Com uma trajetória marcada por transições ousadas e um olhar estratégico voltado para os negócios, Renato Costa, CMO da Odontoprev e sétimo entrevistado da série CMO Agenda construiu uma carreira que se destaca pela capacidade de adaptação e, sobretudo, pela liderança.
Formado em tecnologia, Costa traz na bagagem colaborações importantes na área de TI, mas encontrou no Marketing uma oportunidade para dar vazão ao seu gosto por negócios. Este interesse, aliás, deu origem a um pequeno conflito com um antigo diretor, um episódio fresco na memória do executivo.

“Quando comecei minha carreira em TI, perguntei para um diretor o que eu precisaria fazer para virar um diretor um dia. A resposta dele foi muito boa: ‘você nunca será um diretor porque você é um profissional de infra e vocês de TI só estão preocupados com bits, servidores e links. Se você não entender de negócio, você nunca será diretor”, narra.
Costa admite guardar péssimas memórias daquele diretor, mas o revés da conversa o levou a uma epifania: naquele momento, ele soube que precisaria ser o “o Diretor de TI mais voltado para negócios na história da humanidade”. Com o tempo, aprendizados sobre as dinâmicas da geração de valor e o poder da tecnologia aplicada aos negócios provaram-se cruciais para que o “profissional de infra” viesse a ocupar uma cadeira de CMO.
O caminho para os aspirantes a CMO
Não há uma trajetória linear para se tornar um CMO, mas alguns princípios fundamentais podem acelerar a ascensão. Entre eles, destacam-se a capacidade de adaptação e a visão além do setor de atuação. "Se eu conseguir, nunca repetirei um setor na minha carreira", afirma Renato, pontuando que transitar por diferentes indústrias ampliou sua visão estratégica e trouxe inovação para sua gestão.
Outro ponto essencial é a postura de cada candidato diante das oportunidades que, eventualmente, hão de surgir. "A carreira é sua. Se você tem valor, se você sabe o que você entrega, sabe da sua capacidade, você deve mostrar que está interessado e que você vai fazer acontecer. Aqui ou em outro lugar, mas você fará”, recomenda Renato Costa.

Além da bagagem acumulada com a passagem por diferentes setores e a manifestação de um espírito ambicioso, Costa aponta o desenvolvimento de três soft skills específicas e amplamente cruciais para profissionais em todas as indústrias, áreas de atuação e, claro, para todos os CMOs modernos: negociação, vendas e comunicação.
“Estas coisas deveriam ser ensinadas no ensino fundamental, desde o comecinho da escola. Não fazemos nada sem nos comunicar. A capacidade de prender a atenção de uma pessoa, ser efetivo e objetivo ao passar uma mensagem começo, meio e fim, tem um valor inestimável”, pondera.
Dicas práticas
Renato reforça que a capacidade de se comunicar de forma clara e assertiva pode ser o diferencial entre um profissional mediano e um grande líder. O desenvolvimento desta soft skill é particularmente importante, pois é a primeira a ser avaliada durante o processo de admissão de um novo profissional.
“Um erro que as pessoas cometem ao participar de um processo seletivo, principalmente uma posição de liderança, é não olhar para a frente. Elas costumam citar o tempo que passaram em outras empresas, mas isso, para mim, não diz nada. Qual foi a contribuição? Como a empresa era antes e depois de você? Qual é a sua contribuição? É preciso ter um case, uma história para contar”, afirma.

Do alto de sua experiência, o CMO viu de perto erros e comportamentos comuns que, não raro, são decisivos para a eliminação de um candidato em um processo seletivo. Falar mal da empresa ou do chefe anterior, mentir ou exagerar conquistas, não demonstrar conhecimentos atualizados e não saber contar a própria história de forma estratégica foram citados por Costa como bandeiras vermelhas significativas.
“As histórias que contamos sobre os nossos sucessos devem ter um nível de triagem [tanto para possíveis deficiências, quanto para virtudes]. Não gosto quando a pessoa tenta vender a imagem de salvadora da pátria: sabe tudo, já passou por todos os lugares, conhece todo mundo. Isso é uma tortura. A entrevista acaba rápido quando é assim”, finaliza.
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