Concorrência acirrada, produtos similares e consumidores cada vez menos fiéis: essas são algumas das características que descrevem o chamado oceano vermelho, um cenário que exige estratégias criativas de sobrevivência.
Nem mesmo empresas já consolidadas no mercado escapam dos efeitos deste fenômeno, Erros comuns podem condenar negócios à irrelevância, e players tradicionais precisam aprender novas lições sobre diferenciação, inovação e comunicação clara.
Estes foram os pilares abordados por Renato Winning, Brand & Marketing Director da Aramis, Estevão Paiva, Gerente Executivo de Marketing e Comunicação da Supergasbras, e Fernando Cesário, CMO da ESPM, na roundtable “Oceano vermelho: Como marcas podem brilhar em mercados altamente competitivos e maduros”, parte do CMO Summit 2025.
Em mercados maduros, a comunicação é o elo que transforma os diferenciais de uma marca em valor percebido. Neste contexto, o conceito de comunicação humanizada ganha significativa relevância. “Cuidar das pessoas é o norte da companhia. Por isso, trabalhamos com influenciadores populares, receitas simples e histórias reais, para que o consumidor se reconheça em nós”, disse Paiva.
A Aramis também aposta na criatividade como motor de diferenciação. “Não basta falar de produto. Precisamos nos inserir nas conversas culturais, ajudar o homem contemporâneo a se reinventar e, com isso, reforçar nossa relevância”, afirmou Winning.

Erros que levam à ruína
Erros nunca são bem-vindos, mas, invariavelmente, eles acontecem. A questão é que algumas falhas comprometem mais do que outras – principalmente as que podem ser evitadas. Ignorar as mudanças de comportamento do consumidor, por exemplo, é um equívoco grave para empresas inseridas em um oceano vermelho.
“Um bom posicionamento pode até ter uma base sólida, mas ele precisa ser revisado de tempos em tempos. É necessário atualizar o discurso, atualizar a prática e, para isso, é preciso acompanhar de perto o que está acontecendo no mundo. Se deixamos de ouvir, de conversar e de entender essas transformações, corremos o risco de datar a marca e perder relevância” advertiu Winning.

No setor de energia, o desafio é outro. Paiva lembrou que a armadilha das empresas de commodities é acreditar que não precisam de comunicação. “Se você para de investir em comunicação de marca, no curto prazo pode parecer que nada muda, porque o produto continua vendendo. Mas, depois de alguns meses, o consumidor já não se lembra de você. Esse é um risco enorme”, disse.
Já a trajetória de autoridade da ESPM no setor de educação confirma que a inconsistência é um veneno para marcas que tentam se manter de pé no oceano vermelho. Autoridade em Marketing, a instituição se orgulha de saber exatamente quem é e onde – e como – pode gerar valor para os estudantes.
“Não dá para mudar toda hora. Quando isso acontece, a marca perde consistência e fica esquizofrênica. E uma marca esquizofrênica nasce morta. Se ela não sabe para onde vai, inevitavelmente desaparecerá. Eu acredito que é preciso ter clareza de filosofia e convicção no que se defende. Quando acreditamos de verdade em um caminho, seguimos em frente com os ônus e os bônus. Em alguns pontos pode até haver perda, mas, no fim, o que se ganha é aquilo que realmente faz sentido para o negócio”, disse Cesário.

Diferenciação como estratégia vital
Se errar custa caro, a diferenciação é o caminho para sobreviver em oceanos vermelhos. Para isso, a Aramis aposta na relevância cultural, aproximando-se emocionalmente de seus clientes. “O mercado de moda masculina é fragmentado e de baixa lealdade. Por isso, precisamos ir além do produto. A conexão emocional é o que nos permite ser lembrados”, destacou Renato.
A construção dos elos conectivos segue uma linha objetiva clara: encantar consumidores com boas histórias e boa comunicação. Pensando nisso, no ano passado, a Aramis refez todo o planejamento de marca para consolidar um novo olhar estratégico, voltado para a construção de uma identidade pautada pela presenteabilidade.
“Marcas premium precisam ser uma opção desejada para presentear. Quando construímos essa associação, trabalhamos também o indicador de desejo — que, no universo de moda e beleza, é essencial para gerar recompra, fidelização e lealdade. Definir presenteabilidade como território estratégico abriu para nós uma jornada muito potente de diferenciação. Isso nos levou a buscar cada vez mais narrativas com propósito e impacto, sempre com a criatividade no centro”, acrescentou o executivo.
Na Supergasbras, a experiência do cliente se tornou o centro da estratégia. Todo o escopo estratégico que abrange a relação com o consumidor, desde a chegada do entregador à linguagem das campanhas, foi criado para reforçar a proximidade e a confiança na marca. Em um mercado em que a “troca de marca pode acontecer em um segundo”, o processo vai além de melhorar resultados ou a percepção do produto e depende de formas criativas de gerar lembrança e construir lealdade.
“É comum ouvir falar de experiência do cliente, quase como um clichê do Marketing, mas acredito que, em setores como o nosso, essa discussão é ainda mais essencial. Nosso produto é o mesmo há 78 anos. Por isso, precisamos pensar no que está ao redor dele. Por isso, trabalhamos todos os dias para que a experiência do cliente seja a melhor possível, em todos os canais, do Marketing até o atendimento na ponta”, disse Paiva.

Já a ESPM trabalha para despertar o desejo antes mesmo da escolha pela instituição. A ideia é mostrar que a instituição está pronta para apoiar o cliente durante uma etapa extremamente importante para o futuro profissional. “O aluno não sonha com a nossa marca primeiro, mas com a carreira que deseja seguir. Nosso papel é ligar esse sonho à nossa proposta de formação”, explicou Fernando.
Inovação como atestado de sobrevivência
Inovar não significa, necessariamente, romper com estruturas já existentes. A Supergasbras exemplificou com iniciativas simples, mas eficazes. “Lançamos o Sempre Gás, um aplicativo que permite saber quando o botijão está acabando. É uma dor do consumidor resolvida com tecnologia. Isso é inovação”, contou o executivo.
Na Aramis, a inovação assume duas frentes. De um lado, movimentos disruptivos, como a criação da marca Urban, focada em roupas de alta performance com materiais avançados, como o grafeno. De outro, avanços incrementais, como a entrada no segmento infantil. “São formas diferentes de inovar, mas ambas sustentam nossa estratégia de crescimento”, disse o diretor.

Em mercados maduros, a comunicação é o elo que transforma diferenciais em valor percebido. Neste contexto, um termo aparece com significativa relevância: a humanização da comunicação. “Cuidar das pessoas é o norte da companhia. Por isso trabalhamos com influenciadores populares, receitas simples e histórias reais, para que o consumidor se reconheça em nós”, disse o executivo.
Na educação, disrupção e incrementalismo aparecem na reversão de rever matrizes curriculares reformuladas para responder às novas demandas do mercado. Além disso, a ESPM investe em campanhas que fogem do padrão da comunicação educacional. “Queremos causar estranheza. Em um oceano vermelho, provocar desconforto faz parte do jogo para ser lembrado”, encerrou Cesário.
Leia também: IA redefine jornada de compra e exige novas estratégias de reputação digital
COMPARTILHAR ESSE POST







