O ciclone não estava no roteiro. Faltavam poucos dias para o South Summit Brazil quando a ventania atingiu o Cais Mauá e arrancou telhas, estruturas, painéis e uma parte importante do que já estava montado. Porto Alegre ainda reconstruía o que perdera na enchente em 2024, e a equipe do evento, que já lidava com uma operação naturalmente complexa, precisou recomeçar quase do zero. Havia cinco dias até a abertura dos portões
A produção já trabalhava sob pressão quando veio a notícia. Quarenta minutos de tormenta bastaram para desmontar boa parte da montagem e colocar em xeque meses de trabalho. Foi nesse contexto que Bruno Veronezze, diretor de parcerias do South Summit Brazil, recém-chegado ao time, entendeu que seu primeiro ano no evento seria também o primeiro grande teste de resiliência.
“Foram mais de dois mil metros quadrados de telha substituídos faltando cinco dias para o evento. Eu tinha acabado de chegar em Porto Alegre quando fomos surpreendidos pela tempestade, e faço questão de destacar a calma do nosso diretor de produção. Se não fosse a tranquilidade dele no meio do caos, trazendo todo mundo e reconstruindo o evento, o South Summit não teria acontecido”, narra o diretor no Podcast Green Room.

A crise trouxe à tona uma cultura interna que entende que problemas não devem transbordar para o público. Neste panorama, reinou a lógica dos dois eventos: o que a equipe vê e o que o visitante experimenta. E a edição marcada pela destruição prévia terminou com o maior NPS da história do South Summit Brazil.
Superação de mãos dadas com planejamento
A superação não explica sozinha o resultado. A cada edição, o evento vem consolidando uma visão que redefine o papel das marcas e reposiciona o modelo tradicional de feiras, megaestruturas e ativações genéricas. Para Veronezze, essa mudança já não é tendência, é uma decisão de mercado.
“Nós não somos uma feira. Não queremos ser uma feira. Não é sobre quem tem o maior cheque, mas quem tem a maior relevância para aportar valor no evento. Aqui eu entrego o stand pronto. O maior que temos possui 30 metros quadrados. Quando uma marca me diz que, em outro evento, existe um espaço de 300 metros, eu respondo: qual é o seu objetivo lá e qual é o seu objetivo aqui? É essa clareza que determina tudo”, pontua
A morte do modelo tradicional não significa ausência de presença, mas sim a necessidade de presença com propósito. Grandes marcas seguem no South Summit, mas passam por uma lógica de co-criação, e não de compra automática de catálogo. Cada ativação precisa resolver uma dor real, não apenas ocupar espaço. A Renner, por exemplo, assinou o barco da plataforma Woman at South Summit com rodas de conversa, mentorias e encontros liderados por nomes que dificilmente estariam tão acessíveis em outros contextos.
“A palavra de ordem para nós é co-criação. Não dá pra entender a estratégia de negócio de 100% dos partners, mas quando a marca entra no jogo, traz o contexto real dela e nos ajuda a ajustar cada detalhe, chegamos a uma entrega que nenhum catálogo de ativos conseguiria oferecer”, reforça Veronezze.

Mas é nas ruas internas do Cais Mauá que a mudança se evidencia com mais força. O encontro casual — e frequente — entre presidentes de grandes empresas, gestores de fundos, empreendedores e representantes do poder público fez nascer um valor intangível, difícil de replicar e, ao mesmo tempo, essencial à construção de negócios.
“Nosso maior valor está no corredor. Poucos eventos do mundo têm isso. Você vê a Luiza Helena Trajano andando de um lado para o outro, o governador, o prefeito, executivos de grandes bancos e fundos conversando no meio do público. Um parceiro me disse que ficou parado na grade contando quantas pessoas relevantes encontrou e quantas reuniões gerou ali mesmo. Fez tudo quatro em minutos. Esse é o nosso diferencial. Um evento é feito por pessoas”, explica o Diretor.
Essa perspectiva também redefine uma pergunta recorrente: por que um evento desse porte acontece no extremo sul do país? A resposta está no conceito de vivência. “Quem vai a Porto Alegre não passa para “dar uma olhada”, mas para imergir, circular pelos side events, assistir ao pôr do sol no Guaíba, embarcar nos barcos de relacionamento e dedicar dias inteiros à construção de diálogos’, finaliza Veronezze.
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