Nos dias de hoje, o marketing corre contra o tempo. Campanhas que antes surpreendiam e marcavam a memória de diferentes gerações, agora competem em ritmo frenético para serem entregues em prazos curtos e sob pressão constante. O resultado é visível: ideias memoráveis se tornam raras, e a criatividade, que já foi diferencial estratégico, corre o risco de desaparecer.
O problema não é talento, é modelo de operação. Concorrências job a job, deadlines apertados e foco no menor preço transformaram o trabalho das agências em uma rotina de sobrevivência. Relatórios feitos pela Associação de Marketing Promocional (AMPRO) mostram que 74% das concorrências priorizam preço e 85% têm prazo inferior a dez dias. Com isso, o tempo que poderia ser dedicado a pensar estrategicamente se perde na pressa de entregar.
O efeito é claro: campanhas superficiais, esquecíveis, que dificilmente deixam marca.

No centro desse ponto está a relação entre cliente e agência, que vem se transformando ao longo do tempo. O que antes era marcado por projetos co-construídos, troca constante de ideias e um envolvimento próximo, hoje dá lugar a interações mais distantes: briefings enviados por e-mail, reuniões virtuais que substituem o contato humano e o conhecimento profundo do negócio do cliente que se tornou exceção. Essa mudança enfraquece a conexão necessária para inovar e faz o marketing correr o risco de se reduzir a uma execução mecânica, sem propósito e sem alma.
Resgatar a criatividade demanda visão e determinação. É preciso investir em relações duradouras, baseadas no valor da ideia e não apenas no preço. Participação ativa, diálogo contínuo e respeito pelo tempo necessário para criar estratégias robustas são essenciais. Quando anunciantes e agências agem juntos, não entregam apenas campanhas melhores: constroem marcas sólidas, criam serviços e produtos relevantes para os consumidores e impulsionam um mercado de comunicação mais potente e conectado às tendências.

O risco é silencioso, mas implacável. Priorizar apenas o preço, em detrimento da profundidade e da qualidade, não sacrifica só a criatividade: limita o potencial de transformar experiências, compromete a relevância das marcas e enfraquece todo o setor.
O marketing precisa desacelerar. Caso contrário, continuaremos a produzir campanhas que apenas existem, em vez daquelas que transformam marcas e experiências. A pergunta é: estamos criando ou apenas cumprindo prazos? A resposta define o futuro do setor.
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