A busca por novos desafios, maior alinhamento com propósitos pessoais, oportunidades de liderar processos de inovação, ou, simplesmente, a vontade de respirar novos ares. Todos estes fatores contribuem para a literal “dança das cadeiras” no Marketing, uma dinâmica cada vez mais visível e impactante na rotina de empresas e profissionais.
Por um lado, o trânsito de CMOs e C-Levels pode oxigenar as organizações, que passam a contar com diferentes expertises e visões de negócios; por outro, cada troca de liderança deve ser acompanhada de estratégias claras de integração e alinhamento cultural. Afinal, os primeiros 90 dias de um CMO podem definir o futuro de uma marca ou comprometê-lo de forma silenciosa.
Essa foi a premissa do painel “Os primeiros 90 dias: Desafios do CMO recém-nomeado”, realizado no CMO Summit 2025, que reuniu Fabiola Menezes (General Mills), Luciana Fortuna (Cultura Inglesa) e Leonardo Queiroz (Cruzeiro do Sul Educacional).
Carregando experiências semelhantes em jornadas recém-iniciadas, os profissionais apontaram desafios comuns ao início de uma nova etapa profissional, destacando pontos de atenção para executivos “novatos” em um novo ambiente. “Um CMO precisa funcionar como catalisador de mudanças já desejadas, destravando projetos que muitas vezes estavam represados por falta de apoio ou ambiente para inovação”, opinou Queiroz.

Primeiros passos
Há pouco mais de 100 dias na cadeira de CMO da General Mills, Fabíola Menezes explicou que o primeiro passo para o profissional recém-contratado é entender profundamente o novo negócio e claro, o consumidor. “Cheguei na véspera da Festa Junina, principal sazonalidade para a companhia. Meu papel foi mergulhar nos dados, ouvir o time e estruturar um plano de 100 dias para mapear o mercado, o portfólio e, principalmente, o comportamento de consumo”, destacou.

A história de Luciana Fortuna, CMO da Cultura Inglesa desde fevereiro, é parecida. Ao ocupar a cadeira, a profissional enfrentou o desafio de adaptar experiências de setores distintos Vinda de uma década no CNA, ela trocou a informalidade de uma rede de idiomas por uma associação sem fins lucrativos com 91 anos de história.
“Não é um copy-paste. Precisei entender o legado da marca para desenhar novas estratégias. [Em ambos os casos] o objetivo é captar alunos, mas cada detalhe, do tom de comunicação à operação de franquias, tem especificidades que pedem respeito à história e abertura para ajustes graduais”, afirmou.

VP de Marketing e Vendas no Cruzeiro do Sul Educacional desde abril, Leonardo Queiroz, apostou no modelo de construção coletiva nos primeiros 60 dias de trabalho: “Minha função não é chegar com respostas, mas ajudar o time a organizar as vantagens competitivas e reposicionar a marca como valor, saindo do discurso tradicional focado apenas em preço”, explicou.
Para ele, um CMO precisa funcionar como catalisador de mudanças já desejadas, destravando projetos que muitas vezes estavam represados por falta de apoio ou ambiente para inovação.
Gestão de time: proteger o que funciona e abrir espaço para o novo
Mais do que planos prontos, os primeiros 90 dias de um CMO pedem abertura para escuta, coragem para ajustar rotas e clareza para engajar o time em torno de um propósito de crescimento que sobreviva aos ciclos de liderança. “Ao chegar, meu papel foi ajustar a estrutura para ter gente pensando o futuro, sem descuidar da operação imediata”, contou Fabíola.
Alinhar a equipe de forma rápida e eficaz também foi um objetivo para Luciana, que precisou “apertar os parafusos” do processo de captação em pleno pico de matrícula. “A prioridade foi destravar gargalos: o problema não era geração de leads, mas a conversão. Organizamos etapas com os times de Marketing, comercial e operações para bater a meta”, narrou.

Na Cruzeiro do Sul, a estratégia do novo VP passou por valorizar quem já estava na casa. “Prefiro realocar talentos do que substituir. O foco é redesenhar a jornada, montar squads que misturem competências e tirar as barreiras da estrutura verticalizada, ganhando velocidade sem perder engajamento”, disse Queiroz.
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