<p><strong>Maturidade digital<br /></strong>Roberto Guarnieri*<br /><br />No exterior, o fen&ocirc;meno do avan&ccedil;o r&aacute;pido de novas empresas, neg&oacute;cios e servi&ccedil;os na Internet tem sido chamado de Web 2.0. Ser&aacute; uma segunda bolha digital, a exemplo daquela que no Brasil e no mundo estourou em 2000, produzindo estragos desastrosos e jogando sombras sobre a Internet como m&iacute;dia s&eacute;ria e relevante?<br /><br />Certamente, n&atilde;o. Se algu&eacute;m duvidava que fosse poss&iacute;vel fazer &ldquo;big money&rdquo; com servi&ccedil;os on-line, veio o Google para nos desmentir a todos, com faturamento de 6 bilh&otilde;es de d&oacute;lares. Tamb&eacute;m contrariando expectativas, a Amazon.com atravessou toda a crise de 2000 e est&aacute; a&iacute;, dando lucro e preparando-se para entrar em novos mercados, como o de comercializa&ccedil;&atilde;o de m&uacute;sica digital.<br /><br />No Brasil, o com&eacute;rcio eletr&ocirc;nico cresce ano a ano e alcan&ccedil;ou, com vendas no varejo, 9,9 bilh&otilde;es de reais em 2005, valor 32% maior que o de 2004, segundo a C&acirc;mara Brasileira de Com&eacute;rcio Eletr&ocirc;nico. Al&eacute;m disso, somos campe&otilde;es mundiais em tempo de navega&ccedil;&atilde;o. <br /><br />Por isso &eacute; ineg&aacute;vel que a Internet no Brasil e no mundo alcan&ccedil;ou a maioridade. Um dos principais motivos, certamente, &eacute; a estrutura&ccedil;&atilde;o da Internet como m&iacute;dia organizada e relevante para a veicula&ccedil;&atilde;o de publicidade.<br /><br />As tecnologias digitais hoje permitem a inser&ccedil;&atilde;o at&eacute; de filmes interativos, com qualidade audiovisual igual &agrave; da tev&ecirc;. Sites e portais estabeleceram departamentos de m&iacute;dia organizados. As formas de mensura&ccedil;&atilde;o do retorno da publicidade on-line s&atilde;o muito mais completas. &Eacute; poss&iacute;vel saber, em tempo real, quanto tempo uma pessoa assistiu a um comercial e at&eacute; de que forma.<br /><br />E, quando anunciantes do porte do McDonald&acute;s anunciam que v&atilde;o investir mais em publicidade na Internet do que na tev&ecirc;, &eacute; um sinal claro de que as coisas mudaram. Publicidade na Internet funciona, tem alto retorno.<br /><br />Mas, na minha opini&atilde;o, o grande popularizador da publicidade digital e da m&iacute;dia Internet ser&atilde;o os links patrocinados. Se em 2005 eles ganharam respeito, em 2006 v&atilde;o ganhar notoriedade. O mecanismo de associar informa&ccedil;&atilde;o com publicidade &eacute; algo extraordin&aacute;rio e muito simples: o pr&oacute;prio cliente cria o seu an&uacute;ncio, define as palavras-chave que exibir&atilde;o o seu comercial. E s&oacute; paga pelo clique. Os links patrocinados ser&atilde;o uma forma did&aacute;tica de apresenta&ccedil;&atilde;o dos recursos da propaganda na Internet.<br /><br />O crescimento no Brasil da publicidade na Internet ser&aacute; tamb&eacute;m uma conta simples de aritm&eacute;tica. Somos 20 milh&otilde;es de brasileiros (15% da popula&ccedil;&atilde;o) com acesso &agrave; Internet comercial, um p&uacute;blico formado em sua maioria pelas classes A e B. Por isso &eacute; um grande contra-senso a Internet atrair menos de 2% de toda a verba publicit&aacute;ria. Essa desigualdade, em 2006, ser&aacute; revertida em parte. Ag&ecirc;ncias e anunciantes n&atilde;o podem desperdi&ccedil;ar essa chance.</p><p>Por tr&aacute;s do crescimento num&eacute;rico dos neg&oacute;cios, percebe-se a compreens&atilde;o do fen&ocirc;meno da pulveriza&ccedil;&atilde;o do p&uacute;blico. A audi&ecirc;ncia na Internet &eacute; multicanal, est&aacute; em v&aacute;rios lugares. Toda a estrutura de neg&oacute;cio deve acompanhar essa realidade, oferecendo um produto e discurso espec&iacute;fico para cada p&uacute;blico. A compreens&atilde;o da pulveriza&ccedil;&atilde;o do p&uacute;blico movimenta e aperfei&ccedil;oa os neg&oacute;cios on-line.<br /><br />O avan&ccedil;o mais consistente da publicidade digital depende, contudo, da amplia&ccedil;&atilde;o desse p&uacute;blico. Desigual em tantos setores, o Brasil est&aacute; em d&iacute;vida tamb&eacute;m na &aacute;rea digital. &Eacute; uma quest&atilde;o de justi&ccedil;a e de intelig&ecirc;ncia promover a inclus&atilde;o. Programas como o &ldquo;PC para Todos&rdquo; s&atilde;o ainda tentativas t&iacute;midas. Precisamos de mais. Pois, se tivermos grandes massas em rede, teremos grandes anunciantes em rede tamb&eacute;m.<br /><br />Mas a Web 2.0 &eacute; uma via por onde guiaremos com seguran&ccedil;a. Afinal, fizemos todos, em 2000, um curso de dire&ccedil;&atilde;o defensiva.<br /><br />*Roberto Guarnieri &eacute; Presidente e Diretor de Cria&ccedil;&atilde;o da ag&ecirc;ncia interativa A1.Brasil.</p>
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