O mercado de influência, como o conhecemos hoje, teve seu início nos blogs e no YouTube. Acompanhei no começo dos anos 2000, as primeiras blogueiras de moda, culinária e outras áreas que começaram a atrair leitores fiéis, compartilhando dicas e experiências pessoais. Rapidamente, essas plataformas se tornaram uma ponte poderosa entre marcas e consumidores, enquanto o YouTube permitia que criadores explorassem vídeos como uma nova linguagem de comunicação. Isso abriu as portas para uma nova economia, onde a autenticidade dos enunciadores começou a gerar resultados tangíveis para as empresas, criando nomes que hoje são referência e viraram empresários, como Felipe Neto.

Com o surgimento do Instagram, a criação de conteúdo foi revolucionada. A plataforma simplificou o processo, tornando-o mais acessível para qualquer pessoa que quisesse compartilhar seu dia a dia ou criar um negócio digital. Fotos bem produzidas e vídeos curtos eram mais fáceis de produzir do que blogs mais extensos e vídeos longos do YouTube. Além disso, a conexão visual direta com o público ajudou os influenciadores a se consolidarem como vozes confiáveis.

O TikTok chegou como a revolução definitiva. Seu algoritmo disruptivo permite que qualquer criador, independente do número de seguidores, possa alcançar milhões de pessoas. Isso abriu espaço para novos talentos, como o Luva de Pedreiro, um exemplo claro do poder da plataforma. Com vídeos despretensiosos mostrando suas habilidades no futebol, ele se tornou um fenômeno global em poucos meses, acumulando milhões de seguidores e contratos com grandes marcas. Porém, sua trajetória também ilustra os desafios do mercado: sem informação ou regulamentação, muitos criadores enfrentam exploração por parte de terceiros e acabam não recebendo a devida compensação financeira pelo seu trabalho. O documentário sobre o Luva de Pedreiro que está no streaming destaca essa realidade e é uma referência valiosa para entender como o sucesso meteórico pode vir acompanhado de vulnerabilidades que precisam ser enfrentadas.

Na minha trajetória, acompanhei e participei de cada momento no desenvolvimento desse mercado. Meu primeiro contato foi com o influenciador Jacaré Banguela (por onde anda?), que contratei para uma campanha da Epson nos primórdios desse movimento. Em seguida, trabalhei com blogueiras de moda no início do Fhits, uma das primeiras plataformas a profissionalizar o mercado de influenciadores no Brasil.

Já na Salon Line, tive o privilégio de liderar um dos programas de influência mais completos do país. Trabalhamos com celebridades e grandes nomes, como Camila Loures e Kéfera, além de influenciadoras pioneiras como Tatiele Alcolea e Karol Pinheiro. Também implementamos um dos primeiros programas de micro influenciadores no Brasil, que ampliou as oportunidades para criadores menores e ajudou a consolidar o mercado como ele é hoje, virando referência no mercado.

Em 30 de novembro foi celebrado o Dia do Influenciador (quem diria, hein?), uma data instaurada em Itanhaém/SP, Votorantim/SP e Rio de Janeiro/RJ, importante para refletirmos sobre o impacto dessa profissão e o caminho que ainda temos a percorrer. O mercado de influência representa mais do que vendas e campanhas; é um campo que possibilita expressão, conexão e transformação social. Com regulamentação e incentivos, podemos construir um ecossistema mais justo e sustentável, que beneficie criadores, marcas e todos os envolvidos. Afinal, os influenciadores são peças-chave para a comunicação moderna e seu trabalho merece ser valorizado e respeitado.