<p class="titulomateria">Marketing Social Empresarial</p> <p>Por Paulo Silveira*</p> <p>Com certeza, sem uma profunda mudan&ccedil;a na forma de estabelecer rela&ccedil;&otilde;es do ser humano com seu meio, n&atilde;o poderemos reverter o grave quadro social que vivemos. Para tanto, &eacute; fundamental que criemos uma nova cultura a esse respeito.</p> <blockquote> <p>&ldquo;Pode-se considerar que a cultura &eacute; um &aacute;rbitro na dif&iacute;cil escolha entre as op&ccedil;&otilde;es encontradas em rela&ccedil;&atilde;o aos objetivos de desenvolvimento. Como est&aacute; assinalado (...) pela UNESCO (...), a cultura est&aacute; n&atilde;o s&oacute; a servi&ccedil;o de determinados fins, como (...) constitui a base social desses pr&oacute;prios fins, um fator de desenvolvimento, mas tamb&eacute;m fonte de nosso progresso e nossa criatividade. (UNESCO:1999)</p> </blockquote> <p>Em 2002, ao criar o Programa Global Compact a ONU demonstra a import&acirc;ncia da participa&ccedil;&atilde;o das empresas nesse movimento:</p> <blockquote> <p>&ldquo;Ou as empresas participam da busca das solu&ccedil;&otilde;es dos problemas sociais ou se tornar&atilde;o parte dele.&rdquo; (KOFFI ANAN)</p> </blockquote> <p>Toda essa mobiliza&ccedil;&atilde;o fez surgir, espontaneamente, um movimento internacional denominado &ldquo;voto de carteira&rdquo;, o qual estimula o cidad&atilde;o a transformar seu ato de compra numa manifesta&ccedil;&atilde;o ideol&oacute;gica. Esse movimento ganhou express&atilde;o internacional durante a invas&atilde;o do Iraque, quando promoveu um boicote internacional a produtos identificados com a cultura norte-americana, tendo desdobramentos at&eacute; o presente momento.<br />&nbsp;<br />Alguns dados s&atilde;o bastante significativos para demonstrar a interfer&ecirc;ncia desse movimento na economia:<br />:: Nas principais bolsas de valores do mundo existem fundos de a&ccedil;&otilde;es exclusivos de empresas consideradas &eacute;ticas. Na bolsa de Nova York, por exemplo, o Dow Jones Sustainability Index&nbsp; tem uma valoriza&ccedil;&atilde;o m&eacute;dia&nbsp; 30% acima do &iacute;ndice Dow Jones nos &uacute;ltimos 10 anos, com o seu &aacute;pice em 2001. O DJSI re&uacute;ne 316 empresas, de 33 pa&iacute;ses, com valor de mercado de U$$ 6,5 trilh&otilde;es.<br />&nbsp;&nbsp;<br />:: Em pesquisa realizada com empres&aacute;rios, o IPEA constatou que os &uacute;nicos setores onde n&atilde;o existe um alto retorno no envolvimento social empresarial s&atilde;o:<br />::: dedu&ccedil;&atilde;o de impostos: devido &agrave; falta de pol&iacute;tica governamental nesse sentido;<br />::: vendas: devido, principalmente, &agrave; falta de intera&ccedil;&atilde;o entre as a&ccedil;&otilde;es sociais e a estrat&eacute;gia de marketing das empresas.</p> <p style="text-align: center;"><img title="Marketing Social Empresarial" src="images/materias/artigo_social_grafico.JPG" border="0" alt="" width="578" height="319" /></p> <p>:: Em 2004, o IBGE fez a maior pesquisa j&aacute; realizada no Brasil a respeito do chamado terceiro setor, p&uacute;blico com o qual a expans&atilde;o da atua&ccedil;&atilde;o social empresarial cria um di&aacute;logo direto, sem intermedi&aacute;rios. Na ocasi&atilde;o havia no Brasil algo em torno de:<br />::: 14 milh&otilde;es de volunt&aacute;rios; <br />::: 276.000 ONGs, com 1,5 milh&otilde;es de funcion&aacute;rios; desembolsando R$ 17,5 bilh&otilde;es em sal&aacute;rios anuais.</p> <p>:: Pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Rela&ccedil;&otilde;es com o Consumidor apontou que 92% da popula&ccedil;&atilde;o brasileira considera a responsabilidade social empresarial como no m&iacute;nimo muito importante e &eacute; considerado o segundo fator de respeito ao consumidor por parte das empresas (o primeiro &eacute; o atendimento, ficando &agrave; frente de pre&ccedil;o, qualidade e publicidade);<br />&nbsp;&nbsp;<br />:: De acordo com pesquisa do Instituto Akatu, 17% dos brasileiros praticam o voto de carteira, sendo que dentre eles, 6% s&atilde;o considerados com alto &iacute;ndice de consci&ecirc;ncia, dos quais &ldquo;52% s&atilde;o pessoas da classe C e D e 37% delas s&oacute; completaram o ensino fundamental&rdquo;;<br />&nbsp;&nbsp;<br />:: S&atilde;o in&uacute;meros os cases de sucesso de estrat&eacute;gias de Marketing Social no exterior. No Brasil, temos a Natura que:<br />::: foi eleita a empresa mais admirada do Brasil (pelo segundo ano consecutivo) na pesquisa da Carta Capital realizada com executivos atuantes no mercado; uma das 10 empresas modelo na pesquisa da revista Exame; um dos destaques de 2005 na categoria Empresa Respons&aacute;vel Socialmente pelo jornal O Globo; <br />::: Ela &eacute; hoje a maior fabricante de cosm&eacute;ticos do Brasil, atuando tamb&eacute;m na Argentina, Bol&iacute;via, Chile, M&eacute;xico, Peru e Fran&ccedil;a;<br />::: No primeiro semestre de 2005:<br />:::: Suas vendas cresceram 30%, contra 16% do setor;<br />:::: O lucro l&iacute;quido cresceu 27,6% em rela&ccedil;&atilde;o ao I&ordm;S04;<br />:::: Houve um aumento de 21,1% de representantes, atingindo a marca dos 500.000;<br />::::&nbsp; A receita l&iacute;quida foi de R$ 984,9 milh&otilde;es; <br />::: O lucro l&iacute;quido de 2004 foi 370% superior ao de 2003.<br />::: Em 2005 manteve o forte ritmo de crescimento, com seu faturamento de novo superando em 32,2% (R$ 396,9 milh&otilde;es) o de 2004, enquanto o mercado de cosm&eacute;ticos cresceu 15% no Brasil no mesmo per&iacute;odo;<br />::: Suas a&ccedil;&otilde;es, permaneceram em uma curva ascendente de valoriza&ccedil;&atilde;o, com &iacute;ndices acima do BOVESPA, durante longo per&iacute;odo desde seu lan&ccedil;amento.</p> <p>:: O sucesso do uso de estrat&eacute;gias de marketing social levou as principais universidades do mundo (Universidades de Havard, George Town, Londres, Sorbonie) a criarem departamentos espec&iacute;ficos de estudo, pesquisa e ensino relacionados a esse tema.</p> <p>Com a economia globalizada, o grande desafio passa a ser a fixa&ccedil;&atilde;o das marcas e a fideliza&ccedil;&atilde;o dos consumidores, o que o uso do marketing social tem excelente rela&ccedil;&atilde;o de custo benef&iacute;cio, uma vez que transforma a empresa em parceira do cotidiano de seu p&uacute;blico alvo.</p> <p>Um outro campo onde o marketing social tamb&eacute;m tem demonstrado excelente desempenho &eacute; no endomarketing. Seu sucesso deve-se a diversos fatores, dentre eles, o fato dos &ldquo;stakeholders&rdquo; passarem a ter uma quest&atilde;o motivadora em comum no seu ambiente de trabalho. O texto abaixo foi retirado do site do FININVEST e &eacute; auto explicativo:</p> <blockquote> <p>&ldquo;Pesquisas comprovam que funcion&aacute;rios sentem-se mais gratificados com seus empregos quando sua institui&ccedil;&atilde;o revela comprometimento social. Consciente da necessidade de estender os benef&iacute;cios de sua atua&ccedil;&atilde;o aos campos social, cultural e ambiental, a Fininvest tem direcionado recursos para projetos especiais de solidariedade comunit&aacute;ria.&rdquo;</p> </blockquote> <p>* Paulo Silveira &eacute; membro da Da Vinci, Marketing Social e do Instituto Paulo Freire. <a href="mailto:davinci@davincimktsocial.com.br">davinci@davincimktsocial.com.br</a></p>
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