A linguagem inclusiva não é mais um diferencial – é um requisito para marcas que desejam se comunicar com credibilidade. E, enquanto muitos avanços foram feitos, um grupo crucial de consumidores ainda enfrenta barreiras na comunicação: os maduros.
Uma das soluções para atrair e reter esse público desse processo é a Linguagem Inclusiva 60+, que redefine a forma como empresas falam – e se conectam – com consumidores acima dos 50 anos. Isso porque a escolha das palavras impacta diretamente a forma como um público percebe a si mesmo – e a marca que se dirige a ele.
Segundo Bete Marin e Camilla Alves, cofundadoras da MV Marketing e referências em Economia Prateada, muitas expressões ainda usadas para se referir aos consumidores maduros criam afastamento em vez de engajamento.

“Se comunicar de forma respeitosa não é apenas uma questão de gentileza, mas de estratégia. Termos inadequados afastam essa audiência. Uma abordagem inclusiva, por outro lado, abre portas para diálogos autênticos e relações duradouras”, destaca Bete Marin.
Mas o que significa, na prática, uma linguagem inclusiva? Para as especialistas, trata-se de garantir representatividade real, evitando termos que reforcem estereótipos. “As palavras têm peso e podem construir ou destruir pontes. Empresas que compreendem isso não apenas fortalecem a confiança dos consumidores maduros, mas ampliam seu potencial de mercado”, complementa Bete.

Idoso? Velho? Nenhum dos dois
“Idoso” pode ser um termo técnico, mas no Marketing ele não funciona. Associado à fragilidade e ao envelhecimento passivo, essa palavra simplesmente não reflete a realidade da maioria dos consumidores acima dos 60 anos.
“As pessoas dessa faixa etária são ativas, produtivas e engajadas. Chamar alguém de idoso pode soar como um rótulo ultrapassado, e ninguém gosta de ser rotulado de maneira que não corresponde à sua identidade”, explica Camilla Alves.
Outros termos que deveriam sair de cena incluem “velho”, “melhor idade” e “terceira idade”, expressões que não capturam a vitalidade desse público. Pesquisas mostram que a maioria dos 50+ não se considera velha – e enxerga “velho” como alguém muito mais idoso do que eles próprios. Ignorar essa percepção significa perder a oportunidade de criar mensagens que realmente ressoem.

Ajustando o tom para conectar e não afastar
A solução? Adotar uma terminologia que faça sentido para esse público. Termos como público 50+, maduros, consumidores experientes, longevos e sênior são bem recebidos. E, quando usados com naturalidade, criam vínculos genuínos.
“Outra possibilidade é utilizar referências geracionais, como ‘boomers’, desde que sem caricaturas ou estereótipos. O segredo está no contexto e no respeito”, afirmam as especialistas.
No Guia de Letramento em Longevidade, elaborado pela MV Marketing, são listados 10 princípios essenciais para uma comunicação inclusiva. Alguns deles são: evitar estereótipos, usar uma linguagem positiva, personalizar mensagens e valorizar a bagagem de experiência desse público.
Um dos cases é da Brasilprev que, ao aplicar esses princípios, conseguiu ajustar seu tom de voz e fortalecer o engajamento com clientes maduros, tornando a comunicação mais natural e eficaz.

A empatia como diferencial competitivo
A linguagem inclusiva vai além da escolha de palavras. Trata-se de enxergar o público 50+ como ele realmente é: ativo, influente e cada vez mais relevante no mercado. Em um mercado cada vez mais competitivo, falar a língua do público certo não é apenas uma questão de inclusão – é inteligência de negócio.
“Marcas que abandonam rótulos e investem em um diálogo real com esse público conquistam não só consumidores, mas defensores da marca. A conexão genuína gera impacto, engajamento e, claro, resultados”, finaliza Bete Marin.
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