O período da pandemia marcou diversas mudanças nas relações de trabalho. Subitamente, profissionais que nunca haviam passado por experiências em home-office se viram inseridos em um modelo de trabalho remoto - uma bênção para uns, um pesadelo para outros.
Inicialmente, a experiência de trabalho digital foi bem aceita pelas empresas, que começaram a contratar novos funcionários para trabalhar em dinâmicas remotas e, com o fim da pandemia, regimes híbridos. Naturalmente, nem tudo são flores, e com o tempo, algumas empresas passaram a notar desafios específicos aos regimes remotos.
Por exemplo, 52% das empresas apontaram que a implementação de uma cultura organizacional em modelos remotos ou híbridos é o maior impeditivo para a boa execução da rotina de trabalho nestas modalidades, de acordo com 4ª edição da Pesquisa de Trabalho Flexível e Remoto 2022 da Mercer Brasil.
Durante a palestra “Liderança Digital: como gerenciar times remotos e múltiplos projetos simultaneamente”, parte da agenda do CMO Summit, Thiago Rodrigues, Diretor de Operações da Transformação Digital, apontou caminhos para líderes empresariais na gerência de modelos de trabalho flexível possam garantir a plena assimilação da cultura empresarial por parte dos colaboradores.
Cultura de dentro para fora Segundo Rodrigues, o primeiro passo para que os colaboradores consigam assimilar as nuances da cultura de uma empresa deve ser dado antes mesmo da contratação. “Quando olhamos para dentro da nossa empresa, conseguimos evidenciar melhor nossa cultura e entendemos quem são as pessoas que queremos trabalhando conosco”, explica.
O Diretor deixa claro que o processo não está relacionado à demissões de pessoal. Pelo contrário, ao evidenciar a própria cultura, todo o processo de contratação de novos profissionais será pautado pela busca por parâmetros e habilidades compatíveis com a organização. “É preciso deixar bem claro para o mercado que tipo de pessoas, que tipo de habilidades, que tipo de recursos humanos e técnicos esperamos dentro do nosso time”, prossegue.
A importância deste passo, crucial para a sintonia entre empresas e profissionais que, na maioria dos casos, não se conhecem, está diretamente ligada à necessidade de reduzir os atritos provocados pelas individualidades de cada colaborador. “Pode ser que as diferenças construam, ao passo que elas também podem se transformar em problemas, não só de ordem pessoal, mas também em questões sobre o que a empresa acredita contra o que o colaborador acredita, como estilos de trabalho e questões políticas”, adverte Rodrigues.
Logo, empresas com culturas bem definidas, visíveis a potenciais futuros funcionários, deixam claro todo o DNA operacional da organização, suas convicções, posicionamentos e missões. “Isto se traduz em um fator psicológico importante para que as organizações possam atrair profissionais compatíveis e repelir pessoas que não estão tão alinhadas com a cultura da empresa”, pontua o Diretor.
Projetos são maiores que pessoas
Outro aspecto importante para a assimilação da cultura organizacional por parte de equipes remotas ou híbridas é deixar claro que os projetos sempre serão maiores do que as pessoas que trabalham neles. “Quando trabalhamos com pessoas com backgrounds e experiências diferentes, teremos soluções diferentes para um mesmo objetivo. Em culturas mais frágeis, isto pode desencadear discussões opinativas que farão com que as equipes se desentendam e percam o projeto de vista. É mais importante chegar ao objetivo do que entender quem tem razão”, afirma Rodrigues.
Seguindo o caminho de gestão de pessoas, o Diretor destaca a importância de que os líderes ouçam as opiniões dos integrantes do time, sem deixar de lado o papel de tomar a decisão final. “Por isso é importante deixar claro que o projeto é maior que todo mundo. Empresas crescem dessa dessa forma, e se a empresa cresce, todos crescem”, complementa.
Outro aspecto fundamental para o sucesso de líder digital é a ciência de que o ambiente virtual é diferente do ambiente físico, e portanto, exige habilidades e percepções diferentes das habituais. “Precisamos ser cuidadosos quanto aos vieses das relações que nutrimos, tomando cuidado com a maneira como nos relacionamos com as pessoas no presencial no digital. É muito comum ver líderes com dificuldades em gerir relações híbridas, porque são maneiras diferentes de trabalhar no dia-a-dia”, finaliza o Diretor.
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