O comércio eletrônico brasileiro segue em alta, mas o cenário é mais complexo do que os números sugerem. O setor projeta um faturamento de R$ 204,27 bilhões em 2024 , um crescimento de 10% em relação ao ano anterior, segundo a ABComm. Apesar disso, o crescimento previsto de 1,3% para o Natal reflete um consumidor mais cauteloso, equilibrando oportunidades com desafios.
Os dispositivos móveis continuam liderando a transformação digital, representando 63% das transações online. Essa tendência é evidente em categorias como moda, onde o consumidor navega pelas redes sociais, experimenta virtualmente produtos usando Realidade Aumentada (AR) e fecha a compra em poucos cliques. Por exemplo, o social commerce tem se mostrado poderoso, com 40% dos consumidores realizando compras diretamente via Instagram ou WhatsApp .
A facilidade de pagamento também é protagonista: o Pix lidera como método preferido, seguido pelas carteiras digitais, que se populariza principalmente entre os jovens das classes C e D , que encontram esses meios mais acessíveis de consumo. Um exemplo é o aumento nas vendas de eletrônicos, onde o parcelamento com carteiras digitais permite maior inclusão financeira.
Entretanto, a logística ainda é o calcanhar de Aquiles do setor. Embora 85% das entregas sejam realizadas em até cinco dias úteis , a realidade varia muito entre capitais e cidades do interior. Quem nunca desistiu de uma compra porque o frete custava quase o mesmo que o produto? No caso de marketplaces, como Mercado Livre e Magalu, a criação de centros de distribuição regionais está mitigando essa dor, mas ainda há um caminho longo para atingir a agilidade de mercados mais maduros, como os Estados Unidos.
A adoção de tecnologias disruptivas como AR e IA também está crescendo, mas ainda de forma desigual. Apenas 30% dos varejistas utilizam AR , apesar do impacto positivo nas taxas de conversão. Imagine experimentar um sofá virtualmente em sua sala antes de comprar – isso já é realidade para algumas marcas, mas ainda inacessível para a maioria.
Outro dado importante: o e-commerce ainda representa apenas 11% das vendas totais no Brasil , percentual que fica aqui em mercados como China (46%) ou México (17%) . Aqui está uma grande oportunidade: segmentos como beleza e saúde , onde a confiança na experiência digital está crescendo, explore ainda mais este espaço.
Esse cenário traz lições importantes. O Brasil está diante de uma encruzilhada: o potencial inexplorado é imenso , mas sem investimentos robustos em logística, tecnologia e experiência do consumidor , será difícil competir com mercados mais maduros.
Por isso, para 2025 e além, as empresas que entenderem que o consumidor brasileiro busca personalização, conveniência e preço justo serão melhores posicionadas para dominar o mercado. Afinal, no Brasil, onde o consumidor é exigente e criativo, a inovação deve ser tanto na tecnologia quanto na forma de fazer negócios.
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