O avanço do engajamento digital encontrou nas notificações mobile uma das expressões mais diretas da nova lógica de relacionamento entre marcas e consumidores. Com a expansão dos aplicativos e a integração cada vez mais orgânica entre dados, personalização e inteligência artificial, o push notification passou a ocupar o centro das decisões em Customer Engagement.
Na Netshoes, pioneira do e-commerce nacional, a virada veio com a constatação de que a comunicação genuína, antes restrita ao ambiente físico, precisava ser recriada no universo digital. “A gente é mais do que mobile first, é app first”, define Carolina Pimentel, gerente de Marketing da companhia, em participação no podcast Mundo do Marketing.
Todas as ações exclusivas, promoções e experiências diferenciadas são pensadas para quem mantém o aplicativo instalado e as notificações ativas. “Usamos dados preditivos para entregar experiências únicas, segmentadas e alinhadas ao comportamento do cliente”, afirma.

Essa lógica transformou o push em um canal de relacionamento contínuo, não apenas de conversão. Com mais de 7 milhões de clientes ativos, a Netshoes estrutura jornadas específicas para diferentes perfis — do carrinho abandonado às recomendações baseadas em histórico de compras. O foco é antecipar necessidades e evitar a fadiga das notificações.
No Mercado Bitcoin, a dinâmica é igualmente sofisticada, mas ditada por outro ritmo. O universo dos ativos digitais funciona sem pausas — 24 horas por dia, sete dias por semana — o que exige comunicação constante e sensível às variações do mercado. “Enquanto o mercado financeiro tradicional dorme, o mundo das criptomoedas está acordado em outro fuso. Precisamos estar preparados para conversar com o cliente em qualquer momento de oscilação”, afirma Giresse Contini, Diretor de Marketing da empresa.
As notificações, nesse contexto, atuam como ponte entre o comportamento de investimento e o acompanhamento em tempo real das flutuações. O canal tornou-se essencial para personalizar mensagens conforme o perfil, o horário de atividade e o tipo de ativo de cada usuário. “O push nos permite falar com a base sem ruídos intermediários. Ele se encaixa na estratégia de mídia e dá continuidade à jornada dentro do aplicativo, reforçando a coerência entre o impacto inicial e a ação final”, explica Contini.

A engrenagem do engajamento
A percepção de que o push é indispensável para sustentar o engajamento é compartilhada por Babi Chaves, Diretora de Resellers da Braze. Ela afirma que o canal deixou de ser opcional e se tornou peça obrigatória em qualquer arquitetura de comunicação em tempo real. O desafio — e o diferencial — está menos em enviar mensagens e mais em criar experiências.
“As pessoas dizem que push não converte, mas é porque a maioria dispara sem estratégia. Quando se entende quem é o cliente e como ele prefere ser abordado, o resultado muda completamente. A segmentação é o que garante conversão e retenção”, afirma.

Essa maturidade depende de um novo ecossistema de dados e tecnologia. Contini explica que as empresas precisam integrar data lake, CDP, CRM e analytics de forma contínua e inteligente. “Não dá mais para pensar Marketing sem pensar em tecnologia. As informações precisam circular entre os sistemas e retroalimentar as decisões. Cada sinal coletado deve gerar uma ação — e cada ação precisa voltar ao banco de dados para ser reinterpretada.”
O amadurecimento estratégico também passa por compreender o papel de cada canal. O e-mail ainda é relevante para curadoria e storytelling, mas o push é imediatista e precisa capturar atenção em segundos. A Netshoes estrutura campanhas em que o canal é definido pela intenção: push para urgência, e-mail para inspiração e WhatsApp para relações mais premium. “Não existe canal certo ou errado. Existe o canal preferido do cliente e o objetivo da mensagem”, resume Carolina.
Na avaliação dos executivos, o pensamento omnichannel é o que garante a sustentabilidade do engajamento. As marcas precisam não apenas reter clientes, mas mantê-los acionáveis. “Não basta base instalada, é preciso base acionável”, reforça Babi. A Braze defende campanhas específicas para incentivar a ativação das notificações, passo essencial para qualquer jornada.
Na Netshoes, o cruzamento entre dados declarados e comportamentais sustenta a personalização em larga escala. O Preferences Center reúne informações como time do coração, esporte preferido e marcas favoritas, combinadas a padrões de navegação e histórico de compras. “Uma base bem estruturada evita erros que podem arruinar a experiência. Imagine enviar uma oferta do time rival. Personalização é respeito ao contexto”, afirma Carolina.
O mesmo princípio se aplica ao mercado financeiro. No Mercado Bitcoin, além das taxas de abertura e clique, a atenção recai sobre o percentual de usuários com notificações ativas — indicador que define o real alcance da comunicação. “O comportamento do cliente vale mais do que qualquer dado estático. Saber quando ele compra, como consulta e em que momentos demonstra interesse é o que orienta uma comunicação verdadeiramente relevante”, destaca Contini.

O papel da IA
O próximo passo dessa evolução é a incorporação da inteligência artificial como motor da personalização em escala. Na Netshoes, a IA preditiva já antecipa necessidades de recompra e sugere produtos antes mesmo da busca do cliente. “Todos vamos usar IA, mas a diferença estará em quem souber mantê-la conectada à essência da marca. O toque humano é o que transforma dado em relacionamento”, reflete Carolina.
No Mercado Bitcoin, a IA começa a apoiar a criação de modelos que identificam perfis de investidor e sugerem momentos ideais de realização de lucro. “A inteligência artificial vai permitir que o analista de CRM pense, escreva e crie com mais eficiência, sem perder o controle da marca. É produtividade com governança”, completa Contini.
A convergência entre tecnologia e sensibilidade resume o futuro do Customer Engagement. O push notification, antes visto como simples lembrete, tornou-se o canal em que se expressa a maturidade das marcas: personalizar com propósito, comunicar com timing e construir fidelização a partir de dados vivos.
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