A Inteligência Artificial invadiu nossas vidas nos últimos anos e tem influenciado boa parte dos conteúdos que consumimos no cotidiano. No mercado publicitário, não é diferente, e as modificações feitas por meio de IA são cada vez mais notáveis. Em julho, a Nomad, empresa brasileira de serviços financeiros, contratou o ator Will Smith para a sua nova propaganda. O grande diferencial foi que, dessa vez, o astro falou português. Com o suporte da Inteligência Artificial, claro. Will não aprendeu nossa língua, mas a tecnologia permitiu que ele falasse perfeitamente todo o texto em português, utilizando uma espécie de "clonagem" vocal.
Para isso, a IA "aprende" o timbre da voz da pessoa e replica em outro áudio, gravado por um terceiro. É uma ferramenta de modelagem vocal, que pode "espelhar" qualquer voz treinada e fazê-la falar um texto inédito, mesmo que o dono do timbre não tenha dito aquelas palavras. Assim, é possível que Smith fale espanhol, francês, italiano, coreano... O céu é o limite. As novas tecnologias estão remodelando a maneira de se fazer publicidade há um tempo, desafiando as marcas a repensarem suas estratégias e, também, causando questionamentos sobre autenticidade e confiabilidade.
Uma das mudanças mais notáveis é a relação com o público-alvo, uma vez que os conteúdos se tornam cada vez mais personalizados e pensados exclusivamente para determinados grupos. Uma comunicação nichada e mais focada, tende a render mais resultados. A IA voltada para áudio, nesses casos, tem grande peso por ser responsável, literalmente, por falar com o público. Ver um dos maiores astros do mundo falando sua língua causa identificação, uma sensação de empatia e maior proximidade. Automaticamente, essa impressão positiva tem impacto no produto ou solução que estão sendo vendidos no anúncio.
Um case parecido com o de Will Smith já havia sido produzido nos Estados Unidos, em 2023. Shaquille O'Neal, famoso ex-atleta de basquete dos Estados Unidos e figurinha carimbada em muitos anúncios do país, foi convidado para estrelar uma campanha do Papa John's, famosa rede estadunidense de pizzas. Apesar do carisma do comentarista, faltava algo que não seria tão simples de solucionar: Shaquille não domina o espanhol, língua falada por uma boa parte dos consumidores da pizzaria nos EUA e nas franquias da américa latina.
Foi com Inteligência Artificial que a rede de fast food resolveu esse problema, sem a necessidade de uma nova gravação. Uma plataforma tecnológica foi capaz de remodelar a voz do astro, transformando todo o discurso do inglês para o espanhol. O resultado ficou natural e trouxe uma sensação de representatividade muito interessante do público falante da língua espanhola. Mesmo sabendo que o Shaquille não gravou o áudio na realidade, os espectadores gostaram de ouvir aquelas palavras na voz do atleta e, no final das contas, a campanha foi veiculada em 30 países, inclusive na América Latina.
Para entender como segmentar o conteúdo de cada marca, a IA também aparece como uma aliada, possibilitando uma análise mais aprofundada dos dados de consumo e de engajamento das campanhas existentes. Utilizando algoritmos sofisticados, as empresas conseguem desenvolver anúncios extremamente pertinentes, ajustados às preferências específicas de cada usuário, comportamentos de navegação e até mesmo histórico de compras, otimizando a experiência na totalidade.
Um dos pontos que ainda causa estranhamento e desconfiança no público são as questões morais e até um receio de ser substituído pela IA. No caso da modelagem vocal, essa não é uma possibilidade, uma vez que o trabalho humano é necessário em várias etapas do trabalho. Por exemplo, para o trabalho feito com o Papa John's, um dublador que fala espanhol teve que gravar o áudio original, para que a voz de Shaquille fosse adaptada mais tarde pela ferramenta tecnológica.
É importante que as plataformas de Inteligência Artificial sejam utilizadas com cuidado, levando em consideração uma estratégia bem definida e respeitando as barreiras éticas. Entenda qual é a mensagem central da sua campanha e se a IA é apropriada para essa finalidade. É uma questão de manter a autenticidade na relação entre a marca e o cliente, fortalecendo cada vez mais a confiança.
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