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Diminuir investimentos de publicidade na TV impacta o recall de marca e vendas

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Tempo de Leitura 4 min

DATA

28 de set. de 2023

CATEGORIA

Notícias

Tradicionalmente, a TV concentra o maior volume de investimento no Brasil. Mais de 78% da população consome conteúdos de TV aberta, paga e/ou streaming de vídeo diariamente, segundo o Estudo Multiplataforma Globo. Em paralelo, as plataformas online vêm recebendo cada vez mais investimentos em campanhas publicitárias.

O estudo Digital AdSpend Brasil apontou que os investimentos na publicidade digital nacional em 2022 cresceram cerca de 12% em relação ao mesmo período em 2021, totalizando R$14,7 bilhões. A penetração online no país atingiu 59% em dezembro de 2022, considerando a porcentagem da população que reage online, aproximando-se dos 70% de alcance da TV, de acordo com estudos da Tunad, plataforma de Inteligência de Mídia.

Apesar disso, há forte concentração: 15 estados do país têm 85% da reação online e outros nove estados somados acumulam 0,4%. “A princípio, nos parece claro, que marcas e segmentos de público-alvo mais específico ou de tamanho reduzido podem direcionar sua comunicação exclusivamente para o ambiente online”, comenta o COO da Tunad.

Será que esta estratégia funciona com produtos mais commoditizados ou de targets amplos?

Em um país de dimensões continentais como o Brasil, onde pouco mais de 20% das pessoas têm capacidade de interpretar um texto segundo a GFK, é de se esperar maior efetividade e forte crescimento dos conteúdos em vídeo e áudio. Entretanto, a distribuição não linear da infraestrutura e o custo do acesso à banda larga dificultam a penetração da publicidade em vídeo nas plataformas online.

A população cada vez mais tem acesso a conteúdos de vídeo online, mas para publicidade há um fator limitante da falta de banda e custos de produção. Somando isso ao fato de 25% da população ter 50 anos ou mais e possuir 40% do total da renda, vemos que muitas estratégias de comunicação precisam trabalhar vários meios.

Para avaliar a correlação entre as campanhas de TV e o efeito de recall de marca e conversão na entrada do funil, a pesquisa da plataforma de Inteligência de Mídia incluiu inicialmente seis categorias para obter insights sobre esse tema: Telecom, Financeiro, Automotivo, Educação, CPG beleza e CPG baby.

Cada categoria foi analisada com base em dados de vários anunciantes, momentos de alto e baixo investimento, diferentes formatos de anúncios: comerciais, merchandising e patrocínio, bem como diferentes níveis de apelo das ações. A fim de obter uma comparação precisa, realizou-se uma normalização do efeito qualitativo dos anúncios. Para aqueles que estão curiosos sobre esse ponto, a diferença medida do impacto gerado por um anúncio altamente eficaz e um sem call-to-action foi de 5 para 1. Em seguida, foi estudado o efeito da retirada e reposição de mídia em cada categoria analisada.

“Verificamos que cada categoria apresenta um comportamento específico: algumas perdem o recall de marca, mas mantêm as vendas; outras perdem tanto o recall quanto as vendas; e algumas marcas com alto recall conseguem sustentar suas vendas por um período mais longo, até três meses”, explica Ricardo Monteiro.

3 principais aprendizados

1. No longo prazo a correlação do investimento em TV e recall de marca está em torno de 80% ou mais, ou seja, a TV é altamente eficiente em construção de marca.

2. Quando reduzimos a pressão de mídia, chegamos primeiro a um valor mínimo de investimento que assegura a manutenção do recall da marca. Se reduzimos mais,chegamos no investimento onde o custo de recuperar o recall é maior que manter um flight mínimo. Os valores onde estas inflecções ocorrem variam por categoria e estágio de construção de marca.

3. Nas categorias cujo ciclo de conversão é curto, a redução de mídia em TV tem impacto imediato na entrada do funil de conversão. Nas de ciclo longo, preço e outras variáveis têm maior influência que a mídia e a conversão se mantém por pelo menos 3 meses após a queda da mídia. Em todos os casos analisados a recuperação do recall leva de dois a três meses após o retorno do investimento. Em outras palavras, quando uma nova campanha é lançada após um período sem presença no ar ou com investimento abaixo do ponto de manutenção, os resultados não são imediatos. Há um atraso até que as pessoas assimilem a mensagem.

Um exemplo do mercado financeiro, na tabela 1 abaixo, é visualmente claro que o interesse pelos anunciantes acompanha o investimento/alcance em mídia TV. O fator de correlação mínimo encontrado foi de 79%.

recall do setor financeio acompanha o investimento

Monteiro aponta também que quando se analisa a conversão na entrada do funil digital, mesmo levando em conta que a correlação depende da assertividade das campanhas online, novamente uma altíssima correlação dos investimentos em TV e do comportamento é observada. “Perceba o detalhe: quando há uma queda no investimento o retorno não ocorre de imediato, há um atraso de um trimestre na reação das pessoas para estancar o efeito da queda”, explica o especialista.

midia offline

Anunciar na TV se mostra efetivo na construção de marca, seja pelo seu alcance, seja pelo formato de vídeo, seja pela credibilidade; em todos os casos estudados uma redução no investimento de mídia gera perdas seja em recall seja em conversão na entrada do funil. “E nos casos em que não temos perda de recall em curto prazo sempre temos no longo prazo (trimestre)”, alerta  Monteiro que completa dizendo que o retorno do investimento pode levar de um a três meses para recuperar o call-to-action para a marca.

Leia também: Brasileiros preferem receber publicidade em canais de mídia offline

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Bruno Mello

Fundador e Editor Executivo

Fundador e Editor Executivo do Mundo do Marketing, Jornalista com MBA em Marketing.

AUTOR

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