Nos últimos anos, as marcas enfrentam um desafio crescente: manter a relevância em um cenário onde a desconfiança do consumidor está em alta. Em um encontro pós-NRF Retail's Big Show (maior evento de varejo do mundo), Mari Guti, Co-Founder e CEO da No One, resumiu essa realidade com um insight poderoso: “ser consumidor está chato para c&ˆ(%$!”.
Na guerra da conversão, muitas marcas se perderam e, junto a isso, perderam valor. O excesso de comunicação, as abordagens agressivas, os golpes e as avaliações falsas geram angústia e hesitação na hora do check-out.
Mari menciona um pensamento de Corie Barry, CEO da Best Buy: “O varejo tirou toda a graça que havia em comprar.”
E qual a consequência disso? O atributo da confiança nunca foi tão essencial.
O que é, de fato, confiança?
O dicionário Michaelis define confiança como credibilidade ou conceito positivo que se tem a respeito de alguém ou de algo; crédito, segurança. No mundo da comunicação e dos negócios, confiança é a base sobre a qual as relações entre marcas e consumidores são construídas.
As cerâmicas da Tânia Bulhões estão enfrentando um problema sério de reputação (e de negócio). Tudo começou quando uma brasileira, ao tomar café em uma cafeteria simples na Tailândia, se deparou com um conjunto de xícara e pires idênticos ao da coleção da marca – mas sem o logo. O caso viralizou e, rapidamente, a internet foi inundada por prints da Shopee e do AliExpress vendendo produtos idênticos por 1/5 do valor. Consumidores começaram a raspar o fundo de suas louças para verificar se havia algo por trás do selo da marca.

Confiança no mundo da policrise e da pós-verdade
Em um cenário de policrise (usando um termo que ouvi da estrategista Flavia Campos), pós-verdade e aceleração tecnológica, a confiança torna-se o principal ativo de empresas, marcas e, obviamente, pessoas. E quando ela se rompe, as perdas tendem a ser irreparáveis. Mas e como construir confiança? A resposta está em valores sólidos, ações e storytellings coerentes com esses valores, autenticidade e transparência.
Surge aqui uma outra questão: é possível ser sólido e, ao mesmo tempo, acompanhar as mudanças, o espírito do tempo e a velocidade das transformações?
No SXSW do ano passado, no painel "The Ingredients for Building a Modern Brand", Tristen Norman, da Getty Images, trouxe um ponto essencial: as marcas precisam de momentos frequentes de introspecção – de se olhar no espelho, avaliar o que estão fazendo e entender as mudanças ao seu redor. Elley Cheng, Presidente da Pantone, complementou com uma visão valiosa: “A marca é quem você é ao longo do tempo, e não somente em um momento.”
O futuro das marcas será definido pela confiança
A mensagem é clara: para construir marcas fortes e relevantes, é preciso equilíbrio entre autenticidade e adaptabilidade. E mais do que nunca, ser transparente, verdadeiro e confiável não são apenas diferenciais – são necessidade para a sobrevivência das marcas no futuro.
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