O avanço acelerado da inteligência artificial nas estratégias de Marketing não parece ser o suficiente para alterar uma realidade em que o fator humano continua sendo o principal gerador de confiança.
Globalmente, 55% dos consumidores confiam mais em marcas que priorizam conteúdo produzido por humanos em vez de materiais gerados por IA, percepção que sobe para 62% entre Millennials e para 61% entre pessoas que se identificam como liberais, conforme apontam dados da pesquisa The State of Social Media 2025.
Todo o conceito de rejeição às interações artificiais se estende ao campo dos influenciadores virtuais: 46% afirmam não se sentir confortáveis quando marcas utilizam personagens sintéticos, e apenas 31% dizem que aceitariam esse tipo de presença dependendo do contexto da campanha.
O recorte demográfico também detalha diferenças relevantes: entre os homens, 28% demonstram conforto com influenciadores virtuais, enquanto entre as mulheres o índice cai para 19%; entre gerações, a aceitação é de 32% na Gen Z e 33% entre Millennials, ante 23% na Gen X.
Os números confirmam que a presença de pessoas reais — sejam criadores, profissionais ou consumidores — segue como diferencial competitivo no momento em que marcas ampliam o uso de algoritmos para produzir conteúdo, operar canais de atendimento e estruturar campanhas de influência.

O movimento não representa resistência à inovação tecnológica, mas uma demanda clara por autenticidade. Para Dri Elias, CEO da CoCreators e especialista em Marketing de Influência, a audiência compreende o papel consolidado da IA no mercado, porém não abre mão da identificação emocional que apenas histórias e experiências humanas são capazes de gerar.
O caminho estratégico não deve estar na substituição de pessoas, segundo a especialista, mas na combinação entre eficiência algorítmica e narrativa genuína, com transparência sobre o uso de tecnologia nos conteúdos. Essa lógica deve orientar o reposicionamento do Marketing de influência em direção a modelos híbridos, nos quais a IA otimiza segmentação e personalização, enquanto os criadores reais seguem como pilares de confiança.
O que usuários esperam das marcas nas redes sociais
O estudo identifica que a confiança e a percepção de autenticidade são hoje os principais parâmetros para definir se uma marca é considerada “ousada” nas redes — mais do que humor, tendência ou estética despojada.
A responsabilidade ética ganha relevo: entre todas as preocupações listadas, os comportamentos que mais incomodam o público são quando uma empresa publica conteúdo gerado por IA sem informar (52%) e quando manejam dados pessoas de forma inadequada (52%).
Entre Gen Z e Millennials, a transparência sobre IA supera até temas ligados à segurança da informação. As gerações mais jovens, aliás, estão remodelando seu relacionamento com as redes sociais. 60% dos entrevistados afirmam que as plataformas tiveram impacto positivo em sua saúde mental nos últimos seis meses, contra apenas 18% que relatam efeito negativo.
Cerca de 53% dizem que o uso das redes melhorou sua vida social e 47% afirmam que contribuiu para tomar decisões financeiras mais qualificadas, impulsionando fenômenos como o “edutainment”. Dentro desse contexto, 61% dos consumidores planejam recorrer às redes para pesquisar informações financeiras no futuro próximo, número que ultrapassa 80% entre Gen Z, consumidores negros e asiáticos.

O estudo também aponta a consolidação das redes como o principal vetor de descoberta e decisão de compra. Para 76% dos entrevistados, anúncios, conteúdo de marcas e recomendações de criadores influenciaram efetivamente suas compras nos últimos seis meses. 64% afirmam que a parceria entre uma marca e um influenciador que admiram aumenta sua disposição de compra, enquanto 43% da Gen Z e 36% dos Millennials declaram que pretendem adquirir produtos encontrados nas redes, apesar do cenário econômico adverso.
No campo da jornada do consumidor, o relatório mostra a ascensão definitiva da busca social. Embora buscadores tradicionais ainda sejam a porta de entrada para a maioria, a Gen Z já coloca as redes como sua principal fonte de pesquisa, especialmente para avaliações de produtos, tutoriais e recomendações.
O impacto se estende de forma perceptível a setores como o turismo: 69% dos entrevistados devem usar redes sociais para planejar viagens, índice que chega a 81% entre Millennials e 87% na Gen Z. Plataformas de reviews continuam sendo o fator mais determinante na escolha de serviços de viagem e hospitalidade, seguidas pela qualidade do atendimento via social.
A dinâmica de formatos também está mudando. Os consumidores esperam que marcas priorizem interações com o público e invistam em séries de conteúdo originais, com histórias completas e personagens recorrentes.
Casos como a série da eBay Motors no Instagram, que alcançou quase 5 milhões de views nos primeiros episódios, e o retorno do projeto editorial da Hinge no Substack ilustram a demanda por narrativas serializadas, menos dependentes de tendências efêmeras e mais conectadas a comunidades específicas.
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