Em um mercado de Marketing inundado por conteúdos cada vez mais parecidos entre si, Bernardo Brandão, atual CMO da Nuvemshop, recomenda uma postura clara para os profissionais da área. "Precisamos nos provocar o tempo todo a desaprender para aprender novamente", enfatiza o experiente profissional, confirmado como um dos palestrantes do CMO Summit 2025.
Com mais de 20 anos de trajetória, Bernardo já passou por gigantes como LinkedIn, Oracle e RD Station — empresas onde ajudou a construir estruturas robustas de Marketing B2B, implementar máquinas de inbound e desenhar estratégias de growth. Mas o que mais chama atenção no executivo, hoje, é seu olhar atento para os rumos da profissão em meio ao avanço acelerado da inteligência artificial. “Vale mais o que você fez no último ano do que nos últimos 15”, afirma Bernardo ao refletir sobre a velocidade de transformação do Marketing contemporâneo.
Para ele, os métodos consagrados, como o conteúdo orgânico de longa cauda e o playbook clássico de inbound Marketing, já não são mais tão eficazes. “Eu posso pegar o playbook que fiz em 2018 na RD, mas ele não funcionará na Nuvemshop”, comenta.
Essa constatação não é apenas uma crítica ao passado, mas um alerta para o presente. Segundo o executivo, a ascensão da IA generativa democratizou a produção de conteúdo a um ponto em que tudo começa a soar igual. “Sou eu e mais 100 empresas fazendo a mesma coisa com o mesmo prompt. A tendência é que tudo fique cada vez mais parecido”, pontua.

IA: uma revolução com data de ontem
Um pioneiro digital, se lembra dos primórdios da carreira, quando assistiu de perto o desenvolvimento da internet comercial ao ocupar a cadeira especialista de produtos da iG entre os anos de 2002 e 2003.
Comparando passado e presente, o profissional avalia que a IA é uma mudança tectônica, tal como o nascimento da internet. Os ciclos de inovação estão se encurtando a uma velocidade inédita. “Cada modelo novo do GPT é uma nova forma de resolver problemas antigos ou criar soluções para novos desafios. E isso acontece em semanas”, reflete.
Nesse cenário, ele acredita que a IA não substituirá profissionais de Marketing, mas sim os que não souberem usá-la. “O profissional que sabe IA substituirá o que não sabe. Simples assim.” Por isso, sua principal recomendação a novos profissionais não está ligada a cursos ou certificações formais, mas à prática autodidata: testar, aprender fazendo, ser curioso, sem esperar o auxílio de um especialista.
Em meio a tantas rupturas tecnológicas, Bernardo destaca uma base que permanece sólida e mantém a relevância ao longo do tempo. “Conhecimento de cliente, clareza de posicionamento, narrativa que engaja…isso não muda. Quanto mais a tecnologia se torna acessível, mais as marcas precisarão se diferenciar por aquilo que a IA ainda não consegue entregar: significado, conexão, e originalidade, que são os componentes da alma de um negócio”, pontua.

Carreira marcada por pioneirismos
Ao olhar para trás, Bernardo percebe que sua trajetória se confunde com a própria história do Marketing Digital no Brasil. O CMO construiu sua carreira no Marketing acompanhando — e muitas vezes antecipando — as grandes transformações do setor nas últimas duas décadas.
De portais financeiros em tempos pré-Google até a liderança em empresas nativas digitais, sua trajetória percorre os bastidores da digitalização dos negócios no Brasil e na América Latina. Sua entrada oficial no mercado foi em 2000, no Investshop.com, portal financeiro pioneiro e spin-off do banco Bozano Simonsen. Lá, ainda antes da popularização do termo "UX", Bernardo desenhava jornadas digitais e criava protótipos em HTML — tudo do zero, com ferramentas como Dreamweaver.
Na sequência, passou pelo portal iG, onde liderou o reposicionamento da editoria de economia, e, logo após, ingressou na Reuters (2003-2012), que mais tarde se tornou Thomson Reuters. Foi sua primeira grande experiência em uma multinacional. Como gerente de Marketing da América Latina, trabalhou com software financeiro e viveu uma década de aprendizado intenso no Marketing B2B tradicional.
Mas foi no LinkedIn, em 2012, que sua carreira deu um salto. Bernardo foi o primeiro Head de Marketing da empresa no Brasil e um dos responsáveis por estabelecer a operação local. Ele entrou quando o escritório ainda estava começando. “Fui o décimo funcionário. Em 40 dias, eu já estava no palco lançando o primeiro produto”, relembra.
Liderando o lançamento do LinkedIn Recruiter na América Latina, Bernardo ajudou a transformar a percepção do LinkedIn de uma simples rede social para um hub estratégico de recrutamento e employer branding. Ele foi peça-chave na implementação de uma máquina de Inbound Marketing e geração de pipeline — algo ainda raro no Brasil naquele momento.
O sucesso no LinkedIn o levou à Oracle, onde o CMO saciou o desejo de trabalhar para uma gigante global. Por lá, aplicou a sólida bagagem de inbound para lançar a Oracle Marketing Cloud na América Latina. Em seguida, assumiu a liderança da vertical de advertising e growth da Oracle na região. Sua missão: criar uma estrutura escalável de Marketing em um ambiente dominado por vendas outbound.
Em 2018, aceitou o convite para ser VP de Marketing da RD Station. Lá, liderou rebranding, expansão do evento RD Summit e a implementação de um modelo híbrido de PLG (Product-Led Growth) e Sales-Led Growth. Sob sua gestão, a empresa cresceu e acabou sendo adquirida pela TOTVS por mais de R$ 2 bilhões.
Desde o fim de 2023, Bernardo é o CMO da Nuvemshop, plataforma de e-commerce com mais de 150 mil lojistas na América Latina. Segundo ele, a empresa reúne o tamanho da RD no auge com os desafios iniciais de uma scale-up. “A Nuvemshop me parece muito a RD do começo, mas com o tamanho que a RD levou anos para alcançar”, compara.

Expectativas para o CMO Summit
Para Bernardo, o CMO Summit extrapola a esfera de um simples evento e se transforma em uma oportunidade valiosa de aprendizado e conexão com outros líderes de Marketing. “Gosto de ouvir como outros profissionais estão resolvendo os mesmos desafios que eu vivo. É um benchmark vivo”, explica.

Além do networking, ele pretende contribuir com sua experiência ao abordar um tema que conhece bem: como liderar a área de Marketing ao entrar em uma nova empresa. “Já passei por isso algumas vezes. Quero compartilhar aprendizados sobre os primeiros 30, 60, 90 dias de um líder de Marketing, o que olhar, o que priorizar e quais armadilhas evitar”, finaliza.
Garanta seu lugar no CMO Summit e escute de perto os ensinamentos compartilhados por um pioneiro do Marketing nacional. Inscreva-se já!.

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