A lacuna entre a velocidade da tecnologia e o ritmo de desenvolvimento das pessoas se tornou o principal risco estratégico para os CMOs brasileiros. Embora 74% afirmem que o conhecimento das equipes se torna obsoleto rapidamente e 70% digam que o investimento em educação evoluiu menos do que as inovações tecnológicas, apenas 39% dos líderes se sentem verdadeiramente confiantes para trabalhar com IA. O dado, extraído do estudo “The Future of Work in Marketing”, correalizado por Makers e Unico Skill com mais de 100 CMOs, reforça que a vantagem competitiva em 2026 será essencialmente educacional e não tecnológica.
No centro do diagnóstico está uma contradição estrutural: 92% dos entrevistados reconhecem o aprendizado contínuo como habilidade essencial de liderança, mas só 16% oferecem oportunidades estruturadas de desenvolvimento ao menos uma vez por mês.
A pesquisa mostra que a superinformação e a falta de foco seguem como barreiras críticas, uma vez que 40% dos CMOs afirmam que o maior obstáculo para se manter atualizado é distinguir o que realmente importa. Em paralelo, “educação e desenvolvimento” desponta como o benefício mais estratégico para gerar resultados, citado por 36% dos líderes, à frente até de saúde mental e equilíbrio emocional (30%).
Os números apontam para um ponto de virada na gestão de Marketing: não é falta de talento, é falta de sistema para fazer o talento crescer. Para reduzir esse gap, segundo a Unico Skill, é preciso tratar a educação como parte do dia a dia, não como algo pontual. Os próprios CMOs mostram isso ao eleger “educação e desenvolvimento” como o benefício mais estratégico para resultados.
“A maioria dos líderes reconhece que investir em novas habilidades gera ROI e que plataformas de upskilling e reskilling são o caminho mais eficiente. Ou seja, quando a empresa cria rotinas de aprendizado, o time ganha repertório, confiança e velocidade para acompanhar o mercado”, afirmou Thaís Azevedo, CMO da Unico Skill, ao Mundo do Marketing.

IA, confiança e o novo papel do CMO
A inteligência artificial, ao mesmo tempo em que se torna central para o trabalho do CMO, expõe um ponto de fragilidade na liderança. O estudo mostra que apenas 39% dos líderes se colocam como confiantes ou muito confiantes em suas habilidades em IA, enquanto 44% admitem nível intermediário e 17% se dizem pouco preparados. A autocrítica é alta, especialmente porque o tema já deixou de ser tendência para se tornar infraestrutura.
Esse ponto é decisivo para o próprio exercício da liderança. Os dados mostram que, apesar de todos entenderem a importância de aprender e evoluir os conhecimentos em AI, apenas 39% se sentem seguros com as habilidades que têm do tema.
“Esse cenário cria dois desafios: primeiro, como liderar pelo exemplo se nem sempre o CMO tem as habilidades que precisa desenvolver no time? Segundo, como se manter atualizado diante de um assunto em que o ‘tempo de validade’ das habilidades adquiridas é tão curto? Por isso, a importância do aprendizado contínuo como cultura e como ferramenta estratégica para times de alta performance”, avalia Thaís.
O dado se conecta a outro achado relevante: 74% afirmam que novas ferramentas e canais surgem mais rápido do que a empresa consegue capacitar as equipes, acelerando a obsolescência do conhecimento e pressionando o líder a assumir um papel mais pedagógico, menos operacional e mais sistêmico.

As habilidades essenciais do profissional de Marketing em 2026
Pensamento crítico (45%), visão estratégica (44%), foco em resultados (35%) e aprendizado contínuo (29%) aparecem como as competências mais importantes para profissionais de Marketing. Esse é um repertório majoritariamente composto por soft skills, não por habilidades técnicas. Entre os CMOs, a percepção sobre a formação do futuro líder reforça essa direção: eles esperam menos “operadores de canal” e mais estrategistas integrais, capazes de conectar dados, tecnologia, pessoas e o futuro do negócio.
Nesse contexto, a construção dessas habilidades passa por processos contínuos, não por treinamentos isolados. “As habilidades essenciais de hoje, como pensamento crítico, visão estratégica, liderança e domínio de dados, não se desenvolvem em um único curso. Exigem constância e diversidade de estímulos e formatos de aprendizagem”, explica Thais.

Para ela, o melhor caminho é quando o aprendizado vira parte do dia a dia, vira cultura, e não um evento isolado. Assim as pessoas conseguem conectar teoria e prática com muito mais rapidez. Aprender novas hard skills acelera, inclusive, algumas soft skills, como pensamento crítico, pois amplia referências e traz técnica e profundidade para o repertório.
“Por isso, precisa ser contínuo. É isso que dá velocidade para o time evoluir no mesmo ritmo que o mercado. É um processo contínuo, não uma solução pontual”, conclui a executiva.
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