O assunto do momento no mundo do Marketing é a saída de Eduardo Tracanella do cargo mais alto do Marketing do Itaú. Os jornais Valor Econômico e Brazil Journal noticiaram na sequência que a demissão teria sido por conta do mau uso do cartão de crédito corporativo e confirmado pelo banco em comunicado interno aos quase 300 colaboradores do departamento de Marketing do Banco. Hoje, o banco oficializou o motivo.
Outras fontes noticiaram, também, que o executivo teria tido vantagens indevidas em contratos da área. Uma coisa é fato: algo de muito errado aconteceu – afinal, um executivo e sócio não sai da noite para o dia dessa posição – e o tempo vai dizer como já aconteceu em outras ocasiões. Agora, eu te pergunto: qual é a novidade? Nenhuma. E não estou falando deste caso Tracanella e Itaú.
Infelizmente, o Marketing segue sendo uma área muito suscetível à corrupção. De novo: não estou falando do caso Tracanella e Itaú, mas de inúmeros casos que muito de nós sabemos e vivemos na pele. Vou te contar uma: o ano era 2007. Eu tinha 25 anos e o Mundo do Marketing caminhava para o seu segundo ano. Uma executiva comercial disse que conseguiria um patrocínio muito bom de uma grande marca caso oferecêssemos “uma comissão” a mais duas pessoas. Na mesma hora, a demitimos.
Antes disso, em uma área de comunicação em que trabalhei, vi notas e notas fiscais de gráficas sendo usadas para servirem de prestação de contas de materiais que nunca foram impressos. Corta para 2024 e o que temos visto é a cena se repetir em casos de “agrados” recorrentes que ainda acontecem. Já ouvi de diversos executivos sobre as ofertas de corrupção que eles recebem praticamente todos os dias para aprovar um projeto, uma verba, um patrocínio, um serviço e até um mísero convite para eventos.
Enquanto isso, há um grande esforço das empresas (ou pelo menos um discurso) na questão de governança corporativa. Ironicamente, em muitas delas, é o Marketing quem comanda ou está muito envolvido em iniciativas sociais, sustentáveis e de governança – o famoso ESG. Quanta hipocrisia, não?
O Marketing é a área em que temos contato e vemos essas coisas acontecerem, mas infelizmente vivemos em um país em que essas práticas não são “privilégio” do Marketing. Já vi extrato bancário de escritório de advocacia fazendo pix para desembargador. É triste e é um problema endêmico da nossa sociedade.
Casos como o que aconteceu com Tracanella e Itaú, sendo verdade ou não o que vem sendo alastrado, infelizmente, devem servir de aprendizado para que os profissionais de Marketing e a extensa cadeia de fornecedores da área realmente tenham uma mudança de postura.
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