O termo “marketeiro” tornou-se de uso corriqueiro no mercado e é evidenciado pelo constante uso do termo na grande mídia. Lamentavelmente, o termo tornou-se usado de forma indiscriminada, e se não bastasse, de maneira negativa, ruim. Certamente você já ouviu alguém dizer; “fulano é marketeiro”, ou, isso foi uma “jogada de marketing”, assim atrelando marketing a ações de enganação e a éticas. A confusão entre a filosofia de marketing e as ferramentas utilizadas em marketing também são usadas de forma distorcida. Propaganda não é marketing, publicidade não é marketing, merchandising não é marketing......vendas não é marketing. Não é bem assim, ou melhor, NÃO é assim!
Para aqueles que querem se aprimorar, rever, e revitalizar conceitos de marketing, recomendo consultar o site da American Marketing Association (AMA) órgão norte americano oficial a respeito do campo do marketing. Também recomendo a leitura do livro Marketing Theory – Editado por Michael J. Baker e Michael Saren, que apresenta desde a “raiz” do marketing, passando por sua evolução ao longo dos anos; marketing de massa 1850, articulação do conceito moderno de marketing em 1960, e a mudança do foco em vendas para relacionamento em 1990.
E lógico, o campo do marketing ainda continua em evolução até dos dias atuais, e em termo práticos, comparado às ciências antigas, ainda pode ser considerado com um campo novo do saber, principalmente no Brasil. Outros entraves que causaram distorção de marketing no Brasil foi a limitação do idioma inglês, que por questões diversas resultaram em adaptações dos termos para a língua portuguesa muitas vezes reduzindo uma ação de marketing a apenas um termo para se referir a uma atividade isolada, por exemplo, promoção.
Para conhecimento, O Projeto de Lei da Câmara (PLC) 103/2017) na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) diz que “O profissional de mercadologia, comumente conhecido como profissional de marketing, precisará do diploma de nível superior na área para exercer a profissão. De acordo com a atribuições do profissional de mercadologia, este deve ser “responsável pelo planejamento e pela operacionalização de ações no mercado, com desempenho de atividades nos ambientes interno e externo de uma organização.
Dentre as atribuições da profissão, destacam-se o planejamento e administração do endomarketing organizacional (marketing institucional interno); educação e treinamento das lideranças, cooperação nos processos de produtividade organizacional e de qualidade, captação de recursos para a organização (via financiamento, parceria, patrocínio, apoio ou doação), definição do posicionamento organizacional e administração da carteira de clientes e dos planos de venda”.
Vale ressaltar que o campo de marketing possui diferentes linhas de pensamento sobre o assunto, que por questões de limitação de texto, não irei tratar aqui, mas que possuem grande valor de reflexão para o campo. É possível encontrar excelentes livros e textos sobre o assunto. O que não dá, é continuar usando o Marketing de forma ideológica, ou o responsabilizando pelo consumo excessivo. Há várias razões para o consumo excessivo, até mesmo patológicas.
Alegar que o Marketing é responsável pelo consumo excessivo é uma miopia, com licença poética para o uso do termo, e fazer referência ao excelente texto do professor McCarthy 1960 Marketing Myopia, publicado pela Harvard Business review.
São os profissionais de mercadologia que fazem o uso do conhecimento de marketing para o bem ou para o mal. Perdoe-me a franqueza! Não se pode culpar a área de Jornalismo pelo surgimento das Fake News, não se pode culpar a especialização em medicina plástica por uma atitude aética de um profissional da saúde, ou a física pelo surgimento da bomba atômica.
Gostaria também de ressaltar que nem todos os profissionais têm perfil para trabalhar com marketing, o que exige a capacidade de empatia, tão rara nos dias de hoje. Em pesquisa publicada no Journal of the Academy of Marketing Science os pesquisadores apresentam evidencias genéticas e neurológicas para essa questão. Vale a pena acessar o texto e fazer a leitura.
Por fim, o objetivo desse texto é chamar a atenção para uma retomada dos estudos de marketing, estimular a reflexão do papel do marketing tanto por acadêmicos e profissionais que atuam na área e gerar valor para a sociedade em geral, seja ele, econômico, financeiro, social ou ambiental.
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