<p><strong>Logotipo? N&atilde;o, Logosom</strong></p><p>Por Edson Zogbi*</p><p>Processador Pentium Intel Core Duo, <a href="images/materias/reportagens/som_intel.mp3" target="_blank"><em>TCHUM-PIMPAMPUMPAM!</em></a> Quem n&atilde;o reconhece os acordes da Intel? Todo mundo que os escuta imagina qual &eacute; o produto, lembra do nome, da marca e de todos seus atributos relacionados. Estamos falando do que afinal? Lembramos mais do som do que do desenho da marca, o famoso &ldquo;logotipo&rdquo;. A Nike investiu pesadamente no reconhecimento do seu logo (sem os tipos), eliminando o nome da marca e deixando apenas aquela famosa curva. Ela a exp&ocirc;s massi&ccedil;amente aos olhos do mundo inteiro, em todas as m&iacute;dias visuais: televis&atilde;o, outdoor, jornais, revistas, camisetas de atletas, entre outros. Mas a Intel foi mais original, foi mais inovadora e ousada ao simplificar seu logo para o reconhecimento auditivo. </p><p>Com isso, ela n&atilde;o se amarrou &agrave;s m&iacute;dias com apelo visual, ela pode ser reconhecida sem a aten&ccedil;&atilde;o do p&uacute;blico porque nosso ouvido n&atilde;o &eacute; seletivo e capta todos os sons do ambiente. Se o <a href="images/materias/reportagens/som_intel.mp3" target="_blank"><em>TCHUM-PIMPAMPUMPAM</em></a> tocar ao passarmos em frente &agrave; televis&atilde;o, reconhecemos, se tocar no r&aacute;dio idem. Al&eacute;m disso, as pessoas que mais entendem de inform&aacute;tica, que &eacute; o ramo da Intel, escutam mais r&aacute;dio do que v&ecirc;em TV, porque t&ecirc;m a chance de fazer isso durante o trabalho. Outra coisa a favor do Logosom: a m&uacute;sica &eacute; recebida pelo nosso lado emocional, a vis&atilde;o pelo racional. Para a m&uacute;sica existem menos barreiras cognitivas, a assimila&ccedil;&atilde;o &eacute; mais f&aacute;cil e r&aacute;pida. J&aacute; percebeu que quando ouvimos uma m&uacute;sica ao acordar, repetimos aquela melodia o resto do dia?</p><p>Para interagirmos com diferentes pontos de vista, conversamos sobre esta inova&ccedil;&atilde;o com dois profissionais diferentes, mas todos ligados ao mundo do som: DJ Pollux, que al&eacute;m de DJ e compositor, &eacute; web-designer e Vinnie Azevedo, que &eacute; produtor musical, guitarrista e analista de sistemas.</p><p><span class="texto_laranja_bold">Pollux, voc&ecirc; acha que o Logosom &eacute; melhor que o Logotipo?</span><br />Eles trabalham muito bem em conjunto. O apelo visual &eacute; muito importante para a cria&ccedil;&atilde;o de uma identidade, mas quando ele &eacute; acompanhado por toda uma gama de outros fatores se torna algo mais palp&aacute;vel. O consumidor mais interado costuma fazer pouco caso de marcas superficiais. </p><p><span class="texto_laranja_bold">Vinnie, al&eacute;m da originalidade a qualidade sonora &eacute; primordial para o sucesso de um Logosom, como conseguir isso com um tempo t&atilde;o curto de &aacute;udio?</span><br />Que bom, parece que estamos voltando aos &aacute;ureos tempos em que davam mais import&acirc;ncia &agrave;s vinhetas e jingles. Qualidade sempre, mas eu diria que simplicidade &eacute; o foco mais importante. Um exemplo que lembro imediatamente &eacute; a trilha de &quot;Contatos Imediatos de Terceiro Grau&quot;, filme onde ouv&iacute;amos um som praticamente senoidal, sem efeitos, distor&ccedil;&otilde;es, nada. Notas, apenas notas, para que possam ser reconhecidas e reproduzidas por qualquer um e em qualquer povo ou cultura. Timbres trabalhados com cuidado, que se identifiquem com o p&uacute;blico alvo do produto, podem ser um diferencial. Para um tempo curto, como no caso do Logosom, mais uma vez, simplicidade.</p><p><span class="texto_laranja_bold">Pollux, voc&ecirc; acha que d&aacute; para criar uma m&uacute;sica eletr&ocirc;nica a partir de um Logosom? Voc&ecirc; conseguiria fazer isso com o Logosom da Intel?</span><br />Sem d&uacute;vida alguma! O Logosom, apesar de comumente curto e com uma linha mel&oacute;dica bem simples, pode ser muito bem aproveitado e transformado em materiais de &aacute;udio de todos os tipos. Temos grandes exemplos, como o Psy-Trance que usa samplers do conhecido Logosom da Motorola. Basta seguir a atmosfera inicial despertada pelo Logosom, acompanhar os acordes (lembrando que existe toda a parte t&eacute;cnica) e soltar a criatividade!</p><p><span class="texto_laranja_bold">Vinnie, e voc&ecirc;, acha que essas coisas podem se misturar?</span><br />Acho que j&aacute; se misturam h&aacute; muito tempo. Acontece que nos &uacute;ltimos anos o mercado tem dado pouca ou nenhuma import&acirc;ncia a essa parte da cria&ccedil;&atilde;o, cuja relev&acirc;ncia volta a ser discutida. Da&iacute; a percep&ccedil;&atilde;o de ser uma grande novidade.</p><p><span class="texto_laranja_bold">Essa pergunta vale para os dois, existem acordes mais ou menos percept&iacute;veis? D&aacute; para pensar nisso na hora de bolar um Logosom?</span><br /><strong>Vinnie:</strong> No caso da Intel, foi utilizado o b&aacute;sico da t&eacute;cnica de percep&ccedil;&atilde;o que usamos na concep&ccedil;&atilde;o de um Jingle ou vinheta. Para a grande maioria das pessoas a assimila&ccedil;&atilde;o de uma vinheta &eacute; mais f&aacute;cil com poucas notas mais pr&oacute;ximas no acorde do que muitas notas distantes, assim como tamb&eacute;m fica mais f&aacute;cil reproduzi-la mentalmente. <br />Vou citar exemplos de vinhetas de sucesso que seguiram esse conceito, percebam como voc&ecirc;s se lembram imediatamente:</p><p>&bull; Contatos Imediatos de Terceiro Grau (5 notas curtas, reproduzidas ao longo de todo o filme) <br />&bull; Globo Rep&oacute;rter (5 notas longas, sendo 1 repetida, na verdade &eacute; um trecho de um Rock instrumental, t&atilde;o antigo quanto o programa) <br />&bull; &quot;Arapu&atilde; - Ligadona em voc&ecirc;&quot; (n&atilde;o t&atilde;o pr&oacute;ximas, mas muito eficientes) <br />&bull; Windows XP (5 notas curtas, sendo 2 repetidas, quase uma c&oacute;pia de Contatos Imediatos de Terceiro Grau) <br />&bull; Jornal Nacional (apesar de longa, a parte final j&aacute; seria suficiente para cumprir seu objetivo)<br />&bull; Arquivo X (idem ao Jornal Nacional) <br />&bull; Toque Cl&aacute;ssico da Nokia (longo, mas imediatamente identific&aacute;vel) <br />&bull; Chamada a cobrar (essa ningu&eacute;m quer ouvir...)</p><p><strong>Pollux:</strong> Eu diria que os acordes despertam diferentes sensa&ccedil;&otilde;es nos seres humanos. A percep&ccedil;&atilde;o depende de outros fatores, como a modula&ccedil;&atilde;o empregada em cada instrumento usado. O que pode (e deve) ser aproveitado &eacute; o poder que a manipula&ccedil;&atilde;o dos acordes pode exercer sobre os sentimentos daquele que ouve o Logosom.</p><p><span class="texto_laranja_bold">Voc&ecirc;s acham que, com o aumento do tempo das pessoas na internet, e que pelo fato de ser &ldquo;menos invasivo&rdquo; do espa&ccedil;o do internauta (por n&atilde;o aparecer visualmente na tela), o Logosom ter&aacute; maior receptividade deste p&uacute;blico do que um Logotipo?</span> <br /><strong>Vinnie:</strong> Cuidado! Primeiro, a vinheta ou Logosom deve ser veiculado intensamente com a imagem ou a locu&ccedil;&atilde;o da Marca, para depois ser reconhecido de forma independente. <br />No caso da Intel, a vinheta n&atilde;o &eacute; t&atilde;o original e se parece muito com um dos sons emitidos pelo MSN Messenger.</p><p><strong>Pollux:</strong> Creio que &eacute; relativo. Muitos Logosons se tornam um verdadeiro inferno para nossos ouvidos. Se bem empregado, de prefer&ecirc;ncia com uma estrat&eacute;gia pr&oacute;pria, o Logosom &eacute; uma &oacute;tima ferramenta. </p><p><span class="texto_laranja_bold">Logicamente que um Logosom n&atilde;o deve ser desvinculado de um Logotipo e vice-versa, mas podemos dar mais peso a um ou outro. Voc&ecirc;s identificam alguns segmentos de mercado mais propensos ao Logosom al&eacute;m da inform&aacute;tica</span><span class="texto_laranja_bold">?</span><br /><strong>Pollux:</strong> Entretenimento em geral. Moda, por exemplo, sempre caminhou muito bem ao lado da m&uacute;sica.</p><p><strong>Vinnie:</strong> Como havia dito acima, a veicula&ccedil;&atilde;o conjunta com pesos iguais para o Logotipo e para o Logosom seria o ideal. A quest&atilde;o &eacute; que isso pode levar tempo mesmo. Acredito que exista espa&ccedil;o para marcas fortes no ramo aliment&iacute;cio, onde a emo&ccedil;&atilde;o &eacute; um apelo priorit&aacute;rio.</p><p><span class="texto_laranja_bold">Por fim, voc&ecirc;s acham que o Logosom pode invadir os players de MP3 de alguma forma, tornando assim o Logosom um recurso &ldquo;viral&rdquo; de divulga&ccedil;&atilde;o?</span><br /><strong>Pollux:</strong> J&aacute; est&atilde;o invadindo! O portal <a href="http://www.limao.com.br" target="_blank">www.limao.com.br</a> por exemplo, tornou uma m&uacute;sica eletr&ocirc;nica at&eacute; ent&atilde;o desconhecida uma verdadeira febre. &Eacute; uma das raras vezes em que vemos um determinado p&uacute;blico procurando o material para poder ouvir por a&iacute;, quantas vezes quiser. &Eacute; uma m&uacute;sica divertida, que toca durante os inovadores comerciais do portal. Com certeza j&aacute; se tornou parte da marca. Quem ouve a m&uacute;sica diz &eacute; a m&uacute;sica do lim&atilde;o!. O nome real da faixa por enquanto &eacute; um mist&eacute;rio, mas &eacute; poss&iacute;vel achar por a&iacute;, procure por m&uacute;sica do lim&atilde;o.</p><p><strong>Vinnie:</strong> Talvez na inicializa&ccedil;&atilde;o de cada aparelho, com o Logosom de cada fabricante. Mais do que isso pode ser imposi&ccedil;&atilde;o, atualmente um tiro no p&eacute;, dando a oportunidade para a concorr&ecirc;ncia lan&ccedil;ar equipamentos que &quot;poluam&quot; menos. O mesmo vale para fabricantes de hardware e software, a exemplo do Windows quando carregado. Se for por op&ccedil;&atilde;o pr&oacute;pria do ouvinte, concordo com o Pollux e acrescento outro exemplo da era vinil. O tema das propagandas dos sapatos Star Sax, &quot;The Hall of Mirrors&quot;, ajudou a vender muitos discos do Kraftwork. Hoje seria muito mais f&aacute;cil ouvir a trilha da propaganda no meu MP3 Player.</p><p>Agrade&ccedil;o muit&iacute;ssimo a participa&ccedil;&atilde;o dos dois e vimos claramente que nada &eacute; simples enquanto est&aacute; em seu processo de cria&ccedil;&atilde;o. A simplicidade &eacute; o &uacute;ltimo grau que alcan&ccedil;amos ou pelo menos pretendemos alcan&ccedil;ar quando falamos em fazer uma comunica&ccedil;&atilde;o inovadora e eficaz. Levantei este tema porque acredito que s&oacute; atrav&eacute;s da busca da diferencia&ccedil;&atilde;o &eacute; que uma empresa ter&aacute; condi&ccedil;&otilde;es de continuar competindo neste nosso mercado cada vez mais global. Bem que eu queria um Logosom para terminar, algu&eacute;m tem um sobrando a&iacute;?</p><p>* Edson Zogbi &eacute; especialista em Gest&atilde;o da Inova&ccedil;&atilde;o e Marketing de Varejo, &eacute; conferencista, professor e autor de livros e DVDs.</p>
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