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O Público-alvo e a ascensão da Comunidade

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Tempo de Leitura 6 min

Definir o público que uma marca deseja atrair costuma ser um dos primeiros passos do professional de marketing. Quanto mais focada for a descrição das pessoas que a marca quer atrair como clientes, mais fácil será o diálogo com elas, e mais rápido ela vai conseguir desenvolver e adaptar seus produtos para as necessidades dessas pessoas. Caso queira que alguém se interesse pela sua marca, demonstre interesse por ele primeiro.

Quando as marcas começaram a se preocupar em desenvolver um posicionamento claro no início dos anos 1970, uma das primeiras preocupações era com o que se chamava de Target Group, ou Público-alvo, o grupo de pessoas que mais provavelmente se interessaria por ela. Nesse momento da história era comum encontrar públicos-alvo definidos por dados demográficos e geográficos.

Essa forma de se definir público-alvo cumpriu seu papel e ajudou muitas marcas a se posicionarem no início do trabalho mais estruturado de marketing, e crescerem conquistando corações e mentes de muitos consumidores.

Com a chegada do mundo digital e sua profusão de informações sobre os hábitos das pessoas, o Big Data, a forma de descrição do público foi ampliada e passou a incluir características psicográficas tais como os interesses, valores e motivações das pessoas, e comportamentais como a jornada de compra, o consumo de mídia e como e quando os produtos e serviços são consumido. Esse aprimoramento do público-alvo levou à criação da Persona, personagens fictícios criados pelas marcas, uma descrição detalhada do consumidor padrão com a função de definir o perfil do consumidor ideal da marca e assim poder focar em um grupo muito específico de pessoas, selecionar as redes sociais onde anunciar, e consequentemente reduzir os gastos com a criação de campanhas.

Comunidade

O cortiço era o que era, uma casinha ao lado da outra no bairro da Mooca em São Paulo, e era onde Carlos Pescada morava. Saiu de lá para estudar, foi o primeiro da família a fazer faculdade. Casou-se com Dona Suely e teve dois filhos, Adriano e Alessandro. Adriano com cerca de três anos olhava bastante para o céu segundo sua avó, não entendiam, mas já era uma pista do que estava por vir.A família de hábitos simples não desistia de viajar todos os anos, pacotes, excursões, da forma que estivesse ao alcance, e todas envolviam deslocamentos aéreos, e para Adriano o avião era puro encantamento. Cada detalhe, cada cheiro, cada ruido, cada palavra era absorvida. A cereja do bolo vinha quando chegavam no hotel e descobriam que a tripulação do voo também estava hospedada ali. Aquelas pessoas, aqueles uniformes, a elegância, os sinais de poder fascinavam o menino, que já com 12 anos não escondia mais o sonho. O pai, que sempre nutriu uma paixão pela aviação, percebendo o comportamento do filho bancou, se você quiser seguir esse caminho, conte comigo.

Adriano aos 15 anos foi fazer o curso colegial em eletrotécnica em uma escola técnica na zona norte de São Paulo, próximo ao Campo de Marte, não podia ser  coincidência. Depois das aulas fazia missões exploratórias de como funcionava aquele universo e, claro, um dia levou o seu pai para conhecer. O pai não teve saída, filho, chegando a hora vamos começar esse projeto; e aos 17 anos quando o jovem poderia iniciar os cursos para se tornar piloto de avião, ele começou.

Fazendo os cursos e terminando a escola ele conseguiu seu primeiro estágio, e adivinhem, na VASP ou Viação Aérea São Paulo, antiga linha aérea do estado de São Paulo. Apesar de estar cada vez mais envolvido no ecossistema da aviação ele se sentia só, pois não tinha um padrinho, um familiar, um amigo, uma referência para ensinar o caminho das pedras, e a VASP prometia aos estudantes de eletroeletrônica uma formação em mecânico aviônico. De repente estava trabalhando de mecânico de boeing na pista do aeroporto de jaleco, protetor auricular, liberando os aviões para o próximo voo. Sonho quase realizado, seguramente a caminho.

Morando ainda com os pais, passou a separar o salário exclusivamente para comprar horas de voo. Logo passou a piloto privado e depois, piloto comercial.

Entrou na faculdade e o único pré-requisito era não ser período integral para poder dedicar-se a pilotar. A escolhida foi física na USP. Dava aulas de inglês na Fisk, mas queria mesmo voar, porém queria ter um diploma. Chegou um ano eleitoral e um amigo deu a dica de que em Goiás candidatos precisavam de pilotos para voar por todo o estado, e o convidou a irem juntos. Conversou com o pai, teria que pedir demissão da VASP, parar com as aulas de inglês, e trancar a faculdade para dedicar-se ao sonho, e recebeu o impulso, vá atrás do seu sonho meu filho. Voou sem remuneração por Goiáspor um ano e meio, em troca da experiência que as horas de voo traziam. Morava no hangar.

Voltou para São Paulo e teve que vender o carro para fazer aula no simulador e poder se candidatar a piloto nas grandes empresas. Conseguiu emprego na Transbrasil, passou por Varig e chegou na TAM, como copiloto de Fokker 100, aeronave que fez história. Passou como copiloto nos três aviões importantes, além do Fokker, o Airbus Nacional e o Airbus Internacional. Foi promovido a comandante em 2007. Adriano havia definitivamente encontrado sua comunidade.

Depois de tantos anos decidiu empreender e nada melhor do que desenvolver um produto ou serviço que resolvessem uma dor da comunidade que ele conhecia tão bem e havia convivido por tanto tempo, os aeronautas. O salário de quem trabalha com aviação é a soma de duas partes, a fixa que é pequena, e a variável que é muitas vezes definida por um algoritmo que distribui os voos entre todos. Em alta temporada ganhase bem, na baixa, nem tanto. Nessa última situação Adriano percebia a falta de planejamento financeiro dos colegas e como eles ficavam desconfortáveis com ela, e acabavam se endividando. Identificou a dor e percebeu que as recomendações de gerentes de banco não consideravam as reais dores da comunidade, e Adriano começou a oferecer, ainda constrangido, os serviços de assessoria financeira. Para sua surpresa os aeronautas adoraram a ideia e assim surgiu a Foquemos Investimentos.

Adriano se desligou da aviação em 2021 para se dedicar a servir uma comunidade que poucos conhecem como ele, e é dessa comunidade que a Foquemos tira seu sustento.

Comunidade pode ser definida como um grupo de pessoas que compartilham algo em comum, uma história, um objetivo, um hábito, uma crença, uma necessidade, uma profissão, um esporte.

O marketing para uma comunidade é uma estratégia que serve para engajar os consumidores, aproximando-se dos seus clientes atuais por meio de ações como a criação de fóruns online e a realização de eventos presenciais. A comunidade forma uma espécie de terreno estável onde a marca pode lançar suas fundações e tracionar para ajudar a atingir suas metas. É importante que você leitor encontre a sua, e a boa notícia é que elas surgem de tempos em tempos gerando oportunidades. Um exemplo é a explosão do jogo de beach tennis em São Paulo, arenas são construídas e marcas aspatrocinam como a XP Investimentos e o Banco BTG. Outros exemplos de comunidades para qual uma marca pode voltar os olhos, criar produtos e serviços e se posicionar são os trabalhadores na indústria hoteleira, os caminhoneiros, os ciclistas, e assim por diante, um grupo de pessoas que compartilham as mesmas necessidades, e que enfrentam os mesmos problemas e dores que sua marca poderá solucionar.

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Heitor de Vargas Cavalheiro Neto

Professor de Empreendedorismo, Marketing e Vantagens Competitivas e Comunicação Integrada do Curso de Administração da ESPM

Heitor de Vargas Cavalheiro Neto é Professor de Empreendedorismo, Marketing e Vantagens Competitivas e Comunicação Integrada do Curso de Administração da ESPM

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