O mercado de corrida vive um momento de expansão acelerada no Brasil, impulsionado por um público cada vez mais jovem, conectado e disposto a transformar a prática em um verdadeiro estilo de vida. O número de grupos de corrida no país cresceu 109% entre 2023 e 2024, reflexo de um movimento que combina saúde, sociabilidade e consumo consciente, de acordo com dados do Strava.
Esse fenômeno, segundo Rosana Fortes, Country Lead do Strava, vai muito além da performance e do asfalto. “Hoje, ninguém tem vergonha de postar um treino curto. As pessoas estão se conectando pela atividade física e transformando corrida em ponto de encontro, paquera e até troca de informações”, contou durante palestra no Rio innovation Week.

Além de apontar tendências no comportamento dos atletas, a executiva destacou um marco histórico para a plataforma: desde dezembro de 2023, a corrida superou o ciclismo como principal modalidade praticada no Strava, evidenciando a força desse mercado no país.
Para Maria Eduarda, diretora da Foco Radical, o momento da prova é o “elo central” que conecta treino, tecnologia e consumidor. “A prova é um ápice emocional. É ali que a marca pode entregar experiência, gerar lembrança e criar histórias para o corredor levar para casa e para as redes”, afirmou.
O poder da comunidade
A corrida de rua, tradicionalmente vista como um esporte solitário, mostra um cenário oposto no Brasil. De acordo com pesquisa da Olímpica, 24% dos corredores participam de assessorias esportivas ou grupos organizados. “A assessoria é um fenômeno muito brasileiro, sem tradução exata para o inglês. Ela representa pertencimento, rotina e socialização”, observa Rosana.
Maria Eduarda Correa, responsável pelo Marketing da Foco Radical, reforça que os eventos esportivos são o elo central desse ecossistema: “A prova é o momento em que a mágica acontece. É quando marcas, atletas e comunidade se encontram, e onde as histórias de superação ganham vida e são eternizadas pelas imagens e memórias”, afirmou.

A corrida no Brasil também está sendo influenciada por tendências globais, como o crescimento de marcas de nicho que dialogam diretamente com comunidades específicas, muitas vezes por meio de colaborações com gigantes do setor. Para Rosana, esse movimento democratiza o acesso e fortalece a identidade dos corredores.
A maior lição é que a corrida é um esporte capaz de atender à individualidade dentro de uma experiência coletiva. “Cada corredor tem seu motivo: saúde, rotina, desafio pessoal. O papel dos organizadores e marcas é criar experiências que respeitem essa diversidade”, afirmou Maria Eduarda.
Personalização como próximo passo
Ao falar sobre o futuro, ambas foram categóricas: a personalização será o grande diferencial competitivo. Maria Eduarda citou a Maratona de Londres, que projeta experiências individualizadas para 50 mil participantes no prazo de cinco anos. “Isso envolve desde a inscrição até a retirada do kit e a hidratação durante a prova, usando tecnologia para tornar a experiência única para cada corredor”, concluiu.

No Strava, a personalização também ganha espaço por meio da Inteligência Artificial. Hoje, assinantes recebem interpretações automáticas de seus treinos, previsões de tempos e análises simplificadas de performance — recurso pensado para quem não é especialista em métricas avançadas.
Oportunidades para as marcas
O aumento da participação em corridas cria um ecossistema propício para marcas que queiram se associar a propósito, bem-estar e performance. Entre as oportunidades:
Experiências de marca no encontro físico - Ativações que vão além da entrega de brindes, como estações de hidratação diferenciadas, massagens pós-prova, personalização de medalhas e registros fotográficos instantâneos, ampliam o vínculo emocional e incentivam compartilhamentos orgânicos.
Surfando tendências de lifestyle - Como destaca Rosana Fortes, “há uma geração que troca o bar pela corrida”. Essa mudança abre espaço para bebidas funcionais, moda esportiva e casual, tecnologia vestível e até turismo esportivo. A corrida, nesse contexto, deixa de ser apenas atividade física para se tornar um eixo de decisão de consumo.
Personalização como diferencial competitivo - O exemplo da Maratona de Londres, que busca oferecer experiências individualizadas para 50 mil participantes, sinaliza um caminho para o Brasil. Produtos e serviços customizados — de tênis co-criados com atletas a kits segmentados — aumentam o engajamento e a fidelização. No país, marcas como Olympikus já exploram esse modelo.

Do presencial ao digital - O relacionamento não termina na linha de chegada. Plataformas como Strava permitem estender a conexão com o público, por meio de desafios virtuais, recompensas e conteúdo personalizado, mantendo a marca presente na rotina do corredor e gerando dados para novas ativações.
O novo papel do patrocinador - Mais do que estamparem suas marcas em camisetas e pórticos, patrocinadores precisam compreender o universo cultural que envolve a corrida. É sobre se inserir de forma orgânica no dia a dia dos corredores, entregar valor em momentos-chave e respeitar a autenticidade da comunidade. As marcas que conseguirem criar essa ponte entre propósito e experiência terão vantagem competitiva no longo prazo.
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