A decisão de Mark Zuckerberg sobre mudanças significativas nas políticas de moderação de conteúdo e verificação de informações nas plataformas da Meta gerou uma série de debates polarizados. Um, em específico, afetou diretamente os brasileiros quando, em vídeo, o fundador do Facebook justificou a decisão como uma forma de reforçar o que chamou de “censura” nas redes sociais. O executivo fez uma declaração polêmica ao afirmar que a América Latina possui “tribunais secretos de censura”.
“Os países latino-americanos têm tribunais secretos que podem ordenar que as empresas retirem as coisas do ar silenciosamente”, afirmou. O Secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação da presidência do Brasil, João Brant, afirmou que o posicionamento é uma “declaração fortíssima que se refere ao STF como ‘corte secreta’”.
Brant pontuou em uma publicação no X que a decisão “questiona o viés da própria equipe de ‘trust and safety’ da Meta – para fugir da lei da Califórnia”. O secretário de políticas digitais afirmou ainda que agora a Meta asfixiará financeiramente as empresas de checagem de fatos, e que o anúncio da plataforma reforça a importância das ações em curso na Europa, no Brasil e na Austrália, envolvendo os três poderes.
Nas redes sociais, usuários se dividem sobre a decisão e fala de Mark, muitos levantados por questões políticas, mas também uma certa preocupação sobre os rumos da própria plataforma, já que alguns usuários ameaçaram sair das redes da Meta caso os discursos falsos façam o Instagram, Facebook ou Threads virar um X.
Para Fernando Moulin, Partner da Sponsorb, professor e especialista em negócios, transformação digital e experiência do cliente, a partir de agora as redes da Meta podem oferecer profundas implicações em termos de disseminação de fake news, conteúdos falsos especificamente criados para este fim, manipulação por bots de inteligência artificial e duras batalhas regulatórias entre instituições, países e plataformas.
“Esse anúncio de hoje reforça o papel das redes sociais na profunda teia de comunicações sociais e empresariais em que, como dizia McLuhen, o meio muitas vezes é a mensagem. Do ponto de vista empresarial, Zuckerberg faz um movimento de defesa e proteção de seu business dado o "novo" governo americano prestes a tomar posse em 20 de janeiro e a força que Elon Musk terá dentro dele”, afirmou.
Na esfera internacional, a discussão fica entre Zuckerberg copiar Elon Musk, demitir mais de 40 mil funcionários da área de checagem de fatos e acenar para o novo governo de Trump. Para Chris Stokel-Walker, do The Guardian, Mark “inaugurou um evento de nível de extinção pela verdade nas redes sociais”.
Ele lembra que “indignação e mentiras podem se espalhar nas mídias sociais e só serem parcialmente controladas pela capacidade das plataformas de intervir quando as coisas saem do controle”.
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