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Influenciador profissional: como atender marcas e ser bem visto no mercado

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Tempo de Leitura 10 min

DATA

12 de abr. de 2024

CATEGORIA

Entrevistas

Quem consome as redes sociais com certa frequência já deve ter visto a vida de luxo ostentada por certos influenciadores digitais, que têm sua renda proveniente apenas da criação de conteúdo na internet. Esta realidade, no entanto, só é vivida por uma porcentagem muito pequena dos creators. Pelo menos é o que indica o novo levantamento realizado pela plataforma Influency.me, que apontou que 41% dos influencers recebem até R$500,00 mensais.

Na pesquisa, em que foram ouvidos mais de 350 profissionais do segmento de Marketing de influência, ainda apontou que apenas 18% dos criadores de conteúdo recebem mais de R$5 mil de renda. No estudo ainda é mostrado que apenas 30% desses influenciadores atuam exclusivamente na carreira digital, evidenciando que os outros 70% precisam de outras fontes de renda para se sustentarem.

Sair de um valor baixo e se destacar envolve entregas mais profissionais, como indica Fábio Gonçalves, Diretor de Talentos Internacionais da Viral Nation Talent. Para isso, ele comenta sobre alguns comportamentos e dá dicas para quem quer atrair a atenção das empresas e aumentar o faturamento.

De ferramentas ao modo como são vistas, Fabio analisa as possibilidades de crescimento no Marketing de Influência. “Para o nano influenciador conseguir abrir essas portas, ele primeiro precisa fazer um trabalho de qualidade. Pensar muito em estratégia, como desenvolver o seu conteúdo, fazer algo bonito”, contou ao Mundo do Marketing.

Fabio Gonçalves

Confira a entrevista completa:

Leia mais: Profissão influencer: o que as marcas querem e esperam nas entregas Mundo do Marketing – Ser agenciado hoje abre mais portas, mas como um nano influenciador, por exemplo, pode começar a abrir essas portas sozinho? Fabio Gonçalves: Com certeza, ser agenciado hoje abre mais portas, porque o assessores e empresários têm acesso a uma rede de contatos, de marcas, agências, parceiras e campanhas que ele vai estar sempre colocando os influenciadores exclusivos dele na frente dessas marcas, inclusive desenvolvendo projetos, com equipe de venda e agência de PR como é o nosso caso. A Viral Nation hoje tem um PR exclusivo para os influenciadores, trazendo mais visibilidade para eles. Claro que isso tudo tem um custo.

O nano influenciador também consegue fazer tudo isso sem custo. Para o nano influenciador conseguir abrir essas portas, ele primeiro precisa fazer um trabalho de qualidade. Pensar muito em estratégia, como desenvolver o seu conteúdo, fazer algo bonito. Eu sempre recomendo entrar em contato com as marcas via DM. Manda uma mensagem falando que gosta da marca, se podem apresentar a pessoa do comercial. É importante também se credenciar em empresas que fazem seeding de produtos, para eles receberem os produtos, para poder testar.

Tendo como exemplo influenciadores do ramo da beleza ou de lifestyle, talvez, eles acabem tendo que investir um pouco, afinal, precisam dos produtos para gerar conteúdo. Então, o ideal, por exemplo, se é sobre uma make, fazer um tutorial de make e marcar a marca. Mencionar ela nos stories, interagir com o público pedindo feedbacks para gerar engajamento e assim a marca observa que você é engajado, que as pessoas gostam do seu conteúdo e chama a atenção da marca. E outro ponto também que eu já falei, mas friso novamente por ser importante: manda mensagem, manda direct, manda e-mail.

Podemos sempre fazer uma apresentação e um media kit dinâmico. Existem várias ferramentas de media kit online, que são gratuitas e que não precisam aqueles estilo PDF, engessado, que também, dependendo, pode ser até bacana. Às vezes o influenciador gastando um pouco, pode pedir para uma agência fazer um media kit com uma pequena bio, mostrando seus números nas mídias sociais e claro, seus dados de contato. Sendo assim, você só altera os dados conforme for crescendo. Costumo dizer que é um trabalho de formiguinha, que acontece dia a dia, correndo atrás, mandando mensagem, mandando e-mail e, principalmente, produzindo um bom conteúdo.

Mundo do Marketing – Trabalhar sozinho no início é possível e comum. Como o influenciador pode perceber que é hora de aumentar a equipe? Fabio Gonçalves: Acho que a hora de aumentar a equipe é quando o influenciador começa a receber uma quantidade alta de e-mails, que faz o creator se sentir relevante no mercado. É quando a pessoa percebe que ela não está dando conta de responder, mandar e-mail e criar conteúdo, porque o foco dessa pessoa tem que ser criar conteúdo e não fazer o comercial, não ir atrás de marcas. Então, quando ela começa a crescer, e ela sente que as marcas estão entrando em contato, seja para mandar produto, falando que gostou de algum post, dizendo que quer enviar um press kit, isso significa que você já tá chamando atenção.

É interessante que, neste momento, exista uma equipe para prospectar novos clientes, e para transformar as comunicações em oportunidades de negócios. Portanto, acredito que a hora certa é quando a pessoa começa a receber muitos emails, muitas solicitações, pagas ou não pagas, e que ela sinta que precisa ter um apoio nesse momento.

Mundo do Marketing – Como fazer quando ele ainda não tem verba para isso? Fabio Gonçalves: Não custa nada para a pessoa mandar e-mail, montar um media kit. Caso o creator não tenha dinheiro para fazer um media kit na agência, ele pode optar por um media kit online, usando ferramentas gratuitas. Inclusive, tem ferramentas que mostram engajamento, dados demográficos e outras informações relevantes para a marca. Outra ideia é criar um post orgânico, sem parecer uma publicidade, mas que cite a marca e o que gosta para chamar atenção, marcando a empresa na publicação, interagindo com a audiência, por meio de feedbacks.

Assim, a agência vê que aquele post está sendo bem comentado. Além disso, é preciso mostrar a cara mesmo. É legal também usar o LinkedIn para procurar quem são os contatos importantes, fazer conexões, ir a eventos de network, procurar quem são as pessoas importantes. Sempre que tiver alguma coisa para participar, seja a Vidcon, seja eventos da Meta, existem muitos meetups. Conversar com outros influenciadores também para entender o que eles fazem, para engajar com perfis grandes e até para trocar seguidores, fazendo collabs com outros criadores, é sempre muito importante e bem-vindo.

Mundo do Marketing – Investir em qualidade e menor recorrência é indicado? Ou na era da internet o volume ainda conta, mesmo que a qualidade seja baixa? Fabio Gonçalves: O importante é encontrar um balanço. A qualidade é extremamente importante até porque se  produzir um conteúdo sem qualidade, com certeza, as marcas não vão gostar e as pessoas não engajarão. Mas a qualidade em si não se restringe, necessariamente, ao aspecto técnico, por exemplo, de gravar numa câmera 4K. Ser bem produzido significa ter um conteúdo interessante, se preocupando com o que está sendo falado, com o que está sendo mostrado, e principalmente com um vídeo que engaje, que é o mais importante.

A qualidade é de muita importância, mas, em um primeiro momento, você não precisa ter um cinegrafista para te filmar. O creator pode fazer, principalmente no início, por conta própria. A questão do volume o influenciador pode trabalhar em partes menores. Os stories não precisam ter uma produção absurda de qualidade, pode-se apenas mostrar o dia a dia, demonstrando para as pessoas o que está acontecendo. Já o que vai para o feed, o criador de conteúdo deve se preocupar um pouco mais. No TikTok é a mesma coisa. Não é necessário fazer um conteúdo absurdamente produzido, porque o intuito do TikTok é tentar viralizar. Por fim, frisando novamente que a qualidade não precisa ser uma de filme, é só ter um conteúdo interessante.

Mundo do Marketing – Conteúdos UGC: fazer quando a marca pede ou gerar naturalmente e ganhar visibilidade? Fabio Gonçalves: É preciso criar, não tem como fugir. O influenciador deve fazer quando a marca pede, com certeza, para vender o produto, porque o UGC não vai aparecer no seu perfil. Geralmente, não é postado na sua mídia social, mas se você não criar algumas coisas com cara de marca, como eu falei, marcando a marca no post, citando os produtos utilizados, etc., você não vai ser visto, vai ser mais difícil cair numa página “Para Você (TikTok)”, “Explorar” (Instagram), ou da marca te notar.

Então, você acaba tendo que criar o UGC para a marca notar o creator. É gratuito, o que complica um pouco o mercado, mas, infelizmente, é uma estratégia de crescimento que tem que ser feita e as marcas se aproveitam disso. Então, sim, é imprescindível criar, mas tem que ser o mais orgânico possível e sem que seja uma propaganda, tem que ser dentro do conteúdo. Existem hoje, inclusive, agências e marcas só para o UGC, focado nisso. Existem criadores que só fazem  UGC, que são posts muito mais baratos e que a marca usa para ads e entre outros.

Mundo do Marketing – Como as marcas estão vendo esse tipo de estratégia? Fabio Gonçalves: Acredito que as marcas veem essa estratégia como boa, porque elas não têm que pagar por uma produção, estúdio, locação, etc. Eles utilizam um influenciador que vai usar toda a estrutura dele e paga um valor bem menor. Assim, as marcas acabam gastando muito mais dinheiro investindo em mídia paga, com o objetivo de direcionar o conteúdo para a audiência correta.

No entanto, são marcas e marcas. Existem as que adoram o UGC, porque conseguem usar criadores para falar da marca e utilizar da imagem dessa pessoa. No entanto, tem outras que já preferem que apareça também no feed do criador, para que alcance também a audiência do influenciador. UGC é muito utilizado por criadores pequenos, e que tem uma boa dicção.

Normalmente, é uma pessoa que tem mais experiência com gravação de conteúdo, com noção de câmera e que tem um conteúdo de qualidade, mas pelo público-alvo desse influenciador não ser relevante para a marca, por ser pequeno ou pelo fato dos próprios demográficos não servirem para a empresa, eles acabam usando essa pessoa e direcionam o conteúdo para quem eles querem que veja. Então, de repente, uma marca pega um atleta que não tem um número expressivo de seguidores, mas é uma pessoa renomada e com autoridade, que vai ter propriedade para converter aquele conteúdo gravado em venda para outros atletas, fazendo muito sucesso.

Mundo do Marketing – Existe uma predileção de marcas para trabalhar com influenciadores que já possuem uma visão mais profissional do negócio? Fabio Gonçalves: Sim e não, porque às vezes uma pessoa estoura na internet e nem sabe o motivo, e aí as marcas querem aproveitar desse hype da pessoa para postar. Dessa forma, sim, porque marcas que procuram alguma autoridade ou alguém que já tenha um nome no mercado, com certeza, preferem alguém que seja mais profissional. Mas depende do tema também, uma marca não vai querer uma pessoa sem visão profissional do negócio falando sobre finanças, por exemplo. Agora, se for referente a um conteúdo engraçado, ou para fazer um GRWM (Get Ready With Me), uma trend do TikTok, não necessariamente precisa ser uma pessoa super profissional.

Às vezes, marcas pegam até um pouco de vantagem sobre as pessoas que não são tão profissionais. Pelo fato destes, normalmente, não terem uma agência ou um respaldo jurídico, essas empresas podem acabar se aproveitando, pagando muito menos do que a pessoa merece, colocando cláusulas no contrato que a pessoa não entende e acaba cedendo e assinando. Portanto, eu digo que é muito relativo o tipo de profissionais que as marcas usam.

É muito voltado para o segmento. Isto posto, considero cada vez mais importante que o creator tenha um assessor por trás da sua carreira, que entenda sobre contratos, preços, uso de imagem e que, de forma prioritária, se preocupe em defender os interesses do cliente. Nós, na Viral Nation, não focamos somente no dinheiro, pensando na comissão do fim do mês. O caráter e a imagem transmitida pelo influenciador são muito mais valiosos é importante que o valor de qualquer job, afinal, o nome deles é o que de mais importante eles possuem e, em uma era de cancelamento, qualquer deslize pode significar o fim de uma carreira.

Leia também: As estratégias de Marketing da Embelleze

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Bruno Mello

Fundador e Editor Executivo

Fundador e Editor Executivo do Mundo do Marketing, Jornalista com MBA em Marketing.

AUTOR

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