Recebi do meu sócio um vídeo produzido com recursos de IA, e devidamente assim divulgado, do cantor country americano Johnny Cash, cantando Barbie Girl com aquela sua voz e com seu estilo inconfundíveis. Há quem possa argumentar que a música foi lançada em 1997 e que o cantor, morto em 2003, teria tido tempo de re-gravá-la, mas não, não é o caso. O importante aqui, para mim, é a reflexão sobre o que poderia ter acontecido, se ao invés de divulgar como sendo um vídeo produzido com auxílio de IA, tivessem alardeado que seria a última gravação do ídolo, encontrada numa caixa em seu sótão?
A pergunta aqui é como nós, seres humanos, vamos conseguir distinguir a verdade do fake, em um futuro próximo, quando não será mais tão óbvio quanto o vídeo do Johnny Cash. Quando uma notícia for plausível, como reconhecer se é fato mesmo ou não? Imagine que em pouco tempo, existirão vídeos nos quais a imagem da pessoa terá sido totalmente construída com IA. Ah, mas podemos ver então se está no canal real, oficial e certificado da pessoa: parece um caminho. Mas e se for sobre alguém já falecido, ou se for um dado histórico? E se for uma pequena mudança num vídeo ou áudio, mas que mude completamente o contexto da informação? Quem é que vai certificar tudo isso?
Bem, a própria IA tem sido lapidada também com o uso de GAN - Generative Adversarial Network (muito bem nos explicado neste artigo pelo Caio Camargo), que basicamente são duas redes, interagindo entre si, uma criando conteúdo e a outra avaliando o que foi criado. Será que teremos que criar uma terceira, certificando o que as outras duas produziram? Onde fica a linha fina deste limite?
Será que chegaremos em uma sociedade que não mais confiará em nada que for digital? E retornaremos a um mundo analógico, onde tudo se resolve no “olho no olho”? Ou será que vamos encontrar um meio “imburlável” para garantir a veracidade de cada informação digital?
Agora, mais do que apenas eu refletir sobre o que tenho visto sobre IA, quero saber de você leitor, o que você tem se questionado sobre IA, me conta aqui na rede social!
*Andrea Miranda é Cientista de Computação, com mais de 30 anos de experiência em TI aplicada ao marketing digital e publicidade. Além disso, é cofundadora e CEO da STANDOUT, empresa de trade marketing digital e referência em inteligência no setor. Andrea é reconhecida como Winning Women'21 pela EY e também Top 3 no Empreendedorismo Feminino pela 100 Open Startups.
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