Um vídeo bate 10 milhões de visualizações. O nome do criador começa a pipocar no X, nos grupos de WhatsApp e nos stories de celebridades. E aí? Contrato? Espero? Ignoro?
Se você trabalha em uma empresa ou agência e, em algum momento, vai lidar com influenciadores digitais — seja no marketing, no comercial ou até no atendimento — é bom entender que nem todo viral se transforma em influência duradoura. E que, por outro lado, toda grande audiência começa em algum lugar.
Nesta coluna, a gente analisa os dois principais perfis de influenciadores em ascensão e os cuidados (e oportunidades) de apostar em alguém que ainda está “em formação”.
Do zero ao milhão: dois perfis de influenciadores em ascensão
Nem todo criador começa igual. No universo dos influenciadores em ascensão, existem dois perfis que merecem atenção:
1. O que viralizou do dia pra noite
Aqui entra o perfil como o da Jennifer, da “Janela do Avião” — um exemplo recente de alguém que teve um vídeo viral com repercussão nacional e, em pouco tempo, estava fazendo campanhas para marcas como Magazine Luiza. Esse tipo de criador ganha muita visibilidade rapidamente, mas nem sempre está preparado para lidar com a demanda, os contratos ou mesmo com a criação de conteúdo sob encomenda.
2. O que vem se formando aos poucos
Esse já passou por dezenas de testes, erros e acertos. Criadores que produzem consistentemente, mesmo antes de viralizar, chegam mais prontos para esse momento. Como diz o próprio Mr. Beast, um dos maiores criadores do mundo: “Você só começa a entender o jogo depois dos seus cem primeiros vídeos.” Esse tipo de influenciador pode até não explodir de imediato, mas tende a oferecer entregas mais estáveis e conscientes.

Oportunidade ou cilada? Depende da abordagem
Contratar um influenciador em formação pode, sim, ser vantajoso. Um dos fatores é a precificação: muitos criadores que viralizam do dia pra noite ainda não sabem colocar preço no próprio conteúdo — o que pode significar valores mais acessíveis. Além disso, a audiência recém-chegada costuma estar bastante engajada, o que gera um pico de atenção muito valioso para campanhas de oportunidade.
Mas é preciso cuidado. A falta de estrutura pode comprometer a entrega. Em casos como o da própria Jennifer, algumas campanhas mostraram dificuldade na naturalidade diante das câmeras, com falas robóticas e falta de desenvoltura — o que é compreensível, considerando que, até então, ela não era criadora profissional. Para as marcas, isso reforça a importância de entender o momento do influenciador e, se for o caso, oferecer suporte com equipe, roteiro ou produção.

Checklist rápido: como contratar com critério
Se a sua marca está avaliando trabalhar com alguém que acabou de viralizar ou está em crescimento acelerado, aqui vão algumas perguntas que podem guiar essa decisão:
O influenciador continuou postando após o viral? Ou sumiu?
Ele(a) já demonstra alguma tentativa de profissionalização? (equipe, media kit, postura)?
Tem alguém assessorando? Ou está sozinho lidando com tudo?
Ele(a) tem familiaridade com formatos de publi? Ou precisaria de apoio para gravar?
É possível fechar um contrato de curto prazo com cláusulas claras de entrega?
Nem todo viral é uma aposta ruim. Mas toda aposta precisa de critério.
O criador em formação pode ser um talento bruto pronto para ser lapidado. O que viralizou ontem pode, sim, ser o próximo grande nome da internet — se tiver estratégia, consistência e apoio.
Mas o ponto principal é: não é sobre o número de views. É sobre o que vem depois.
E cabe às marcas e agências fazerem essa leitura com mais profundidade do que os likes mostram.
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