Após um período de oscilações, a intenção de realizar obras e reformas no Brasil manteve-se em nível elevado em novembro, sinalizando uma retomada gradual da atividade na construção civil.
O Índice de Intenção de Obra (InObra) permaneceu em 29%, estável em relação a outubro, mas com crescimento de 20,83% na comparação anual, conforme aponta um levantamento realizado pela Juntos Somos Mais, em parceria com a Opinion Box.
O movimento foi influenciado por fatores sazonais, como a Black Friday e as festas de fim de ano. Além disso, a estabilidade do indicador ocorre em um contexto econômico de transição. A desaceleração da inflação, combinada à manutenção dos juros em patamar restritivo, tem limitado decisões de maior porte, sem impedir, no entanto, a retomada de investimentos pontuais em reformas e manutenção residencial.
Neste contexto, 24% dos consumidores afirmam ter obras planejadas ou já orçadas, enquanto 7% estão com intervenções em andamento. Entre aqueles que pretendem reformar, predomina o curto prazo: 43,9% planejam iniciar obras em até seis meses, e 33,8% em até um ano.

O perfil da demanda
A composição da demanda reforça esse perfil. As categorias mais citadas nas obras planejadas ou em execução são tintas, cimento e argamassa, itens associados à manutenção, reparos estruturais e conservação dos imóveis. O foco em materiais básicos sugere que o consumidor segue evitando reformas estéticas ou de maior valor agregado, optando por intervenções essenciais voltadas à preservação e à durabilidade do patrimônio.
No recorte regional, o desempenho é heterogêneo. O Nordeste registrou índice de 34% em novembro, com alta mensal de 3,03% e crescimento de 30,77% na comparação anual, mantendo trajetória positiva ao longo do segundo semestre. A região teve papel relevante na sustentação do patamar nacional do InObra, compensando oscilações observadas em outras áreas do país.

O Norte apresentou índice de 30%, com recuo mensal de 30,23%, mas crescimento anual de 7,14%, evidenciando maior volatilidade no curto prazo, embora com preservação de tendência positiva no horizonte mais longo. No Centro-Oeste, o índice ficou em 28%, com alta mensal de 12%, indicando crescimento estrutural apesar de ajustes pontuais.
O Sul também registrou 28% e apresentou a maior expansão anual entre as regiões, de 47,37%. Já o Sudeste, maior mercado consumidor do país, marcou 27%, com leve queda mensal e crescimento anual de 3,85%, refletindo a maturidade do mercado e maior sensibilidade ao cenário macroeconômico.
Insights e conclusões
O cenário impõe desafios distintos conforme a região. A heterogeneidade regional exige ajustes em abastecimento, logística e estratégia comercial, ao mesmo tempo em que reforça a importância do uso de dados para antecipar movimentos de demanda. A predominância de itens básicos aponta oportunidades concentradas em volume e recorrência, mais do que em margens elevadas.
No curto e médio prazo, o InObra indica um setor em processo de recomposição, sustentado por decisões pragmáticas do consumidor. A retomada ocorre de forma gradual e sugere maior previsibilidade da demanda, especialmente em reformas de pequeno e médio porte, em um ambiente ainda marcado por cautela financeira e seletividade nos investimentos domésticos.
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