No universo dos eventos, poucas marcas conseguem atravessar décadas sem perder relevância. A CASACOR, que em 2025 soma 38 anos de história, é um exemplo raro de como tradição e inovação podem conviver sem que uma anule a outra. À frente desse processo está André Secchin, CEO que assumiu a mostra em meio à pandemia, quando o setor enfrentava seu momento mais desafiador.
Convidado na estreia do podcast Green Room, iniciativa do Mundo do Marketing em parceria com a TD, Secchin trouxe à tona os bastidores dessa trajetória e explicou como a CASACOR se mantém atualizada diante de um público cada vez mais exigente e de um mercado em constante transformação
Não se trata apenas de preservar o nome de um evento consolidado, mas de entender como esse legado pode dialogar com novas formas de consumo, com a tecnologia e com o comportamento das gerações que passam a frequentar a mostra. Afinal, como renovar sem perder a essência?

A pandemia como divisor de águas
A transição de Secchin para o setor de eventos ocorreu em 2019, após a aquisição do Grupo Abril ao lado do empresário Fábio Carvalho. Coube a ele assumir a CASACOR no exato momento em que a pandemia paralisava atividades presenciais.
De um lado, o peso de uma marca com mais de três décadas de reconhecimento; do outro, a impossibilidade de realizar o evento que lhe dava forma. A saída foi buscar alternativas que mantivessem vivo o vínculo com o público e os patrocinadores.
Uma das soluções testadas em 2020 foi espalhar contêineres decorados em praças e pontos icônicos de várias cidades. A estratégia garantiu visibilidade e, sobretudo, cumpriu compromissos assumidos com parceiros comerciais.
Mas foi em 2021, com a retomada parcial, que a CASACOR consolidou mudanças mais estruturais. O modelo de agendamento de visitas, inspirado em salas de cinema, passou a organizar o fluxo de visitantes e se mostrou tão eficiente que permanece até hoje.
“O visitante reservava um horário, entrava e vivia a experiência com mais tranquilidade. Era uma imposição sanitária, mas percebemos o ganho operacional e de experiência. Controlamos melhor o fluxo, entendemos melhor o público e, principalmente, oferecemos uma visita mais qualificada. Essa foi uma das heranças positivas da pandemia”, disse Secchin.

O DNA da inovação
A força da marca sempre esteve ligada à capacidade de traduzir o “espírito do tempo” por meio da arquitetura e do design. Mas a percepção de Secchin vai além: para ele, inovação não é sinônimo de digitalização, mas de sintonia com as transformações culturais e sociais.
“Inovar é estar em sintonia com o tempo em que vivemos. O público não quer apenas ver arquitetura, quer sentir tendências, viver experiências que expressem a cultura do agora. Mais do que tecnologia, inovação é sensibilidade. É captar o que está acontecendo nas ruas, na moda, na arte, e transformar isso em espaço, em cenário, em atmosfera”, acrescentou o CEO.

Foi a partir desse olhar que a CASACOR investiu em tecnologia própria de bilhetagem, capaz de mapear melhor o perfil de seus visitantes. O CRM estruturado em poucos meses permitiu compreender as curvas de interesse do público. Estes insights redirecionaram o evento, que passou a ser um espaço de lifestyle, ampliando parcerias com restaurantes, bares e marcas de consumo.
A curadoria tornou-se peça-chave nesse processo. A cada edição, o tema anual nasce de pesquisas em birôs de tendências e referências da moda, da arte e da arquitetura. O objetivo é propor reflexões que desafiem profissionais e marcas a irem além do óbvio, criando espaços que traduzam macrovisões do presente e antecipem cenários futuros.
O equilíbrio entre tradição e novidades
Preservar a identidade sem estagnar é um exercício constante. A CASACOR mantém sua essência ao oferecer a arquitetos e designers a oportunidade de experimentar estilos e linguagens em ambientes reais, com liberdade criativa e alto grau de visibilidade. Essa fórmula, considerada “mágica” por Secchin, é uma das razões pelas quais os concorrentes dificilmente alcançam o mesmo patamar.
“Não convidamos uma associação, convidamos um profissional. Ele chega com liberdade total para criar, para mudar de estilo, para arriscar. É isso que faz da mostra uma plataforma única. Claro que existem outras feiras, mas a barreira de entrada para um evento do nosso porte é enorme: são mais de dez mil metros quadrados só em São Paulo. Essa escala nos coloca em outro patamar”, afirmou.
Ao mesmo tempo, novas práticas foram incorporadas. O uso intensivo de dados para personalizar experiências, a diversificação de marcas participantes — que hoje incluem desde gigantes da construção até empresas de cosméticos, bebidas e instituições financeiras — e a criação de espaços exclusivos para ativações especiais, como o Speakeasy CASACOR, mostram como a mostra se reinventa sem abrir mão do que a consagrou.
A própria expansão geográfica obedece a essa lógica. O modelo de franquias adotado desde os anos 1990 permitiu que o evento se espalhasse por 19 cidades brasileiras e três no exterior. Cada edição mantém o padrão de qualidade definido pela matriz, mas incorpora traços regionais que tornam a experiência única. Essa combinação garante consistência sem apagar a diversidade cultural.
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