O setor de eventos de negócios vive um momento inédito em São Paulo. No primeiro semestre de 2025, a cidade registrou um aumento de quase 20% no número de encontros de grande porte em comparação ao ano anterior, alcançando um recorde histórico no período pós-pandemia.
Foram mais de 600 eventos e 3,2 milhões de visitantes, número 15% superior ao de 2024, consolidando a capital como epicentro de um mercado que se fortaleceu diante das adversidades recentes.
Feiras em alta
O barômetro conduzido pela UBRAFE (União Brasileira de Feiras e Eventos de Negócios) ajuda a dimensionar esse avanço. Os dados apontam para um cenário curioso: embora representem apenas 13% do total de eventos, as feiras concentram cerca de 70% do público participante.
A explicação está na capacidade desses encontros de reunir comunidades em torno de propósitos bem definidos, o que garante um alcance muito maior que convenções ou reuniões corporativas, geralmente mais restritas.
“O formato feira reúne comunidades e comunidades que se encontram através de propósitos. O conceito de comunidade é muito amplo e os propósitos comuns são muito bem definidos, as pessoas se encaixam muito bem. Isso faz com que estes encontros tenham uma boa magnitude”, disse Paulo Octavio, Presidente Executivo da UBRAFE, no segundo episódio do podcast Green Room.

Um entrave complexo
Apesar do crescimento consistente, entraves estruturais e regulatórios ainda pesam sobre o setor. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), concebida sob uma lógica industrial e linear, é apontada como o maior obstáculo. A legislação não contempla a dinâmica peculiar dos eventos, que dependem de mão de obra intermitente, atividades noturnas e montagem aos fins de semana.
“O primeiro grande entrave é subir um Himalaya que chama-se CLT. A Consolidação das Leis do Trabalho foi pensada para uma empresa tradicional, linear, e não para um setor marcado por prestação de serviço intermitente. A legislação trabalhista está há 70 anos praticamente intocada, sem considerar formatos híbridos, equipes temporárias ou até profissionais que atuam em outros países. Seguimos presos a uma lei antiquada, que não entendeu a dinâmica do setor de eventos”, criticou o presidente.

Se, por um lado, a regulação emperra o avanço, por outro, o associativismo emerge como uma ferramenta estratégica. A pandemia expôs a vulnerabilidade das empresas que atuavam isoladamente e levou a UBRAF a ampliar seu escopo, reforçando o papel das associações como interlocutoras legítimas junto ao poder público. Essa articulação coletiva passou a ser vista como condição para que pleitos ganhem força e se traduzam em mudanças efetivas.
Dentro dessa agenda de fortalecimento, um marco será a Experience Expo 2025, que acontece nos dias 8 e 9 de dezembro, no Expo Center Norte. O evento foi concebido para reunir todo o ecossistema, de expositores a fornecedores, com conferências gratuitas e lineares no mesmo espaço da feira. A expectativa é receber até 90 expositores e 3,8 mil participantes, consolidando-se como vitrine de tendências, tecnologia e sustentabilidade em eventos B2B.
A soma de números recordes, novas iniciativas e maior coesão institucional aponta um setor que aprendeu com a crise e agora busca consolidar-se em bases mais sólidas. Se os gargalos regulatórios ainda limitam o ritmo de expansão, os dados demonstram que a valorização do presencial e o fortalecimento da representatividade coletiva já reposicionaram os eventos de negócios no centro da agenda econômica.
A íntegra da conversa com o Presidente Executivo da UBRAFE está disponível no canal do Mundo do Marketing no YouTube.
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