O capitalismo no Brasil, ainda não parece, mas está vivendo o início de uma forte mudança. Com a inflação baixa e os juros reais nos menores patamares históricos, o capital terá que partir para opções com maior risco.
Invariavelmente, a economia real será impactada com a entrada de recursos, seja via debêntures financiando o crédito de grandes organizações, ou aportes via Venture capital ou investimento-anjo fomentando a inovação de startups.
O que leva a uma reflexão típica de ecossistemas mais maduros: qual seria a melhor saída para o seu negócio? Entenda como “saída” não a sua falência - índice que ainda é alarmante no Brasil, onde 4 em cada 5 negócios morrem nos primeiros 5 anos de existência (em startups a estatística é ainda mais dura).
Um dos prismas que leva um empreendedor a começar um negócio é a “dor” que aflige um grupo de consumidores. A carência de uma solução mais prática, barata ou de melhor qualidade é na maioria das vezes a força motriz da proposta de valor que constrói um projeto de sucesso.
Mas não raro - e este cenário ainda é algo pouco explorado no país - a dor tem como prisma uma deficiência que um segmento e/ou empresas específicas possuem em suas atuações - seja em produto, serviço ou até mesmo geografia.
Como alguns exemplos clássicos:
O PowerPoint era uma startup adquirida pela Microsoft em 1987
O Android, com outro nome, foi comprado pelo Google com toda a equipe na virada da década retrasada.
O mesmo se aplica a DoubleClick, que foi fundamental para o mecanismo de remuneração do sistema de busca do site.
A brasileira TOTVS é uma colcha de retalhos de sistemas de TI adquiridos pela Microsiga ao longo de mais de 20 anos, até a mudança de nome.
Unilever, Procter e Nestlé são algumas das empresas que possuem áreas de fusões e aquisições prontas para comprar oportunidades ao redor do mundo em segmentos que não atuavam anteriormente.
O maior grupo universitário do mundo, o brasileiro Anhanguera, cresceu a partir da aquisição de concorrentes em geografias aonde não estavam presentes.
Pouquíssima gente sabe, mas as grandes empresas do Silício - Apple, Google Facebook - compram dezenas, até centenas de empresas por ano. O “detalhe” é que são compras pequenas, geralmente por valores não declarados e levando todo o time e tecnologia embarcada.
Que depois encontramos nos aplicativos e tecnologias. O Apple Music nada mais é do que a remodelação do aplicativo de streaming da Beats, por exemplo.
Ecossistemas maduros de capitalismo tem no investidor anjo e/ou líder de uma firma de investimento em novos negócios ocasionalmente um empreendedor de sucesso que cumpriu o seu ciclo de negócio, está capitalizado e fará aporte em outras pessoas que estão no meio do caminho.
Para quem ainda está construindo a sua jornada, vale sempre uma reflexão: até aonde o meu negócio pode chegar e, se eu tiver que sair dele um dia, como e para quem (não precisa ser uma empresa específica, mas um segmento-alvo) esta organização teria interesse?
Tanto quanto a necessidade que uma proposta de valor gera ao público-alvo, a dor que uma empresa pode sanar ao mercado de atuação (e incomodar os concorrentes) pode ser o gatilho para que o fim seja a perenização de um legado maior.
COMPARTILHAR ESSE POST