Vivemos em um tempo em que o “seguir em frente” se tornou palavra de ordem. Avançar, crescer, escalar. Em meio a metas contínuas e reinvenções constantes, muitas vezes esquecemos que parar também é uma decisão estratégica. E mais do que isso: parar pode ser um ato de coragem.
Se a vida fosse uma pirâmide como a que Maslow descreveu, eu passaria anos subindo cada degrau, buscando segurança, construindo relacionamentos e conquistando reconhecimento. Foi assim que vivi grande parte da minha trajetória profissional: com dedicação, aprendizados e conquistas que me enchem de orgulho.
Mas agora, com serenidade, percebo que a autorrealização não é mais sobre um grande projeto ou mais uma meta a cumprir. É sobre olhar para dentro, se reconectar com quem se ama, redescobrir interesses pessoais e viver o presente com propósito.
Por muito tempo, o trabalho ocupou um espaço central na minha rotina — e não me arrependo disso. Ser um profissional de marketing sempre fez parte do que sou, e essa paixão me trouxe experiências incríveis. Mas aprendi que o trabalho é apenas uma parte do todo. Ele ajuda a formar quem somos, mas não nos define por inteiro.

A coragem de encerrar e o legado que fica
Hoje, inicio um novo ciclo. Após uma trajetória intensa e gratificante à frente do marketing de uma empresa líder mundial em benefícios e engajamento, com experiências em diferentes países e culturas, me preparo agora para esse novo tempo. Levo comigo, com orgulho, tudo o que aprendi e construí como profissional de marketing. Essa é uma parte importante de quem sou — mas não é tudo. Agora, essa experiência se integra a uma vida mais ampla, com espaço para exercitar outras dimensões e propósitos.
É o momento de explorar a camada mais alta da pirâmide: a autorrealização. Quero estar mais presente com minha família, entender mais sobre meus próprios gostos, redescobrir hobbies esquecidos, aprender coisas que não cabiam na agenda antes. Quero me permitir desacelerar, sem culpa, e aproveitar cada momento com a leveza de quem sabe que fez o melhor durante sua jornada profissional.
Saber encerrar um ciclo é sinal de lucidez. E, mais do que isso, é sinal de responsabilidade. Lideranças que se preparam para a aposentadoria de forma antecipada e estruturada deixam um legado que vai além dos resultados. Oferecem ao time o exemplo de uma transição bem conduzida, abrem espaço para a renovação e fortalecem uma cultura mais saudável, humana e sustentável.
Pesquisas da Harvard Business Review reforçam que a aposentadoria é uma das transições mais desafiadoras da vida profissional porque exige muito mais que planejamento financeiro: pede a reconstrução da identidade, a redefinição do propósito e a criação de uma nova rotina com sentido. Quando bem planejada, pode se transformar em uma fase plena, enriquecedora e cheia de significado.

Encerrar para recomeçar
Essa transição não é um “fim”, mas uma mudança de cenário. Um convite para viver com mais equilíbrio e sentido. A natureza nos ensina isso todos os dias: ciclos terminam para que outros possam começar. Encerrar uma fase bem vivida é tão importante quanto iniciar uma nova. E o silêncio que surge quando desaceleramos pode ser tão fértil quanto os dias agitados que deixamos para trás.
Se você, como eu, também se pergunta sobre o que vem depois de uma longa dedicação ao trabalho, saiba que não se trata de abandonar quem você é. Trata-se de integrar tudo o que construiu a uma vida mais ampla, rica e completa. Porque no topo da pirâmide, a autorrealização não é sobre o que você faz — é sobre quem você escolhe ser.
Você está pronto para viver esse próximo ciclo?
COMPARTILHAR ESSE POST







