A segunda quinzena de janeiro começou movimentada com o maior evento da Federação Nacional de Varejo dos Estados Unidos, a NRF 2023 (Retail’s Big Show) que aconteceu em Nova York. E eu, por mais este ano, tive a oportunidade de participar dessa edição, que trouxe muitas reflexões estratégicas que vão direcionar e lapidar a indústria para o destino do segmento, e é sobre a minha experiência que hoje compartilho alguns tópicos que servirão como bússola para esse ano desafiador que se inicia. Foram três dias de muitas informações - e se alimentar de novas perspectivas é o único meio provável para construir uma visão de varejo inovadora e garantir o sucesso no segmento que exige que, além de estarmos atentos, também estejamos aptos a nos transformar em um mundo vivo. Não se fala mais de negócios sem a ausência de tecnologia, mas o direcionamento do evento este ano nos trouxe o metaverso perdendo tração e apesar de ser de fato uma tecnologia disruptiva, exige um alto investimento para o panorama econômico atual. O tema de maneira alguma foi enterrado, mas perdeu relevância para iniciativas mais coerentes com o cenário mundial que vivemos. Em contraponto, a valorização da loja física, a necessidade de mais tecnologia no backoffice e o cliente no centro do negócio, assim como a personalização da experiência da compra, como o atendimento automático, foram pautas muito discutidas. A Amazon, por exemplo, exibiu a sua tecnologia de pagamentos conhecida como "Just Walk Out”, que possibilitará lojas físicas sem atendentes, trazendo a aclamada rapidez e praticidade tão desejada por todos. Um grande foco também na construção das marcas próprias, que tem o papel de fortalecer o relacionamento com o cliente. A Whole Foods é uma rede de supermercados americana que, foi apresentada como uma das líderes de marca própria, e desempenha muito bem esse papel de proximidade com o cliente por meio da qualidade e do bom custo-benefício dos produtos criados "dentro de casa". Falou-se muito sobre a palavra "emoção", que vem fortalecendo o discurso sobre a humanização, ideia defendida por CEO'S de grandes redes do varejo, como o CEO da Target que acredita até na relevância de não utilizarmos mais o nome "comprador" ou “consumidor”, mas de convidados para nos referirmos aos nossos clientes. Segundo ele, essa mudança faz menção a uma proximidade que se assemelha à relação de convidados e seu anfitrião. Falando ainda sobre humanização e como estreitar os laços com o nosso público, o fenômeno dos influencers e creators foi ressaltado como fundamental na conexão com a comunidade, com mensagens diretas e intimistas, a recomendação de profissionais deste ramo que se identificam com a marca gera credibilidade e fidelização. A ascensão do TikTok e seu reconhecimento como um dos principais canais de divulgação de projetos e iniciativas e como potente ferramenta de comunicação também foi abordado com visibilidade. Se torna impossível nos referirmos ao varejo sem um estudo sobre o perfil dos consumidores, e a geração Z teve seu lugar de destaque nas palestras, como sendo grande parte do público-alvo que determina prioridades e padrões de consumo, mas o início de um olhar para a geração A, que será a maior geração da História em poucos anos e a primeira com pessoas nascidas inteiramente na era digital, teve sua estreia na NFR 2023. Entre temas de poder - a diversidade e o ESG mais uma vez como centro, nos lembrando que não é mais possível avançar como sociedade e do ponto de vista de negócios sem abraçar essas questões, que já não podem mais ser ignoradas. Em tempos inflacionados, de alta de juros, instabilidade econômica, impacto no poder de compra, e um mercado cada vez mais concorrido, voltar a “raiz” do varejo, aprimorar a jornada do cliente na loja física e valorizar a cultura local são pontos cruciais e estratégicos para potencializar as vendas em tempos que pedem movimento. Os desafios, oportunidades e projeções do nosso setor foram consolidados nesse evento que nos norteia com maestria pelo o que está por vir, mas nos mostra que apesar das nuances que podem ocorrer de um ano para o outro, o cliente no centro não é tendência, mas sim valor permanente. Confira mais sobre a NRF: “Adotar tecnologia é possível, mas ainda temos medo”, diz CEO da Cake ERP *Elio França e Silva é Diretor Executivo do Grupo Guararapes.
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