Na liderança de um dos eventos corporativos mais emblemáticos do país, Daniele Bernini carrega um olhar que vai além da produção de experiências. Diretora de negócios e operações da MCI Brasil, ela é hoje a responsável pela condução do HSM+, que celebra 25 anos como referência nacional em educação executiva.
Sua chegada à empresa marca uma nova fase da operação, guiada pela busca por propósito, pela gestão de pessoas e pela profissionalização de um setor ainda marcado por relações desiguais. Formada em Turismo, Daniele começou a trajetória profissional com os pés na hotelaria e passou por companhias aéreas, operadoras e agências corporativas.
Cada etapa da carreira moldou um repertório cíclico que, hoje, sustenta a gestão de um dos maiores projetos da MCI. “Hotelaria é serviço. Companhia aérea é segurança e gestão de receita. Cada setor me ensinou um tipo de cuidado. No fim, todos circulam de volta para as pessoas”, resume a Diretora no novo episódio do podcast Green Room.

Pilares da gestão
Guiada pela curiosidade e pela vontade de inspirar, Bernini pavimentou o caminho até a MCI, empresa global de engajamento e eventos presente em mais de 30 países. “A MCI tem um espírito muito vivo. O slogan é ‘Tomorrow’s People’ – e isso não é mera força de expressão. É uma empresa feita por pessoas e para pessoas”, afirma.
Para ela, o sentimento de pertencimento é o que mantém a cultura corporativa sólida. No caso do HSM+, a conexão é também com o tempo. O evento chega a um quarto de século sem perder a relevância, um feito raro em um mercado de novidades rápidas e modas passageiras. Bernini credita essa longevidade à natureza autoral do projeto.
“O HSM+ é sobre conteúdo com propósito. É um festival educacional que combina curadoria e experiência, e não um show disfarçado de conferência. O segredo está no respeito ao formato e à audiência”, diz.

O evento, produzido pela MCI em parceria com a HSM, deve reunir cerca de três mil pessoas, 37 patrocinadores e mais de 90 palestrantes no Transamérica Expo Center. Entre eles, nomes como Yuval Harari e Peter Attia, figuras que traduzem o DNA do encontro: promover reflexões profundas sobre negócios, longevidade e futuro.
O que diz a expertise
Bernini se impõe como voz técnica sobre um dos temas mais debatidos no mercado: a chamada “festivalização” dos eventos corporativos. Reconhecendo o valor estratégico da tendência, a diretora critica abertamente os excessos. “Alguns eventos erram a mão. Querem fazer de tudo e esquecem o principal: ser organizados, cumprir o propósito. Festivalizar não é banalizar. É emocionar sem perder o foco”, crava.
Neste contexto, por trás do encanto de um grande palco, existe um sistema meticuloso de planejamento. No HSM+, cada detalhe é roteirizado com base em estudos de neurociência sobre atenção e retenção. “A concorrência do celular é real. Nosso desafio é criar momentos que o público sinta, e sentimento não se reproduz no YouTube. Quando alguém chora ou tem um insight no meio de uma palestra, é ali que o evento cumpre seu papel”, acrescenta.

A metodologia é ensinada internamente pela MCI global, que mantém centros educacionais sobre design de experiências. Nestes locais e fora deles, a tecnologia é usada de forma funcional, não decorativa. “Ela só faz sentido quando resolve uma dor real. Na APAS, por exemplo, usamos um aplicativo para coordenar a chegada de caminhões e reduzir o caos de montagem. No HSM+, ela está no certificado digital e na gestão de trilhas de conteúdo”, completa.
Pós-evento, engajamento e relações comerciais
Daniele destaca o pós-evento como etapa estratégica. Inspirada no conceito de “engajamento exponencial”, ela implementa ações para prolongar o impacto da experiência. “Vamos gerar conteúdo em tempo real, com frases e insights prontos para o público compartilhar nas redes. O evento não pode morrer quando termina. O aprendizado precisa reverberar”, defende.
O discurso sobre engajamento, porém, se amplia para o próprio ecossistema do setor. Bernini defende uma mudança estrutural nas relações entre agências, fornecedores e clientes. “Fazer evento é lidar com dezenas de stakeholders. E parceria só existe com transparência. O jogo ainda é injusto em muitos momentos”, diz.
Tecendo críticas claras à desigualdade nas relações comerciais neste mercado, Daniele acredita que o problema está no próprio modelo de negócio. “Na Europa e nos Estados Unidos, o evento é tratado como consultoria. Aqui, você entrega a inteligência de graça e só recebe se executar. O serviço intelectual é visto como commodity. Isso precisa mudar”, finaliza.
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