O mercado imobiliário está atravessando uma fase de transição entre os canais analógicos e os digitais, sobretudo no que diz respeito à aquisição de novos imóveis. É o que aponta uma avaliação divulgada pela Bricksave, que atribui o momento ao aumento das buscas por oportunidades imobiliárias por parte dos millennials - nascidos entre os anos 1980 e o início dos anos 2000 e responsáveis por metade da força de trabalho no país.
40% dos membros desta geração sentem-se confortáveis para comprar propriedades dando prioridade total aos canais digitais, conforme apontam dados divulgados pela Zillow. A tendência indica que os millennials estão liderando o caminho em direção a diferentes abordagens digitais para o investimento imobiliário.
Sofia Gancedo, Cofundadora e COO da Bricksave, avalia que o público jovem está reconfigurando o conceito de ser dono e explorando alternativas de mercado que lhes permitam adquirir uma casa própria de uma forma mais acessível - uma característica de extrema importância considerando que o desafio de poupar para adquirir a casa própria faz com que os millennials se limitem a apenas 16% dos compradores de imóvel no país, de acordo com dados divulgados pelo DataZAP.
De olho nas demandas levantadas pelo público digital, as PropTechs foram obrigadas a se movimentar para evoluir em busca de sofisticação na última década, o que não só deu origem ao surgimento de novas plataformas de compra e venda de imóveis, mas também incentivou o uso de inovações como big data, geolocalização e criptomoedas no setor imobiliário.
Sofia ressalta que uma das últimas adições ao mercado foi a tokenização combinada com blockchain, que garante mais transparência e flexibilidade para ativos altamente líquidos e garante maior acesso a pequenos investidores. O processo, segundo a COO, consiste em criar uma representação digital do ativo para facilitar sua negociação no ambiente digital. Desta forma, o token gera uma série de códigos, baseados em regras e processos de identificação, que permitem a compra e venda do imóvel na sua totalidade ou em partes.
Ao reunir múltiplos investidores e agrupá-los para financiar grandes ativos imobiliários, os millennials têm a entrada no mundo imobiliário facilitada, pois alocam quantias menores para investimentos nos quais, de outra forma, seria muito mais difícil participar. Ao dividir o valor do imóvel em frações menores, a tokenização abre espaço para investidores iniciantes e com menos capital, como os millennials, e democratiza o acesso ao setor.
Com efeito, a adaptação do mercado imobiliário aos moldes da economia digital também impactaram o investimento em imóveis. As mudanças fizeram deste mercado uma alternativa mais atrativa para muitos millennials, que constituem 35% dos investidores em criptomoedas, segundo estudo realizado pela CoinGecko. Embora seja um ativo com alto potencial de lucro no curto prazo, costuma ser considerado mais volátil, o que acarreta maior risco.
Gancedo conclui pontuando que os millennials estão abrindo o caminho para um setor imobiliário pautado pela procura de alternativas acessíveis e tecnológicas e que desafia paradigmas estabelecidos, com os olhos postos num futuro financeiro mais sólido e contexto desafiante.
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