O Fórum E-Commerce Brasil alcançou um patamar que redesenha o que se entende por evento de negócios no país. A dimensão atual exige decisões que começam meses antes de qualquer montagem, impõe um nível de precisão comparável ao de grandes feiras internacionais e coloca a equipe diante de um projeto que opera com a lógica de uma plataforma permanente.
É nesse terreno que Bruno Pati, CEO do E-Commerce Brasil, detalha as engrenagens que sustentam o encontro e as escolhas que definem o futuro da marca. Ele lidera um projeto que recebeu 42 mil visitantes, 324 patrocinadores e ocupou cinco pavilhões simultâneos em 2025, marco que descreve como uma experiência transformadora.
Foram 15,9 mil empresas participantes — 37% a mais do que na edição anterior — e 12,7 mil executivos C-level presentes, representando um salto de 42% em relação a 2024. Com 67 mil m² de área ocupada, o Fórum reuniu 780 palestrantes, 37 palcos simultâneos, 334 expositores e movimentou R$ 2,2 bilhões em negócios, superando em 20% a meta prevista pela organização.
“Me deu um nó, ele me deu uma rasteira, porque o Fórum realmente é um projeto maravilhoso e completamente diferente de tudo que eu já havia feito” afirma Pati em participação no Podcast CMO Agenda.

Logística de guerra: os bastidores dos cinco pavilhões simultâneos
A operação do Fórum funciona em um ritmo que se impõe ao time desde o início do planejamento. O aumento contínuo de público, a ampliação do espaço ocupado e a variedade de atividades simultâneas criam um ambiente que exige atenção a cada detalhe.
Essa complexidade ficou ainda mais evidente com a mudança para o Distrito Anhembi. O Fórum superou as previsões da própria organização e ultrapassou a marca de 42 mil participantes, além de registrar crescimento expressivo no número de executivos seniores presentes.
“Nós ocupamos os cinco pavilhões do Distrito. Esperávamos entre 35 e 38 mil pessoas, mas vieram mais de 42 mil. Foi um susto, mas uma surpresa muito grata. O número de C-Levels aumentou absurdamente. O evento cresce de uma maneira sustentável, e isso para mim é uma preocupação como líder de negócio” afirma Pati.
A ampliação territorial do Fórum segue o mesmo ritmo da evolução do público e dos patrocinadores. Depois de ocupar todos os cinco pavilhões do Anhembi, a organização planeja incluir também o centro de convenções em 2026 – o que deve empurrar o projeto para um nível estrutural ainda maior e abrir novas demandas de circulação, montagem e logística.
Da “Pensão Completa” à curadoria
A alimentação é tratada internamente como parte essencial da experiência e funciona em um modelo próprio do evento. A estrutura criada para atender milhares de pessoas ao longo do dia é incomum no mercado e exige fornecedores, logística e cronograma específicos.
“O Fórum é, do ponto de vista da operação de alimentação, uma ‘pensão completa’. Tem alimentação para todo mundo o tempo inteiro. Você chega às 9 horas da manhã no Fórum, e encontra um welcome coffee preparado para 42 mil pessoas. Aí depois tem almoço, tem coquetel e um show maravilhoso de encerramento. É um casamento para 40 mil pessoas”, celebra o CEO.

A curadoria do Fórum opera com uma lógica própria e envolve um ciclo extenso de entrevistas, validações e revisão técnica conduzido por Viviane Villela, Chief Content Officer da E-Commerce Brasil, e um conselho formado por lideranças de mercado. O processo é contínuo e mantém o encontro ancorado em conteúdo aprofundado.
“Nós temos cerca de 22 conselheiros de conteúdo. São presidentes, vice-presidentes, CMOs, empresários, referências do mercado. A Vivi lidera um trabalho monstruoso. Ela fala que para cada ciclo tem entre 400 e 500 horas de entrevistas a palestras. Mesmo um palestrante que gostaríamos de trazer passa por entrevista com a Vivi e com o Conselho. Isso nos dá a garantia de que existe a chancela E-Commerce Brasil”, explica Pati.
O volume total de palestras e ativações transforma a navegação do visitante em um desafio, o que levou o time a criar trilhas, tags e sistemas de orientação que ajudem na escolha do que assistir. Embora admita que é impossível acompanhar tudo, Pati garante que a organização estrutura o conteúdo de forma que cada pessoa consiga montar a agenda de acordo com o que foi buscar.
Os patrocinadores também passaram a desenvolver experiências próprias dentro de seus estandes, o que cria uma dinâmica paralela de disseminação de conhecimento. O E-Commerce Brasil encara esse movimento como parte natural do formato.
“Existe uma competição saudável nesse sentido. Por vezes, um patrocinador leva conteúdos que atraem uma atenção maior do que está acontecendo na plenária do lado de lá. Mérito deles. E tudo acontece de uma maneira orgânica. Todo mundo ganha”, afirma Pati.
Estratégia 2026: a aposta em verticais — Luxo, Farma, Indústria
A partir de 2026, o E-Commerce Brasil passa a operar de forma segmentada, com verticais dedicadas a setores estratégicos. O Fórum segue como o grande guarda-chuva, mas as iniciativas se multiplicam em formatos específicos para moda e beleza, indústria, luxo, saúde e farma, entre outros.
“Estamos passando por um redesenho. A partir de 2026, verticais de conteúdo e de mercado serão cada vez mais claras para nós e para o mercado. Moda e beleza, indústria, luxo, saúde e farma terão conteúdos personalizados, newsletters específicas, videocasts, eventos próprios. Queremos criar essas verticais porque, no mundo atual, com audiência dividida, a pergunta que fica é: qual fonte é confiável?”, questiona o CEO.

O novo desenho amplia o raio de atuação da empresa, que trabalha com quase vinte entregas previstas entre eventos setoriais, encontros regionais, iniciativas internacionais e uma nova sede com auditório modular. O objetivo é aprofundar a relação com públicos específicos e consolidar a marca como referência permanente na formação e atualização da economia digital brasileira.
A definição dos segmentos leva em conta maturidade, potencial de desenvolvimento e aderência às necessidades reais do mercado. “Foi um pouco de tudo: estudos, tamanho de mercado, conversas com patrocinadores, pesquisas com a audiência. Somos muito próximos aos mercados. Não seguimos hype. Procuramos setores com maturidade e caminho real de crescimento” finaliza Pati.
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