Nos artigos anteriores, exploramos a importância da atenção e da criatividade, desvendando como o cérebro influencia nosso desempenho e como podemos usar esse conhecimento a nosso favor. Hoje, vamos mergulhar em um assunto crucial para o profissional moderno: produtividade e qualidade de vida, dois conceitos interligados e influenciados pela forma como nosso cérebro funciona.
Em um mundo em que somos constantemente bombardeados por informações e exigências, a produtividade a qualquer custo se tornou uma obsessão. A busca incessante por fazer mais em menos tempo e a sensação permanente de insuficiência podem levar ao esgotamento, ao estresse crônico e a problemas de saúde mental. Muitas vezes, na realidade, apenas acreditamos que estamos fazendo mais, quando na verdade estamos gastando nosso tempo e saúde de forma contraproducente. Na lógica atual de excessos, precisamos lembrar que somos humanos, não máquinas.

A linha que separa a produtividade saudável da produtividade tóxica é tênue, e eu vou te explicar como isso ocorre. E antes que você desista de achar esse equilíbrio, já te digo: a neurociência pode te ajudar a resolver essa questão!
Primeiro, precisamos entender que o funcionamento do nosso cérebro e a nossa capacidade produtiva estão diretamente ligados às nossas necessidades básicas de sobrevivência. Dormir o suficiente, alimentar-se de forma adequada, exercitar-se e cuidar da saúde física são pilares fundamentais para um cérebro saudável. Quando negligenciamos essas necessidades básicas, nosso cérebro entra em estado de alerta, o "leão" do estresse desperta e a produtividade e a qualidade de vida são prejudicadas.
O estresse é um mecanismo de defesa natural do nosso corpo e sua resposta é mediada pelo Sistema Nervoso Simpático. Em situações de perigo, como correr de um leão na savana, ele nos impulsiona a agir rapidamente para sobreviver. Esse é o estresse agudo, crucial para nos ajudar em momentos desafiadores. Sem ele, não teríamos sobrevivido até aqui!
O problema é quando o "leão" não vai embora. Se o estresse se torna constante, como um leão que decide morar do seu lado, ele se transforma em estresse crônico. E aí, o estrago pode ser grande. O estresse crônico afeta diversas áreas da nossa vida. No trabalho, ele diminui a produtividade, a criatividade e a capacidade de concentração. Estudos mostram, e você já sabe pelos nossos papos anteriores, que multitarefa, por exemplo, é um mito. Nosso cérebro não funciona dessa forma, e tentar fazer várias coisas ao mesmo tempo sobrecarrega nosso sistema, aumenta os erros e diminui a eficiência.

Além disso, o estresse crônico pode levar a problemas de saúde como ansiedade, depressão, insônia e doenças cardíacas. É como se o "leão" estivesse te atacando o tempo todo, minando suas energias e prejudicando seu bem-estar.
Naturalmente, nosso corpo busca um estado de equilíbrio, chamado homeostase, porém quando estamos sob estresse crônico, esse equilíbrio não chega e é então que precisamos de uma ferramenta para voltar a esse estado: a resposta de relaxamento.
A resposta de relaxamento é o oposto do estresse e ela é capaz de ativar o Sistema Nervoso Parassimpático, que, em contraponto ao Simpático, nos coloca de novo em equilíbrio após um episódio estressante. Cultivar essa habilidade no dia a dia é fundamental para unir produtividade e qualidade de vida.
Como eu te contei, aqui temos 5 dicas da neurociência para você construir uma vida mais produtiva e equilibrada:
1. Organize seu tempo e suas tarefas: A desorganização é um dos principais fatores que contribuem para o estresse e a improdutividade, isso dificulta a tomada de decisão do nosso cérebro. Utilize ferramentas como agendas, planners, aplicativos de organização e listas de tarefas para manter suas atividades sob controle. Priorize as tarefas mais importantes e delegue ou elimine as menos relevantes. Divida grandes projetos em etapas menores e defina prazos realistas para cada uma delas.
2. Insira pausas estratégicas ao longo do dia: Se você já leu os artigos anteriores, sabe que pequenas pausas durante o trabalho ajudam a diminuir as tensões, aumentam a concentração e a criatividade. Levante-se, alongue-se, dê uma volta e permita que seu cérebro descanse por alguns minutos.

3. Estabeleça limites claros entre trabalho e vida pessoal: Defina horários para começar e terminar o trabalho e evite levar tarefas para casa. Aprenda a dizer "não" quando necessário e a delegar tarefas. Desconecte-se do mundo digital e permita-se ter momentos de descanso e lazer sem interrupções.
4. Cultive bons hábitos e hobbies: Priorizar o tempo das refeições e de sono são fundamentais. Reservar tempo para atividades prazerosas fora do trabalho é essencial para recarregar as energias e manter o equilíbrio. Pratique exercícios físicos, leia um livro, ouça música, passe tempo com quem você ama.
5. Aprenda a relaxar: Assim como qualquer outra habilidade, o relaxamento pode ser aprendido e aprimorado com a prática. O primeiro passo é perceber as tensões que se formam ao longo dos dias e depois praticar deliberadamente o relaxamento delas. Técnicas de respiração e meditação são ótimas aliadas nesse processo.

A produtividade não é sobre parecer fazer mais, utilizando esforços desnecessários e prejudicando a saúde. Produtividade é sobre fazer o que realmente importa, de forma eficiente e sustentável. Ao cuidar da sua saúde mental e emocional, você investirá na sua produtividade e, consequentemente, na sua qualidade de vida.
Se esse é o primeiro texto da série "Neurociência e Soft Skills" que você está lendo, sugiro voltar nos anteriores e se inteirar de como nosso cérebro é capaz de aprender sobre as habilidades comportamentais e seguir conosco nessa jornada. Até a próxima!
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