comum encontrar um brasileiro trabalhando no departamento de Marketing na sede de grandes empresas multinacionais.</p> <p>Um dos grandes problemas para falar destes profissionais talvez seja encontrá-los. Fuso horário diferente, muitas tarefas e reuniões dificultam a vida de quem quer conhecer um pouco mais sobre a história destes profissionais. Os executivos de Marketing que vivem no exterior sabem da importância de adquirir experiência fora do Brasil, mas não esquecem a comida e sentem saudades do clima tropical.</p> <p>O que se nota atualmente é que no Brasil as empresas caminham no mesmo patamar que as companhias internacionais em estratégias de Marketing e, para alguns, é superior em criatividade, porém os brasileiros ainda precisam investir mais em estrutura. Hoje, os profissionais brasileiros que estão ganhando a vida no exterior são muitos e o maior problema é encontrar espaço em suas agendas para uma entrevista.</p> <p>Alguns profissionais brasileiros procurados pelo Mundo do Marketing não tinham espaço para entrevistas por conta de seus compromissos. Entre eles, Reynaldo Naves, que assumiu recentemente o cargo de Diretor Internacional de Marketing e Comunicação Corporativa da Accor Services, empresa do grupo <a href="http://www.accor.com.br" target="_blank">Accor</a>.</p> <p>Além dele, Paulo Kakinoff está comandando da Alemanha um comitê de desenvolvimento de Marketing para a <a href="http://www.volkswagen.com" target="_blank">Volkswagen</a> em todo o planeta e Ricardo Fort completa 10 anos de Coca-Cola Company, onde ocupa o cargo de diretor de Marketing da <a href="http://www.cocacola.com.br">Coca-Cola</a> Brasil desde setembro de 2006, depois de quatro anos na matriz da companhia, em Atlanta, EUA. Lá, Fort ocupou por último o cargo de diretor Global de Futebol.</p> <p><span class="subtitulomateria">Diferença social dita comportamento<br /></span><img class="foto_laranja_materias" style="float: right;" title="Profissionais brasileiros ganham espaço e respeito no exterior" src="images/materias/Carlos_Werner_Samsung.gif" border="0" alt="" width="194" height="254" />Um dos fatores de maior evidência entre os mercados do Brasil e de países estrangeiros desenvolvidos é a diferença na pirâmide social. No Brasil as classes C, D e E são a maioria, sendo mais influenciados por publicidade na TV. Na Inglaterra, por exemplo, as classes A e B comandam o consumo e os clientes ingleses são mais bem informados, mais exigentes e convivem em um mercado mais maduro.</p> <p>“O brasileiro é acostumado a ser mal servido e os nossos preços são mais caros. O leque de opções de produtos na Inglaterra é maior, assim como o poder de compra”, aponta Carlos Werner (foto), Diretor de Marketing da <a href="http://www.samsung.com.br" target="_blank">Samsung</a> em entrevista ao Mundo do Marketing. O executivo tem experiência de quatro anos na Europa, onde trabalhou na Ford e na Bosch.</p> <p>Werner chegou ao velho continente em 2000, na França, e lá começou a traçar sua carreira internacional. O mercado europeu tem mais verba e opções de ações de marketing enquanto no Brasil o consumidor chega com menos informação sobre um produto no ponto-de-venda. “Aqui no Brasil a TV tem apelo mais forte e a propaganda é mais popular. Lá é difícil ter desequilíbrio de preço entre os PDVs, já no Brasil é preciso pesquisar em diversas lojas porque a diferença de preços é grande”, afirma Werner.</p> <p><span class="subtitulomateria">Brasil X Exterior</span><br /><img class="foto_laranja_materias" style="float: left;" title="Profissionais brasileiros ganham espaço e respeito no exterior" src="images/materias/Claudinei_Santos_ESPM.jpg" border="0" alt="" width="150" height="230" />Partindo do princípio de que o Marketing é global, no Brasil este setor está inserido no primeiro mundo. De acordo com Claudinei Santos (foto), Diretor de operações e coordenador de gestão estratégica da Pós-Graduação da <a href="http://www.espm.br" target="_blank">ESPM</a>, o estrangeiro que vem trabalhar no Brasil encontra mais dificuldade do que o brasileiro que vai se aventurar no exterior. “Nós sabemos mais deles do que eles de nós. A informação é a diferença básica entre os mercados e isso nos dá um conhecimento maior”, diz o professor ao site.</p> <p>A diferença entre o comportamento do consumidor no Brasil e nos países estrangeiros varia de acordo com cada região, principalmente pela disponibilidade e distribuição de renda. “Não dá para comparar o comportamento do consumidor estrangeiro com o do Brasil porque cada país tem uma realidade própria, mas os hábitos de compra são parecidos”, acredita Santos.</p> <p>Segundo Carlos Werner, da Samsung, as diferenças aparecem em momentos diferentes, de acordo com o que levamos em consideração. “Estamos fazendo trabalhos às vezes mais completos e criativos do que eles. Mas lá o investimento ainda é maior que no Brasil”, compara.</p> <p><span class="subtitulomateria">Novos tempos, velhos problemas</span><br />Preconceitos com brasileiros e profissionais latinos ainda existem nos mercados de países desenvolvidos economicamente. Mas esta realidade é bem diferente da que havia há alguns anos. “Na equipe da Bosch na Inglaterra havia diversos estrangeiros, quase todos da Europa. Trabalhei com indianos, africanos, homossexuais e mulheres através de um programa de aceitação de outras culturas”, conta o Diretor de Marketing da Samsung.</p> <p>Assim como em qualquer lugar do mundo, o brasileiro é visto com simpatia e com os profissionais deste mercado não é diferente. Porém, o fantasma do preconceito ainda assombra os brasileiros menos capacitados. “O brasileiro ainda não oferece mão-de-obra tão qualificada e, por isso, alguns acabam trabalhando em restaurantes ou conseguem empregos com remuneração mais baixa”, diz Werner ao site.</p> <p>Atualmente o fator que faz um profissional de Marketing brasileiro buscar horizontes estrangeiros é principalmente a experiência adquirida. Diferente de oito anos atrás, quando Werner chegou à Europa. “Quando fui para a Europa a conversão da moeda estrangeira para a brasileira era de oito para um. Era muito dinheiro. Só que o aluguel lá é muito caro”, lembra o executivo da Samsung.</p> <p><span class="subtitulomateria">Cultura congelada e sem sal</span><br />O tempero e o arroz com feijão brasileiro podem até ser oferecidos no exterior, mas a diferença com o que é feito aqui é notável e faz com que a saudade aumente a cada garfada. “O clima frio e a comida me davam muita saudade do Brasil. Fora isso, não sentia muitas dificuldades e o ambiente de trabalho foi muito bom. A falta de sol e o frio acabam afetando porque o inverno é muito longo e depois de seis meses de céu fechado dá vontade de sair de lá”, avalia Carlos Werner.</p> <p>A adaptação à cultura local é o grande problema para os brasileiros no exterior, segundo o professor da ESPM, Claudinei Santos. As multinacionais são cada vez mais parecidas e o inglês já é uma língua usual do mercado. “O problema é adaptar-se a cultura local porque hoje o profissional já domina a língua. Somente os mais jovens podem encontrar maiores dificuldades”, conta.</p> <p><span class="subtitulomateria">Marketing para todos os gostos</span><br />As diferenças com relação ao desenvolvimento das estratégias de Marketing tupiniquins e as que são feitas no velho continente, ou ainda da terra do Tio Sam, não chamam a atenção no caso das multinacionais. “As estratégias de Marketing das grandes companhias são muito parecidas tanto aqui como lá fora, assim como o lançamento de produtos. Comerciais internacionais são veiculados aqui também. Portanto, a prática do Marketing no Brasil ou no exterior é muito parecida”, analisa o coordenador da área de gestão estratégica da ESPM.</p> <p>Pensar que ações e campanhas desenvolvidas no Brasil não poderiam ser aplicadas em países desenvolvidos - e vice-versa – não são necessariamente verdades absolutas. “O tema de uma campanha e a linguagem usada deve depender do país e da cultura. Se lançarem uma campanha baseada em Samba num país onde não conhecem o samba, não vai adiantar. As estratégias devem estar ligadas à cultura local”, conclui Santos.</p> <p>*<em> Atualizado às 15h30</em></p>
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