Falar em globalização vai além de comércio e diplomacia. A cultura e, dentro dela, a alimentação talvez seja uma das áreas em que percebemos de forma mais palpável a interconexão entre países e gerações. A cada esquina de Nova York, encontro cafeterias coreanas, restaurantes tailandeses ou confeitarias brasileiras que convivem em harmonia e atraem públicos diversos. Essa circulação de sabores reflete a internacionalização dos negócios e um novo comportamento do consumidor.
A Geração Z e o apetite pela diversidade
Entre todas as gerações, a Geração Z é a que mais transforma a gastronomia em experiência cultural. Para esse público, comer é um ato de descoberta, pertencimento e até posicionamento social. Provar um ramen autêntico ou compartilhar a foto de um bubble tea no Instagram é, ao mesmo tempo, consumir e comunicar identidade.
Estudos da Mintel apontam que os jovens de 18 a 29 anos nos EUA são mais abertos a experimentar culinárias internacionais, em comparação com gerações anteriores. Esse dado dialoga com a ideia de que a geração Z cresceu em um ambiente hiperconectado, onde referências culturais circulam em tempo real.

Intercâmbio do paladar: viajar sem sair do lugar
Esse fenômeno pode ser chamado de intercâmbio do paladar: cada refeição pode ser vista como uma viagem simbólica, uma forma de experimentar culturas estrangeiras sem a necessidade de limitação geográfica. Para uma geração marcada por crises econômicas e climáticas, mas também pela valorização da diversidade, a comida funciona como um acesso livre e imediato.
Esse movimento é visível em metrópoles globais como Nova York, mas também em cidades brasileiras. Redes de sushi já são populares no interior do país, e cafeterias com estética coreana vêm se multiplicando nas capitais. A circulação de sabores e formatos não é unilateral: o açaí brasileiro, por exemplo, já conquistou espaço no lifestyle norte-americano como referência de saúde e autenticidade.

O papel do Marketing nesse cenário
Se antes o marketing no setor de alimentos se apoiava em conveniência e preço, hoje ele precisa trabalhar narrativas culturais e identitárias. A geração Z valoriza marcas que tragam autenticidade, seja pela história de origem dos ingredientes, pela conexão com causas sociais ou pela experiência que oferecem.
Plataformas digitais potencializam esse consumo. O TikTok se tornou o maior “cardápio global” do mundo: receitas virais, desafios de provar comidas apimentadas ou doces japoneses exóticos atraem milhões de visualizações e, muitas vezes, levam consumidores diretamente aos restaurantes locais. Como apontou a CNN, restaurantes em Nova York têm sentido picos de demanda quase instantâneos após viralizações em vídeo, reforçando a força da mídia social como canal de marketing gastronômico.

Internacionalização e tendências futuras
Pequenos negócios e chefs independentes encontram na curiosidade da Gen Z uma oportunidade de escalar globalmente. Essa expansão se apoia em três pilares principais:
Mobilidade cultural: seja por intercâmbio acadêmico ou trabalho, jovens levam e trazem referências alimentares.
Influência digital: um vídeo viral pode despertar a vontade de experimentar um prato do outro lado do mundo.
Busca por autenticidade: comida como forma de expressão individual e coletiva.
O resultado é um ecossistema de consumo onde a gastronomia se torna tanto produto quanto mídia, um meio pelo qual gerações comunicam valores, curiosidades e identidades. Dividir uma refeição continua sendo uma das formas mais poderosas de conexão humana.
COMPARTILHAR ESSE POST







