Pouca gente sabe, mas o termo "inteligência artificial" está longe de ser novo — mas longe mesmo. Essas duas palavras que usamos tanto hoje em dia teriam aparecido juntas pela primeira vez em 1950, quando Alan Turing propôs uma pergunta que mudaria tudo: “Máquinas podem pensar?”. Na época, ele e outros cientistas já previam algo simples e brutal: máquinas seriam melhores que humanos em tarefas repetitivas.
Setenta anos depois, era de se esperar que empresas tivessem aprendido a aplicar essa lógica nas operações mais básicas. Mas não. Tem marca, em pleno 2025, rodando campanha com creator em planilha de Excel. E a minha pergunta para quem se encaixa nesse perfil é: por quê?
A maioria das marcas ainda opera mídia de influência como se estivesse em 2015. Lembra como era? Uma equipe escolhia o criador de conteúdo pelo número de seguidores, negociava por e-mail, acompanhava tudo em planilhas e rezava para a entrega sair dentro do prazo. Um festival de idas e vindas, trocas eternas de mensagens e, no final, muitas frustrações e pouco resultado.
O problema é que estamos em 2025 e não dá mais para esperar semanas — ou até meses — para tirar do papel um projeto com criadores. Quando o marketing de influência opera na velocidade da época da internet discada, a chance é que o briefing se torne datado, o conteúdo pareça ultrapassado e a marca fique parada no tempo.

Se todo mundo adora repetir jargões como "fail fast learn faster" ou "move fast and break things", por que campanhas com creators ainda são tratadas de maneira artesanal, com processos lentos, longos, cansativos?
Mais incoerente do que isso é o fato de que, ao mesmo tempo em que mantém uma operação arcaica, as marcas dizem querer escalar suas campanhas com influenciadores. A dúvida que fica é: como? E a resposta direta, sem rodeios, é: simplesmente não é possível.
O que acontece, na verdade, é um desperdício gigantesco de dinheiro para sustentar um mecanismo moroso e ineficaz. De acordo com o nosso estudo, a falta de tecnologia e, portanto, de precisão e eficiência operacional, gera uma perda de até R$ 1,57 bilhão por ano. Estamos falando de dois terços do orçamento de influência que simplesmente viram fumaça por pura teimosia corporativa disfarçada de processo.
Ignorar o potencial da IA nesses fluxos é basicamente pagar para manter o atraso.
A boa notícia — sim, existe uma em meio a esse cenário catastrófico — é que a tecnologia certa já está disponível. E as marcas que tiverem coragem de mudar agora vão ocupar o espaço antes que os concorrentes acordem.
Como diminuir o tempo e aumentar o resultado
Uma ideia que precisa ser desmistificada pra ontem é que campanhas com creators precisam ser feitas à mão, lentamente e com margem de erro alta. Isso definitivamente não é — nem nunca foi — verdade.
Então, o primeiro passo é abandonar o vício de fazer tudo na unha, como se marketing fosse artesanato e não um motor de crescimento. Lembre-se: não é porque você sempre fez algo de determinada maneira que está certo.

Creator marketing precisa virar mídia de verdade e toda mídia séria opera com dados, automação e eficiência. Com uma estrutura centralizada e inteligente, é possível reduzir até 40% do tempo gasto em tarefas operacionais. Isso significa menos tempo com planilhas, aprovações manuais e pagamentos burocráticos — e mais foco em estratégia, criatividade e resultado.
E não estamos falando de robô que escreve post — é IA que agiliza mapeamento de perfis, revisão de conteúdo, cruzamento de dados e até previsão de performance. É o tipo de inteligência que transforma processo em vantagem competitiva.
Mídia programática já fez isso com display, search e vídeo. A pergunta é: por que o marketing de influência ainda se acha especial demais para ser automatizado?
Outro passo é tratar creators como mídia profissional — com briefing claro, métricas consistentes, inteligência de dados e automação ponta a ponta. Em 2025, tem marca que ainda roda campanha como se trabalhar com criador de conteúdo fosse um “favorzinho” ou uma permuta. Enquanto isso, CMOs que verdadeiramente entendem do negócio estão tratando os creators como canal estratégico. Com escala. Com frequência. Com performance.
Os líderes do futuro serão aqueles que souberem integrar tecnologia à estratégia. Que conseguirem colocar no ar, com agilidade, campanhas com dezenas, centenas, milhares de creators — com controle, previsibilidade e impacto real.
A tecnologia já está pronta. Os resultados, também. O que falta é atualizar a configuração do calendário. Dez anos já se passaram, não estamos mais em 2015.
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