Como as marcas não-endêmicas podem ganhar espaço no universo dos games Bruno Mello 16 de maio de 2023

Como as marcas não-endêmicas podem ganhar espaço no universo dos games

         

Cofundadora da G4B abordou estratégias para que marcas não nativas do mundo dos jogos eletrônicos possam fazer parte de um universo publicitário em expansão

Como as marcas não-endêmicas podem ganhar espaço no universo dos games
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Não raro, a figura dos gamers se encontra atrelada a uma série de percepções e estereótipos que desenham a imagem de indivíduos solitários, entregues a incontáveis horas de jogatina e propensos a um estilo de vida sedentário. A realidade, no entanto, se prova muito distante dos pré-conceitos enraizados pelo tempo – e alça os gamers a uma posição importante para a estratégia de empresas que desejam ocupar espaços em um mercado que deve movimentar 204 bilhões de dólares em 2023.

Dados levantados pela Pesquisa Game Brasil indicam que o cotidiano dos gamers envolve opções de lazer e entretenimento que vão além dos games. Os números da pesquisa apontam que 62,9% dos gamers entrevistados frequentam academias quatro ou mais vezes por mês, 64,8% dos jogadores têm de um a três pets e 26,2% vão ao cinema pelo menos uma vez por mês. Além disso, 62% têm o costume de acessar o Spotify e 53,5% consomem pizza frequentemente.

Nesse cenário, as marcas não-endêmicas – que não são nativas do universo dos jogos eletrônicos – podem mapear gamers que consomem os seus serviços e desenvolver estratégias sólidas para estabelecer a sua presença na comunidade gamer. “Uma das melhores estratégias é a criação de parcerias com influenciadores e personalidades do cenário gamer, para que eles possam promover os produtos ou serviços das marcas em seus canais”, afirma Cynthya Rodrigues, Co-founder da G4B, em entrevista ao Mundo do Marketing.

Cynthya Rodrigues, Co-founder da G4B

Afinal, de que maneiras as marcas não-endêmicas podem se relacionar com o universo gamer? Confira a entrevista com a executiva.

Mundo do Marketing – Sabendo que o universo dos games detém a maior parte do tempo dos gamers, e que as empresas precisam estar onde os clientes estão, quais são as melhores estratégias para que as marcas não-endêmicas obtenham acesso a esse ambiente?

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Cynthya Rodrigues: As empresas podem patrocinar eventos, times e criadores de conteúdo. Outro formato são as campanhas de mídia em portais especializados e contextuais sobre games e eSports, o que ajuda a aumentar a visibilidade da marca no meio dos gamers.

Também é possível criar conteúdo exclusivo para os gamers, tanto por meio de suas comunicações tradicionais, como pela produção de vídeos e streams que estejam alinhados com os interesses desse público e que também mostrem de forma natural e integrada a marca em questão. O mais importante é que a marca seja autêntica e se comunique de forma natural com os gamers, sem tentar forçar uma conexão que não faça sentido.

Mundo do Marketing – Como levar a representação das marcas para títulos de gêneros populares como os FPS (Tiro em Primeira Pessoa)?

Cynthya Rodrigues: É importante destacar que os gamers estão em busca de uma experiência autêntica e imersiva, então as marcas precisam pensar em como podem integrar suas campanhas de forma natural e não invasiva no ambiente dos jogos. Como exemplo, já realizamos campanhas dentro do cenário de alguns mapas do Counter Strike, onde o banner aparece como um “lambe-lambe” em algumas paredes do mapa, proporcionando uma experiência super imersiva e que não atrapalha em nada a jogabilidade do usuário.

É algo que traz mais realidade e interesse do consumidor, além de ser um dos melhores formatos de awareness. É totalmente possível  levar a representação das marcas para jogos de FPS e outras categorias, mas é necessário um trabalho estratégico para encontrar as melhores maneiras de fazer isso, respeitando sempre a experiência do jogador/consumidor.

Mundo do Marketing – Quanto às estratégias e as formas de abordagem, quais elementos as marcas não-endêmicas devem levar em consideração para se comunicar de maneira eficaz com o público gamer?

Cynthya Rodrigues: As marcas não-endêmicas devem levar em consideração alguns elementos fundamentais para se comunicar de maneira eficaz com o público gamer, como:

Autenticidade: É importante que as marcas não tentem forçar uma conexão com a comunidade gamer, mas sejam autênticas em sua abordagem e se mostrem verdadeiramente interessadas no universo dos games.

Inovação: Somos movidos por novidades e tecnologia, por isso, as marcas precisam pensar fora da caixa e trazer inovações que possam surpreender e agregar valor à experiência dos jogadores.

Engajamento: o engajamento com a comunidade gamer é fundamental para que as marcas possam entender suas necessidades e expectativas. Por isso, é importante estar presente nas redes sociais e fóruns de discussão, interagindo com os jogadores e ouvindo suas opiniões para conseguir pivotar suas estratégias com mais agilidade e não virar “meme”, a não ser que seja algo planejado.

Diversidade: a comunidade gamer é extremamente diversa e as marcas precisam estar atentas a isso, buscando representar e incluir todas as pessoas em suas comunicações.

Mundo do Marketing – Atualmente, qual é a principal prateleira, no universo gamer, para a exposição de uma marca não-endêmica?

Cynthya Rodrigues: A principal prateleira para a exposição de uma marca não-endêmica no universo gamer pode variar de acordo com o objetivo da campanha e o perfil do público-alvo, mas atualmente há algumas opções em destaque.

A mídia programática direcionada ao público gamer é uma estratégia interessante, pois permite que as marcas alcancem de forma mais precisa e eficaz o seu público-alvo em plataformas e dispositivos diversos. Além disso, os portais contextuais também são uma boa opção, pois oferecem conteúdo relevante e atrativo para o público gamer e podem ser utilizados para veicular anúncios de maneira estratégica. Também destaco o patrocínio de orgs e campeonatos.

Mundo do Marketing –  Como as marcas não-endêmicas podem se adaptar ao universo gamer? 

Cynthya Rodrigues: Existem diversas estratégias que as marcas não-endêmicas podem adotar para se adaptar e alcançar o público gamer. Uma das formas é buscar parcerias com agências especializadas em publicidade gamer como a G4B para criar experiências positivas e eventos que tenham sinergia com os valores da marca e com o público-alvo. A marca também pode patrocinar jogadores e equipes de esportes eletrônicos que sejam relevantes e tenham grande alcance na comunidade gamer.

Outra estratégia é investir em conteúdo relevante para o público gamer, como tutoriais, gameplays comentados, e até mesmo programas de entretenimento voltados para jogos, que podem ser veiculados em plataformas como YouTube, Twitch ou mesmo um portal da própria marca. A mídia programática direcionada ao público gamer e portais contextuais também são ótimas opções para as marcas que buscam uma abordagem mais estratégica.

A contratação de influenciadores também pode ser uma opção interessante para as marcas, desde que haja uma boa sinergia entre o influenciador e a marca. Esses influenciadores podem ajudar a criar um storytelling mais autêntico e envolvente para a marca, além de aumentar a sua visibilidade dentro da comunidade gamer.

Mundo do Marketing – Atualmente, quais são as marcas não-endêmicas mais relevantes na percepção dos gamers?

Cynthya Rodrigues: Algumas marcas não-endêmicas têm se destacado no universo gamer nos últimos anos, seja por meio de ações de Marketing bem-sucedidas ou por patrocínios a eventos e equipes de eSports. Entre essas marcas, podemos citar: Havaianas, Red Bull, Coca-Cola, BMW, Audi, Gillette, Nike,  Adidas, McDonald ‘s, Burger King, Santander, Mastercard, além do músico Alok, pensando nele como marca.

Mundo do Marketing – Os aplicativos de comida por delivery – bem como os restaurantes atendidos por eles – também são frequentemente utilizados pelos gamers. Como essas operações podem criar ativações específicas para o universo dos games?

Cynthya Rodrigues: Existem diversas possibilidades para as operações de delivery adaptarem suas ativações ao universo dos games. Uma das estratégias pode ser a de patrocinar equipes ou campeonatos de eSports e oferecer promoções exclusivas para os jogadores.

Outra forma é por meio de promoções que oferecem descontos especiais em pedidos realizados durante transmissões ao vivo de jogos, incentivando os jogadores a utilizarem o serviço durante as partidas. Além disso, é possível, ainda, criar parcerias com jogos de simulação de restaurantes e bares, inserindo as marcas no cenário do jogo e oferecendo descontos especiais para os jogadores que utilizarem o aplicativo de delivery para fazer seus pedidos.

Quem está no mercado de games e e-sports 

A francesa Bic faz parte do rol de empresas não-endêmicas que já estamparam a logo no mundo dos games. Em 2020, a marca patrocinou a equipe Red Canids, que disputa campeonatos de jogos conhecidos pelo público, como League of Legends e CS:GO.

Experimentando novos universos mas sem abandonar a tradição que a consagrou no país, a Bic aposta na inovação para se reafirmar no mercado brasileiro. Durante bate-papo com o Clube Mundo do Marketing, Rodrigo Iasi, Diretor de Marketing da empresa, destacou as alavancas de crescimento da marca e ressaltou a importância da cooperação em uma operação global.

Venha para o Clube Mundo do Marketing e faça parte da conversa!

Leia também: Publicidade e Games: mercado de E-sports oferece grande oportunidade para as marcas

*Com supervisão de Priscilla Oliveira


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