<p><strong>M&iacute;dia exterior, pol&iacute;tica e polui&ccedil;&atilde;o visual</strong></p><p>Por Edson Zogbi*</p><p>Hoje, em plena &eacute;poca de divulga&ccedil;&atilde;o maci&ccedil;a dos efeitos mal&eacute;ficos causados pela a&ccedil;&atilde;o do homem na natureza, que prometem alterar a condi&ccedil;&atilde;o da nossa esp&eacute;cie para sempre, passamos por um problema, como se diria coloquialmente, no nosso pr&oacute;prio quintal. A cidade de S&atilde;o Paulo aprovou na C&acirc;mara dos Vereadores um projeto de lei que visa banir a publicidade das ruas. Objeto direto da aplica&ccedil;&atilde;o desta lei s&atilde;o os outdoors e os pain&eacute;is, al&eacute;m das empenas de pr&eacute;dios e tudo mais. </p><p>Al&eacute;m de ser uma m&iacute;dia imposta ao cidad&atilde;o, que n&atilde;o escolhe ter na sua frente, ela &eacute; polui&ccedil;&atilde;o pelo excesso de informa&ccedil;&atilde;o que est&aacute; exposta na totalidade do que est&aacute; na rua, n&atilde;o pelo seu conte&uacute;do isolado. Tamb&eacute;m &eacute; indubit&aacute;vel que absorvemos estas informa&ccedil;&otilde;es. J&aacute; &eacute; provado que registramos todas elas inconscientemente e que, se elas n&atilde;o nos dizem respeito, podem ser consideradas lixo informacional. </p><p>O lado social do desemprego causado pelas pessoas que trabalham neste segmento, se a lei for aplicada, deve sim ser objeto da responsabilidade p&uacute;blica, mesmo porque foram os &oacute;rg&atilde;os p&uacute;blicos que permitiram este mercado se formar e chegar onde chegou. O m&iacute;nimo que se espera &eacute; que haja um suporte para a recoloca&ccedil;&atilde;o dos empregados deste setor em outras fun&ccedil;&otilde;es, e que os empres&aacute;rios de m&iacute;dia exterior recebam algum tipo de indeniza&ccedil;&atilde;o, desde que tenham trabalhado regularizados at&eacute; a retirada das suas placas. </p><p>&Eacute; tudo muito claro, temos que aderir &agrave; mudan&ccedil;a para combater a polui&ccedil;&atilde;o visual da cidade e tamb&eacute;m temos que nos preocupar com as pessoas deste setor. Se fossemos um pa&iacute;s de primeiro mundo, sem jeitinhos, conchavos, interesses empresariais vinculados a interesses pol&iacute;ticos, talvez nem precis&aacute;ssemos de brigas para resolver isto. </p><p>S&atilde;o Paulo tornou-se uma cidade horr&iacute;vel porque seus defeitos ultrapassaram o bom senso e qualquer crit&eacute;rio de qualidade de vida. O tr&acirc;nsito, a polui&ccedil;&atilde;o do ar, o lixo, as picha&ccedil;&otilde;es e a viol&ecirc;ncia somam-se &agrave; polui&ccedil;&atilde;o visual. Quando a lei do uso obrigat&oacute;rio do cinto de seguran&ccedil;a chegou, todo mundo botou a boca no trombone. Depois ela foi disseminada para o pa&iacute;s todo e hoje todos se acostumaram a usar os cintos, al&eacute;m de estarem mais seguros. Ser&aacute; que s&oacute; passando pela educa&ccedil;&atilde;o imposta pela lei aprenderemos a nos comportar? </p><p>&Eacute; uma pena, tudo isso deveria ser espont&acirc;neo, mas isso &eacute; assunto para outra hora. O que est&aacute; mais intrigante nesse processo de retirada da m&iacute;dia exterior &eacute; o comportamento de algumas ag&ecirc;ncias e anunciantes. Tenho visto grandes marcas, de grandes empresas, continuando suas campanhas nos outdoors e pain&eacute;is da cidade. Ser&aacute; que n&atilde;o percebem que est&atilde;o expondo seu posicionamento como empresas resistentes &agrave; lei, incentivadoras da polui&ccedil;&atilde;o, aproveitadoras, querendo usar outra famosa lei, levando vantagem em tudo? </p><p>Um profissional de m&iacute;dia n&atilde;o deveria oferecer mais estes espa&ccedil;os. O atendimento deveria argumentar com o cliente que seria melhor n&atilde;o comprar os locais nas ruas. O pr&oacute;prio profissional de marketing deveria redirecionar esta verba para outras m&iacute;dias em seu budget. Um movimento corajoso como este, com objetivos claros, deve contar com a ades&atilde;o de todos envolvidos na comunica&ccedil;&atilde;o. </p><p>Se a mudan&ccedil;a &eacute; necess&aacute;ria n&atilde;o adianta tentar tapar o sol com a peneira, &eacute; melhor preparar-se para ela com id&eacute;ias inovadoras, altera&ccedil;&otilde;es de rumo e melhorias. A mudan&ccedil;a deve ser vista como oportunidade, d&aacute; trabalho, mas quase sempre chegamos a patamares mais evolu&iacute;dos ap&oacute;s ela se instituir. M&iacute;dia exterior, go out!</p><p>* Edson Zogbi &eacute; Especialista em planejamento, marketing e comunica&ccedil;&atilde;o do Varejo e Gest&atilde;o da Inova&ccedil;&atilde;o. Foi Diretor de Marketing do Grupo Proje&ccedil;&atilde;o e da C&amp;C, &eacute; professor na P&oacute;s-Gradua&ccedil;&atilde;o de Gest&atilde;o do Varejo da Faculdade Trevisan e no MBA de Design e Marketing de Moda do IBmoda. &Eacute; autor do livro &ldquo;Inova&ccedil;&atilde;o no Varejo - O que Faz o lojista Criativo&rdquo;, da Editora Atlas. <a href="http://www.edsonzogbi.com.br/" target="_blank">http://www.edsonzogbi.com.br/</a></p>
COMPARTILHAR ESSE POST