A desaceleração da inflação dos alimentos ainda não se traduziu em alívio no bolso do consumidor. Dados do primeiro semestre de 2025 mostram que, mesmo com preços subindo em ritmo mais lento, as vendas em unidades no varejo alimentar registraram queda de -1,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior. O crescimento de 5,8% no faturamento do setor foi impulsionado quase exclusivamente pela alta de 7,3% nos preços, sem ganho real em volume, segundo dados da Scanntech.
O comportamento de compra revela um consumidor mais cauteloso: o ticket médio por visita cresceu 6,2%, mas o número de itens por compra caiu 1%, e as visitas às lojas recuaram 0,4%. A retração reflete um cenário econômico de juros altos e aumento da inadimplência, que também impactou o Índice de Confiança do Consumidor da FGV, com queda de 0,8 ponto percentual entre maio e junho.

Em paralelo, categorias como frutas, legumes e ovos conseguiram avançar, enquanto a cesta de mercearia básica foi a que mais perdeu volume, pressionada pelos preços mais altos. Na análise mês a mês, apenas janeiro e abril tiveram desempenho positivo — este último impulsionado pela sazonalidade da Páscoa.
Março e junho foram os piores momentos do semestre, ambos com queda de -4,1% no volume de vendas. Mesmo nesses períodos, o faturamento cresceu de forma modesta, com alta de 1,3% e 3,2%, respectivamente, o que reforça a mudança de comportamento do shopper: mais racional, mais seletivo e cada vez mais impactado pelo peso do orçamento.
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