A ida ao cinema sempre foi – e continua sendo – um ritual coletivo inquestionável. Em um cenário cada vez mais digitalizado, onde múltiplas telas competem pela atenção do consumidor, o cinema preserva algo que nenhuma plataforma consegue replicar totalmente: a vivência compartilhada da grande tela. As bilheterias, inclusive, vêm mostrando sinais consistentes de aumento ano após ano, reforçando que a magia da sala escura continua crescendo.
Como bem apontou Theodore Levitt em seu clássico artigo “Marketing Myopia” (1960), as empresas que prosperam são aquelas que compreendem profundamente o negócio em que realmente estão inseridas. O cinema, portanto, não vende apenas filmes, mas oferece entretenimento, lazer, escapismo, memórias. E é justamente nessa interseção entre conteúdo e experiência que o trade marketing assume um papel estratégico importante.
O que é Trade Marketing quando falamos de cinema?
Tradicionalmente aplicado no varejo desde meados dos anos 90, o trade marketing sempre foi mais do que um elo entre marcas e canais: trata-se de uma estratégia que integra marketing, vendas e execução no ponto de venda, com foco na conversão. Quando transportado para o universo cinematográfico, esse conceito se expande e ganha novas camadas. Aqui, o trade marketing atua como um mecanismo estratégico de colaboração entre estúdios e redes de cinema, organizando esforços para transformar o ponto de venda, no caso, o cinema, em um local de encantamento.

Mais do que alinhar interesses comerciais, o trade marketing tem a missão de construir valor no contato direto com o público. Desde a comunicação visual até ações promocionais e ativações no foyer, ele participa da jornada de decisão com o objetivo de atrair, engajar e converter o espectador, transformando o momento da compra em parte essencial da experiência cinematográfica.
No cinema, o ponto de venda é carregado de simbolismo – não se trata apenas de uma bilheteria física ou digital, mas de um ambiente de imersão que começa no lobby e termina nas luzes se apagando. O trade marketing bem executado entende que tudo comunica: o pôster na entrada, o trailer no pré-show, o display instagramável, o combo temático.
Da estratégia à ação: quando o foyer vira mídia
Imagine o lançamento de um filme voltado para famílias, com forte apelo visual. O estúdio, em parceria com a rede exibidora, desenvolve materiais promocionais personalizados, ativa sessões especiais com brindes e ainda posiciona peças de merchandising no lobby como pontos de foto. Essa pode ser uma tradução prática do trade marketing: gerar desejo, engajamento e, acima de tudo, conversão.
Esse tipo de abordagem só é possível quando há alinhamento entre os elos da cadeia. O estúdio precisa entender a operação da sala, e a sala precisa entender a estratégia de marca do filme. Quando isso acontece, o resultado é alcançado: mais ingressos vendidos, mais experiência entregue e mais valor percebido.

O consumidor no centro da estratégia
As ações de trade marketing que funcionam melhor hoje são aquelas que reconhecem as novas expectativas do público. O consumidor quer participar, registrar, compartilhar. Ele busca conveniência, mas também encantamento. Por isso, estratégias que exploram dados de comportamento, regionalização de campanhas e até ativações digitais dentro do próprio cinema têm ganhado força.
Além disso, o consumidor passou a valorizar a coerência entre o que vê on-line e o que encontra no ponto físico. Trailers, conteúdo social e ambientação precisam conversar. Quando isso acontece, o funil de decisão é acelerado, e o valor da experiência se multiplica.
Conclusão: o novo papel do cinema e do marketing
Em tempos de tantas distrações e opções de entretenimento, não basta ter um bom filme. É preciso gerar movimento, relevância e conexão. O trade marketing, ao promover essa união entre conteúdo e canal, entre estratégia e experiência, se consolida como peça-chave para o sucesso dos lançamentos nas telonas.
O cinema segue firme e em plena evolução – mas agora, mais do que nunca, depende da capacidade de se posicionar de forma inteligente no exato ponto de contato com seu público. E é justamente aí que o trade marketing se revela não como um apoio, mas como uma estratégia decisiva. Porque, em um mercado competitivo e dinâmico, não basta ter um bom filme, é preciso garantir que ele seja visto, desejado e vivido. Toda grande história precisa de um ponto de partida. No cinema, ele se chama ponto de venda.
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