Pequenas empresas de tecnologia enfrentam um desafio singular: competir em um mercado altamente dinâmico e saturado, onde a diferenciação é essencial para o sucesso. Nesse contexto, a construção de uma marca forte e atraente é fundamental, e o brand experience desempenha um papel central em todo esse processo.
Quando ingressei no mundo tech, compreendi que a abordagem tradicional não poderia ser simplesmente imitada, especialmente no cenário B2B e financeiro, como é o meu caso. É crucial que as empresas também incorporem criatividade em suas estratégias para alcançar públicos específicos de forma mais eficaz, ao invés de apenas reproduzir o que as grandes marcas fazem. Pode até funcionar? Há uma chance de 50%, porém, especificamente nesse mercado, ainda mais em startups, esse 50% já é um indicativo de que não é sustentável.
Como CMO de uma fintech, defendo a importância do brand experience em nosso setor. A marca vai além de simples transações financeiras, moldando a percepção dos clientes sobre nossa empresa e influenciando suas decisões de longo prazo. No caso de uma marca que trabalha com tecnologia, software, entre outros, não é tão fácil tangibilizar como para uma marca de tênis. Não se resume a dar o produto na mão do usuário e mandá-lo correr para ver se é confortável; isso não convence. Foi nesse ambiente altamente competitivo e desafiador que percebi que a diferenciação proporcionada por uma experiência de marca excepcional pode ser o fator determinante para o sucesso, sem a necessidade de gastar milhões de reais ou criar algo mirabolante. É importante entender quem é o seu público e o que o motiva.
Um exemplo que sempre cito é o público interno. Muitas empresas escolhem o kit de boas-vindas para novos funcionários sem entender o perfil de seus colaboradores e como eles se relacionam com a cultura da empresa. Gastam rios de dinheiro com itens como canecas, canetas e mochilas, quando, na verdade, aquele time pode preferir um aumento de R$ 30 no vale alimentação. A forma como cativamos, encantamos e envolvemos o público interno e qualquer outro público é o brand experience. Tudo é marca, desde o momento de boas-vindas até a apresentação do dia a dia.
Quando falamos sobre empresas de tecnologia, a experiência de marca é especialmente crucial devido à natureza digital e inovadora de nossos serviços. Através de uma interface intuitiva, comunicação transparente e soluções personalizadas, podemos criar uma conexão emocional com nossos clientes, construindo confiança e lealdade em um mercado dinâmico e em constante evolução.
Investir nessa área não se limita apenas a aspectos tangíveis, como design de produtos e interfaces de usuário. Também se trata de garantir uma consistência em todos os pontos de contato, desde o primeiro contato até o suporte no pós-venda. Cada interação com nossa marca deve refletir nossos valores, visão e compromisso com a excelência.
Além de melhorar a satisfação do cliente, uma forte brand experience pode impulsionar o crescimento e a aquisição de novos usuários. Clientes satisfeitos se tornam defensores da marca, compartilhando suas experiências positivas com amigos e familiares e expandindo nossa base de clientes de forma orgânica. É importante compreender que é normal não saber exatamente o que gera essa experiência; trata-se de tentativa e erro e de um material vivo. Lidamos com consumidores, com seres humanos, e eles mudam com o tempo e com as perspectivas. É fundamental que nossa marca acompanhe essas mudanças ou, pelo menos, tenha clareza de que elas são totalmente possíveis de acontecer.
As fintechs devem priorizar a brand experience em sua estratégia de marketing. É um investimento essencial que não apenas diferencia nossa marca no mercado, mas também impulsiona o sucesso a longo prazo, garantindo uma posição de liderança em um setor altamente competitivo.
*Eduarda Camargo é CMO e responsável pela aquisição de novos clientes na fintech Portão 3, uma plataforma de gestão de despesas e viagens corporativas para mais de 800 empresas da América Latina.
COMPARTILHAR ESSE POST