Pensar em economia circular no Brasil ainda é um grande desafio. E tudo começa quando refletimos sobre a coleta de lixo. Segundo a Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema), o país ainda tem cerca de 3 mil lixões ativos. E isso significa que quase 40% dos resíduos coletados são descartados de forma ambientalmente inadequada. Em muitos casos, sequer há um processo regular, já que 1 a cada 11 brasileiros não tem acesso à coleta de lixo, o que torna o recolhimento do reciclável ainda mais distante.
Mas além da falta de infraestrutura básica para reciclagem, existe a questão de terceirizarmos o problema. É comum ouvirmos que a responsabilidade é apenas do cenário atual, das empresas, da indústria e do governo. Contudo, é fundamental entendermos que a gestão dos resíduos é um desafio coletivo, ou seja, todos temos papéis importantes na hora de alcançar uma economia circular mais presente – tanto quando estamos no nosso ambiente familiar, como também em nossa atuação profissional.

Entender a cadeia pós-consumo
Na nossa atuação profissional, algo que pode ser um grande gargalo para a circularidade é a falta de entendimento sobre a cadeia pós-consumo. Desenvolver um produto significa pensar em maneiras de viabilizar a reciclagem ou a redução dos impactos ambientais da embalagem. E isso deve estar presente desde o briefing do projeto. Mas como fazer isso? A resposta é olhar além dos índices genéricos de reciclagem.
A pergunta que realmente importa no momento inicial do projeto é: a embalagem é reciclável de verdade? E, caso não, o que precisa ser feito para que seja? Sim, talvez seja necessário revisar totalmente o briefing. Digo isso, pois, dificilmente será possível fazer um produto diferente se mantivermos os requisitos de sempre, sem mudar nada. Sim, realmente é um desafio, mas há caminhos possíveis.
Um deles é entender que o consumidor precisa estar envolvido com o processo de circularidade, já que, sem ele, a solução perde força. Um exemplo é o uso de refil flexível. Hoje, a solução é impulsionada especialmente pela redução de material e custo. Isso já é um começo, contudo, ainda é preciso avançar — adotando soluções monomateriais que facilitem a reciclagem e buscando soluções que melhorem a experiência de consumo, especialmente no momento em que o consumidor fizer a refilagem do produto.
Quando empresas conseguem criar melhores experiência de uso e consumo com custos competitivos, a tendência é o interesse desta solução escalar ainda mais. O que, consequentemente, aumentará as vendas e, por conta de uma maior escala, reduzirá os custos.

E, com o objetivo de ajudar o mercado a avançar na implementação de melhores soluções para refil, o Cazoolo - Lab de Design de embalagens circulares da Braskem – teve o exercício de repensar as embalagens. Isso incluiu criar um stand up pouch refil com excelente experiência de refilagem e que se tornou uma solução competitiva. Posso dizer com segurança sobre o tema: dá trabalho, mas é possível alcançar um resultado potente e circular. E este tipo de projeto reforça uma crença que possuo: se por um lado o desafio é grande, desenvolver projetos com direcional de circularidade tem um grande potencial de gerar diferenciação para sua empresa.
Foco nas possibilidades
Volto agora ao ponto inicial da nossa conversa: pensar na circularidade de um produto é algo desafiador, mas totalmente possível. E isso significa incluir o tema desde o planejamento do briefing. Além disso, nada melhor do que entender o que acontece na cadeia pós-consumo para trazer esses elementos ao design, ao produto e à comunicação. Contribuir para reduzir os resíduos do planeta é algo que está nas mãos de todos. E começa com uma pergunta simples: o que posso fazer diferente hoje?
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